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Ciclistas que correm Volta da França vivem 6 anos mais

Os autores ressaltaram que os participantes da Volta da França fazem parte de um grupo de atletas de elite com boa saúde

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AFP - Agence France-Presse Publicação:04/09/2013 09:33
Eduardo Eirado, Rogério Matos e Rafael Lucyk já participar da prova de ciclismo Volta da França (Edilson Rodrigues/CB/D.A Press - 04/07/2012)
Eduardo Eirado, Rogério Matos e Rafael Lucyk já participar da prova de ciclismo Volta da França
Os ciclistas profissionais que correm na Volta a França vivem, em média, seis anos mais que outros homens que vivem no país. Os resultados surpreendentes foram apresentados esta terça-feira no congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia, celebrado até a quarta-feira em Amsterdã, e se basearam no estudo dos 786 ciclistas franceses que participaram da corrida desde 1947, quando a prova foi retomada após a Segunda Guerra Mundial.

No período estudado (1947-2012) "a mortalidade (por qualquer causa) destes esportistas de alto nível é 41% inferior à do resto dos homens que vivem na França", declarou o professor Jean-François Toussaint, do Instituto de Pesquisa Médica sobre o Esporte (IRMES). Ele é autor do estudo ao lado dos pesquisadores Eloi Marijon e Grégoire Rey.

"Também estudamos o doping ao longo do tempo e não há nenhuma diferença na mortalidade", assegurou o especialista, apesar de admitir que "no período mais recente, desde o começo dos anos 1990, quando se deu a entrada maciça de EPO e do hormônio de crescimento que explodiu com o caso Festina e a confissão de Lance Armstrong, não há perspectiva suficiente de longo prazo".

"Por enquanto, não há um impacto mensurável" na última geração de atletas, "daí a necessidade de continuar o estudo".

Os franceses representam 30% de todos os participantes do "Tour" que terminaram pelo menos uma vez a corrida ciclística.

Do total de ciclistas estudados (786), morreram em 1º de setembro de 2012, 208 (26%). Destes, dois terços morreram de câncer ou doenças cardiovasculares, segundo os autores do estudo, que admitiram desconhecer todas as causas de mortes desde 1968.

No total, a expectativa de vida destes ciclistas foi, em média, 6,3 anos superior ao do resto da população masculina.

"Este aumento na expectativa de vida é válido para todas as faixas etárias, exceto para os menores de 30 anos, que têm a mesma taxa de mortalidade que o resto da população", em consequência dos riscos traumáticos (acidentes, quedas, etc.), destacou Toussaint.

No entanto, os autores ressaltaram que os participantes da Volta da França fazem parte de um grupo de atletas de elite com boa saúde.

Segundo autores do estudo, o resultado se explica pela relação entre a forma física e a expectativa de vida: muitos corredores continuam praticando o esporte após sua aposentadoria como profissionais e poucos fumam.

Faltaria determinar a existência de alguma predisposição genética que prolongue a vida destes atletas.

Os efeitos potenciais do doping foram analisados medindo-se a taxa de mortalidade em diferentes períodos - dos anos 1950-1960 (época do auge das anfetaminas) aos anos 1970-1980 (esteroides anabolizantes) - e a conclusão foi de que a mortalidade não variou.

Apesar das novas formas de doping surgidas nas últimas duas décadas (EPO e hormônio do crescimento), a longevidade dos esportistas franceses tampouco diminuiu, apesar de os cientistas terem advertido ser impossível estimar o tempo de vida dos ciclistas no último período.

Segundo Toussaint, agora seria preciso confirmar os resultados do estudo fazendo uma pesquisa similar com ciclistas de outros países.
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