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Especialistas dão dicas para reduzir o estresse dos bichos nas visitas ao veterinário

Quanto mais novo o pet mais trabalho para o médico

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Correio Braziliense Publicação:21/03/2015 10:00Atualização:21/03/2015 14:51
Com medo de uma vacina, o shitzu Hachi chegou a morder Ana Lúcia, mãe do veterinário Rafael Souza  (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Com medo de uma vacina, o shitzu Hachi chegou a morder Ana Lúcia, mãe do veterinário Rafael Souza
Ninguém gosta de ir ao médico. Muito menos os pets. O estresse causado durante uma consulta ao veterinário, muitas vezes, gera consequências futuras. O bicho pode ficar em pânico e demonstrar vários tipos de comportamentos anormais — desde fazer xixi a atacar as pessoas. “Geralmente, o medo vem de algum trauma, uma internação, ter ficado longe do dono ou até mesmo maus-tratos”, explica o adestrador Francisco Júnior. Ainda segundo o profissional, é preciso fazer um treinamento para recuperar o bem-estar emocional da mascote.

Mas nem sempre a recuperação de algum trauma é fácil. “O treinamento é complicado porque, muitas vezes, não sabemos a origem”, explica o adestrador. Normalmente, o trabalho é focado na ressocialização do animal. “Quando um cão tem medo do banho no pet shop, a gente coloca outro cachorro tranquilo ao lado tomando banho também. Assim, o animal associa aquela imagem como um momento sereno e se acalma”, explica. Francisco Júnior também diz que o mesmo procedimento pode ser feito com a roupa de veterinário — caso o animal tenha medo do profissional. “A gente pode colocar um jaleco e brincar com o cachorro, mostrando para ele que aquela pode ser uma situação boa.”

O border collie Zico tem apenas 9 meses e não gosta nem um pouco das visitas ao pet shop. “Já aconteceu de ele fazer xixi dentro do consultório de tão nervoso”, conta a dona do animal, Clarissa Lemgruber. Desde que nasceu, o cão sempre se consulta com o mesmo profissional — o veterinário Emanuel Quintela. Mesmo assim, ainda não se acostumou. “Para segurá-lo, precisava de várias pessoas”, conta.

O cachorro ainda tem outros medos. “Ele é medroso em casa também. Não gosta da chuva, dos barulhos e, principalmente, do veterinário”, conta a dona do animal. Atualmente, ela passa pelo adestramento para socialização. Zico apresenta melhoras, mas, segundo a tutora, ainda vai precisar de mais aulas. “Ele é muito inseguro e apegado a mim e ao meu pai”, explica.
Zico costumava ficar assustado durantes as consultas: treinamento para se tranquilizar  (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Zico costumava ficar assustado durantes as consultas: treinamento para se tranquilizar

Os pequenos são geniosos. O temperamento do animal depende muito do ambiente de casa. Mas os menores têm como característica serem mais tempestuosos. “Eles são muito bravos. Costumam ficar muito no colo, dentro de casa, e, por isso, acreditam que têm mais direitos e ficam agressivos em um consultório”, explica o adestrador Francisco Júnior. Esse é o caso de Nick, um yorkshire de 8 anos. “O Nick é muito ligado à dona, então, se ela saísse de perto dele no momento da vacina, ele ficava completamente descontrolado”, conta o veterinário Rafael Souza — que atende o animal há um ano.

Hoje mais comportado, Nick latia e mordia antes das vacinas  (Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Hoje mais comportado, Nick latia e mordia antes das vacinas
Dona do bichinho, a estudante Alice Soares, 18 anos, confirma que ele costuma dar muito trabalho. “Sempre foi muito desconfiado. Ele mordia, latia, arrancava a coleira”, conta. Segundo a jovem, ter um veterinário fixo surtiu efeito positivo. “Ele pegou confiança”, afirma. Atualmente, o pequeno já vem se comportando bem durante as visitas.”

O médico veterinário Rafael Souza atesta que os menores realmente dão mais trabalho. “Se tiverem que fazer um tratamento, por exemplo, os cães pequenos tendem a se revoltar mais. Eles são mais mimados e apegados aos donos”, afirma. Hachi é um shitzu de 4 anos que chegou a morder o pescoço da mãe do veterinário, Ana Lúcia Souza. “Aconteceu quando eu ia dar uma vacina nele. A minha mãe estava com ele no colo e eu fui aplicar uma injeção por trás, aí ele a atacou”, conta.

“Ele também já mordeu uma pessoa do banho e tosa”, afirma a dona do animal, Sandra Freitas, 53 anos, aposentada. O cachorro melhorou naturalmente o comportamento, quando pegou confiança nas pessoas da clínica. A tutora do animal conta que, em outros consultórios, o cãozinho não era tão bem tratado. “Alguns veterinários pegavam ele com muita força para vacinar. Isso contribuiu para que ele ficasse estressado”, afirma. Além disso, a aposentada garante que o tratamento que Hachi recebe agora é fundamental para aplacar o medo dele. “Toda vez que ele vai lá, é uma festa. Tem petisco, dão carinho e atenção”, conta.

Rafael Souza dá dicas para evitar conflitos. “A pessoa tem consciência do temperamento do animal. Se sabe que ele é mais agitado e menos social, pode ligar antes para saber se haverá outros animais na clínica”, explica. Passear com a mascote antes da visita ao consultório também pode ser positivo. Assim, o bicho chega mais relaxado para as consultas.

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