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Hora de malhar o cérebro

Ginástica cerebral é a nova vedete do momento, mas é preciso estar atento para o que ela realmente é capaz

Rafael Campos - Redação Publicação:25/02/2013 16:16Atualização:25/02/2013 16:34

Talita Mary, terapeuta ocupacional: treinos cognitivos não são aconselhados para pessoas em estado avançado de demência  (Júnia Garrido/ Encontro)
Talita Mary, terapeuta ocupacional: treinos cognitivos não são aconselhados para pessoas em estado avançado de demência
 

A belo-horizontina Silvana Gonçalves, de 42 anos, inscreveu-se em um concurso público há 10 anos. O calhamaço de páginas com o conteúdo da prova não a animou muito, consequentemente a vaga de servidora lhe parecia um tanto distante. Resultado? Buscou ajuda de uma terapeuta ocupacional especializada em estimulação cognitiva, conhecida como ginástica cerebral. Bastaram 10 sessões de uma hora e meia cada, para que Silvana recuperasse a autoestima e a esperança de passar ilesa pelo processo seletivo. “Não só fui aprovada, como a utilizo até hoje no meu dia a dia. Minha concentração e a capacidade de raciocínio melhoraram bastante”, revela.  

Apesar de ser uma das áreas mais estudadas da mente humana, a memória ainda está envolta em mistério. O que se sabe é que, sendo estimulados, os neurônios aumentam a frequência de sinapses (ligações entre neurônios), e assim a capacidade de raciocínio e  de armazenar informações são aperfeiçoadas. Foi o que aconteceu com a servidora pública Silvana Gonçalves. E é o que promete a ginástica cerebral.

A terapeuta ocupacional Talita Mary, formada pela UFMG, há 11 anos dedica a maior parte de seu tempo ao estímulo cognitivo de seus pacientes. “É uma técnica que utiliza atividades diversas, como jogos, palavras cruzadas e caça-palavras, além da leitura, que irão melhorar a capacidade de atenção, a criatividade e o raciocínio”, explica. Entre os alunos de Tânia estão jovens, adultos e idosos. “Os treinos são realizados depois da avaliação que faço com cada uma das pessoas, mas não são aconselhados para idosos em estado avançado de demência”.

A professora revela algumas dicas que podem melhorar a qualidade de vida cerebral: “É importante que as pessoas estabeleçam uma rotina com horários bem definidos; ao mesmo tempo, é de suma importância que a novidade sempre esteja presente no cotidiano”. Segundo Talita Mary, mudanças simples fazem bem para o cérebro, que tem no novo um combustível. “Mudar o caminho que faz para o trabalho ou para a casa, por exemplo, é uma ótima atitude”.

Silvana Gonçalves: 'Minha concentração e a capacidade de raciocínio melhoraram bastante' (Eugênio Gurgel/ Encontro)
Silvana Gonçalves: "Minha concentração e a
capacidade de raciocínio melhoraram
bastante"
O tema tem ganhado destaque nos últimos anos, tanto que, em 2005, uma instituição especializada no assunto foi criada em São José dos Campos (SP), hoje com mais de 40 franquias espalhadas pelo país. Em fevereiro, inaugura-se sua primeira unidade em Belo Horizonte. Atualmente, a escola conta com cerca de 10 mil alunos, no total nacional. “O Supera surgiu a partir da dificuldade que meu filho tinha para aprender. Conheci uma técnica no Japão que veio da China, o ábaco, instrumento utilizado para fazer cálculos. Fiquei impressionado com aquilo. Trouxe uma equipe especializada formada por pedagogos e professores. Levamos dois anos para desenvolver o método que aplicamos”, explica Antônio Carlos Perpétuo, de 50 anos, engenheiro e idealizador da Supera Instituto de Educação. “Não inventamos nada, apenas reunimos as técnicas e elaboramos um método para trabalhar com nossos alunos”, diz.

O neurologista da Faculdade de Medicina da UFMG, Paulo Caramelli, enxerga alguns benefícios nos treinos cognitivos, mas alerta para o cuidado com que deve ser tratado o assunto. Segundo ele, é preciso saber o limite entre o verdadeiro potencial dos exercícios. “Já sabemos que pessoas com uma atividade intelectual mais complexa e diversa têm reserva cerebral ou cognitiva maior que as outras. Isso explica por que pessoas com grau de escolaridade maior têm menos chance de desenvolver o mal de Alzheimer”, explica.

O especialista lembra um estudo feito ano passado pelo instituto norte-americano de saúde: “A conclusão foi que, até o momento, não existe nenhum método reconhecidamente efetivo para prevenir demências, a ponto de ser prescrito para este fim, pelo menos no ponto de vista científico. Por outro lado, o estudo reconhece o potencial benefício de algumas atividades físicas”. O neurologista faz questão de ressaltar que os treinos cognitivos são importantes, mas levar uma vida tranquila, com alimentação saudável, realizando atividades físicas ainda é a chave para uma vida longa e sadia. Mente sã, corpo são.

 

HORA DE ESTIMULAR O CÉREBRO...

 (iStock)
Motive-se. Nossa memória se alimenta de motivação;


Olho no relógio.
Estabeleça uma rotina diária de tarefa;


Nada de ficar de pernas para o ar. Opte por palavras cruzadas, leitura, escrita ou a atividade com a qual tenha mais afinidade;


Mude.
Use relógio no braço em que você não tem costume de usar
Mais amigos. Procure novas amizades. O cérebro se alimenta de novidade

 

Fonte: Dr. Paulo Caramelli, neurologista da Faculdade de Medicina da UFMG

 

 

 

 

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