Hora de malhar o cérebro
Ginástica cerebral é a nova vedete do momento, mas é preciso estar atento para o que ela realmente é capaz
A belo-horizontina Silvana Gonçalves, de 42 anos, inscreveu-se em um concurso público há 10 anos. O calhamaço de páginas com o conteúdo da prova não a animou muito, consequentemente a vaga de servidora lhe parecia um tanto distante. Resultado? Buscou ajuda de uma terapeuta ocupacional especializada em estimulação cognitiva, conhecida como ginástica cerebral. Bastaram 10 sessões de uma hora e meia cada, para que Silvana recuperasse a autoestima e a esperança de passar ilesa pelo processo seletivo. “Não só fui aprovada, como a utilizo até hoje no meu dia a dia. Minha concentração e a capacidade de raciocínio melhoraram bastante”, revela.
Apesar de ser uma das áreas mais estudadas da mente humana, a memória ainda está envolta em mistério. O que se sabe é que, sendo estimulados, os neurônios aumentam a frequência de sinapses (ligações entre neurônios), e assim a capacidade de raciocínio e de armazenar informações são aperfeiçoadas. Foi o que aconteceu com a servidora pública Silvana Gonçalves. E é o que promete a ginástica cerebral.
A terapeuta ocupacional Talita Mary, formada pela UFMG, há 11 anos dedica a maior parte de seu tempo ao estímulo cognitivo de seus pacientes. “É uma técnica que utiliza atividades diversas, como jogos, palavras cruzadas e caça-palavras, além da leitura, que irão melhorar a capacidade de atenção, a criatividade e o raciocínio”, explica. Entre os alunos de Tânia estão jovens, adultos e idosos. “Os treinos são realizados depois da avaliação que faço com cada uma das pessoas, mas não são aconselhados para idosos em estado avançado de demência”.
A professora revela algumas dicas que podem melhorar a qualidade de vida cerebral: “É importante que as pessoas estabeleçam uma rotina com horários bem definidos; ao mesmo tempo, é de suma importância que a novidade sempre esteja presente no cotidiano”. Segundo Talita Mary, mudanças simples fazem bem para o cérebro, que tem no novo um combustível. “Mudar o caminho que faz para o trabalho ou para a casa, por exemplo, é uma ótima atitude”.
HORA DE ESTIMULAR O CÉREBRO...
Olho no relógio. Estabeleça uma rotina diária de tarefa;
Nada de ficar de pernas para o ar. Opte por palavras cruzadas, leitura, escrita ou a atividade com a qual tenha mais afinidade;
Mude. Use relógio no braço em que você não tem costume de usar
Mais amigos. Procure novas amizades. O cérebro se alimenta de novidade
Fonte: Dr. Paulo Caramelli, neurologista da Faculdade de Medicina da UFMG