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Saúde »

Quanto menos, melhor

Recomendações médicas em relação ao sal ficam cada vez mais rigorosas. Saiba como e por que você deve reduzir seu consumo diário

Ana Helena Miranda - Redação Publicação:03/06/2013 15:40Atualização:03/06/2013 16:03

Organização Mundial da Saúde baixou o consumo diário do sal de cozinha de 6g para 5g como forma de conter o aumento no número de doenças do coração (Geraldo Goulart/ Encontro/ DA Press)
Organização Mundial da Saúde baixou o
consumo diário do sal de cozinha de
6g para 5g como forma de conter o
aumento no número de doenças do
coração
O consumo de sal é um hábito que remonta à antiguidade. O mineral, que funcionava como moeda de troca, era símbolo de poder e status. A palavra salário, por exemplo, em latim significa “pagamento com sal”.  No século XVII, sentar-se à mesa perto do saleiro também era sinal de prestígio. Outra função importante era a conservação dos alimentos. Sem energia elétrica, o sal era o produto ideal para aumentar a durabilidade das carnes. Hoje, porém, ele passou de mocinho a vilão. Recentemente, a Organização Mundial de Saúde reduziu seu consumo de seis para cinco gramas por dia. Já a Sociedade Brasileira de Cardiologia é ainda mais restritiva e aconselha o consumo de apenas quatro gramas. Uma meta audaciosa para a população brasileira, que consome em média de 12 a 15g diários de sal. A medida tem como principal objetivo controlar um dos mais perigosos males da humanidade: a hipertensão.

Em cada grama de sal, há 400 miligramas de sódio. O restante é composto pelo cloro, substância que não prejudica o organismo. Quando digerido, uma parte do sal se transforma em impulsos nervosos que seguem rumo ao cérebro e a outra cai na corrente sanguínea, com o objetivo de regular a pressão arterial.  Quando há excesso do mineral na circulação, a tendência é reter mais líquido. “Com o aumento de líquido no corpo, seu coração tem que fazer um esforço maior para bombear o sangue, o que aumenta a pressão arterial”, explica a nutricionista Ermelinda Lara. A hipertensão pode causar infarto, acidente vascular cerebral, mau funcionamento dos rins, lesão ocular e até demência. No entanto, consumir muito sal não implica obrigatoriamente aumento da pressão arterial. Tudo depende do organismo de cada indivíduo. “Há pessoas sensíveis e não sensíveis ao sal. É uma questão genética”, esclarece o diretor da Sociedade Mineira de Cardiologia, José Maria Peixoto. O aconselhável é visitar seu médico periodicamente, já que a hipertensão é uma doença assintomática. “Os mais sensíveis ao sal, quando expostos ao seu consumo excessivo, correm um risco cinco vezes maior de desenvolver a hipertensão”, completa o cardiologista.

Beethoven de Souza, técnico em informática, teve de mudar hábitos alimentares depois de um cateterismo: 'Evito produtos industrializados, como enlatados e biscoitos' (Geraldo Goulart/ Encontro/ DA Press)
Beethoven de Souza, técnico em informática,
teve de mudar hábitos alimentares
depois de um cateterismo: "Evito produtos
industrializados, como enlatados e biscoitos"
O técnico de informática Beethoven Souza, 50 anos, se viu de frente com o problema da hipertensão depois do infarto de sua mãe. Mesmo com aconselhamento médico, que o alertou sobre a prevalência da hereditariedade na questão da doença, Beethoven só tomou providências anos depois, quando passou mal no trabalho. “Comecei a sentir dores no peito e dormências na ponta dos dedos da mão esquerda. No dia seguinte, com meu braço esquerdo completamente dormente, fui ao hospital fazer uma série de exames”, conta. O resultado foi uma cirurgia de cateterismo, em que duas artérias foram desobstruídas e uma mudança radical nos hábitos alimentares do técnico de informática, incluindo a diminuição de produtos que levam muito sal, como as bolachas e os produtos que levam muitos conservantes, como salsicha e azeitona. “Cortei carne vermelha e dei preferência a frangos e peixes sem pele, assados, cozidos ou grelhados, nunca fritos. Também evito alimentos industrializados, como enlatados e biscoitos”, diz.

Para a nutricionista Ermelinda Lara, cortar os alimentos industrializados do cardápio é a saída para evitar o consumo excessivo de sal. “Se você se alimenta de uma comida muito temperada, suas papilas gustativas se acostumam com sabores fortes e a tendência é comer quantidades maiores desses alimentos”, explica. “Temos que aprender a ingerir menos produtos industrializados e mais produtos naturais, que é uma forma de você comer mais verduras, mais legumes, mais frutas”, ressalta a nutricionista. É preciso ficar atento não só à quantidade de sódio indicada nas embalagens, mas também ao glutamato monossódico, substância conservante que não salga os alimentos e também contém grande concentração de sódio. “Ele mascara o sabor dos alimentos e aumenta a sua durabilidade”, diz Ermelinda. Portanto, quanto maior o prazo de validade de um produto, maior a quantidade de sódio. E quanto maior a quantidade de sódio, menor a qualidade das matérias-primas usadas nos alimentos.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia defende, inclusive, a mudança nos rótulos dos produtos, que passariam a conter a quantidade de sal, e não a de sódio. Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução que obriga as propagandas da indústria alimentícia a alertarem os consumidores sobre o risco de substâncias como sódio, açúcar e gorduras saturadas e trans nos alimentos. O importante é abolir o sal da alimentação. Para isso, a nutricionista aconselha: “Não colocar o saleiro na mesa, acostumar-se com o sabor natural dos alimentos e temperar a salada com azeite e limão são algumas das atitudes que podemos tomar para diminuir o consumo do sal”. Outro alimento importante segundo Ermelinda Lara são as castanhas oleaginosas, como castanha-do-Brasil, noz-macadâmia, avelã, amêndoa e castanha-de-caju: “Elas são ricas em ômega 3, selênio e zinco, antioxidantes poderosíssimos”.

 SERVIÇO:

 

Alimentos com excesso de sal

 

- Temperos prontos em tabletes

- Biscoitos temperados, como os recheados de queijo 

- Sanduíches de fast-food

- Salgadinhos do tipo chips

- Enlatados, como milho-verde e azeitona

- Macarrão instantâneo

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