Quanto menos, melhor
Recomendações médicas em relação ao sal ficam cada vez mais rigorosas. Saiba como e por que você deve reduzir seu consumo diário
Em cada grama de sal, há 400 miligramas de sódio. O restante é composto pelo cloro, substância que não prejudica o organismo. Quando digerido, uma parte do sal se transforma em impulsos nervosos que seguem rumo ao cérebro e a outra cai na corrente sanguínea, com o objetivo de regular a pressão arterial. Quando há excesso do mineral na circulação, a tendência é reter mais líquido. “Com o aumento de líquido no corpo, seu coração tem que fazer um esforço maior para bombear o sangue, o que aumenta a pressão arterial”, explica a nutricionista Ermelinda Lara. A hipertensão pode causar infarto, acidente vascular cerebral, mau funcionamento dos rins, lesão ocular e até demência. No entanto, consumir muito sal não implica obrigatoriamente aumento da pressão arterial. Tudo depende do organismo de cada indivíduo. “Há pessoas sensíveis e não sensíveis ao sal. É uma questão genética”, esclarece o diretor da Sociedade Mineira de Cardiologia, José Maria Peixoto. O aconselhável é visitar seu médico periodicamente, já que a hipertensão é uma doença assintomática. “Os mais sensíveis ao sal, quando expostos ao seu consumo excessivo, correm um risco cinco vezes maior de desenvolver a hipertensão”, completa o cardiologista.
Para a nutricionista Ermelinda Lara, cortar os alimentos industrializados do cardápio é a saída para evitar o consumo excessivo de sal. “Se você se alimenta de uma comida muito temperada, suas papilas gustativas se acostumam com sabores fortes e a tendência é comer quantidades maiores desses alimentos”, explica. “Temos que aprender a ingerir menos produtos industrializados e mais produtos naturais, que é uma forma de você comer mais verduras, mais legumes, mais frutas”, ressalta a nutricionista. É preciso ficar atento não só à quantidade de sódio indicada nas embalagens, mas também ao glutamato monossódico, substância conservante que não salga os alimentos e também contém grande concentração de sódio. “Ele mascara o sabor dos alimentos e aumenta a sua durabilidade”, diz Ermelinda. Portanto, quanto maior o prazo de validade de um produto, maior a quantidade de sódio. E quanto maior a quantidade de sódio, menor a qualidade das matérias-primas usadas nos alimentos.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia defende, inclusive, a mudança nos rótulos dos produtos, que passariam a conter a quantidade de sal, e não a de sódio. Recentemente, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou resolução que obriga as propagandas da indústria alimentícia a alertarem os consumidores sobre o risco de substâncias como sódio, açúcar e gorduras saturadas e trans nos alimentos. O importante é abolir o sal da alimentação. Para isso, a nutricionista aconselha: “Não colocar o saleiro na mesa, acostumar-se com o sabor natural dos alimentos e temperar a salada com azeite e limão são algumas das atitudes que podemos tomar para diminuir o consumo do sal”. Outro alimento importante segundo Ermelinda Lara são as castanhas oleaginosas, como castanha-do-Brasil, noz-macadâmia, avelã, amêndoa e castanha-de-caju: “Elas são ricas em ômega 3, selênio e zinco, antioxidantes poderosíssimos”.
SERVIÇO:
Alimentos com excesso de sal
- Temperos prontos em tabletes
- Biscoitos temperados, como os recheados de queijo
- Sanduíches de fast-food
- Salgadinhos do tipo chips
- Enlatados, como milho-verde e azeitona
- Macarrão instantâneo