Ele era jogador de futebol, com 1,75m de altura, pesava 68 kg. Ela tinha o hábito de correr, jogar vôlei e pesava 57 kg, distribuídos em 1,65m de altura. Ambos nunca pensaram que engordariam até que... casaram. Essa é uma história comum a muita gente que, depois que encontram o par perfeito, relaxam e os quilinhos a mais surgem logo nos primeiros anos de casados. Isso, obviamente, não é uma regra, mas é bem comum ouvir relatos de pessoas que viram os dígitos da balança subirem depois do “sim”. 

O casal em questão é Danilo Costa, de 24 anos, e Danielle Paiva, de 23. Juntos há 4 anos, eles viram seus corpos, antes sarados, mudarem junto com suas rotinas. “A responsabilidade de assumir uma família fez com que nossos hábitos mudassem drasticamente. Hoje, praticamente não faço exercícios físicos”, afirma Danilo. O ex. atleta virou funcionário público justamente pela estabilidade da nova carreira. Ele e Danielle são pais de Pietro, de 3 anos. A chegada do filho fez com que repensassem a vida deles e na lista de prioridades, as atividades físicas ficaram de fora. “Depois do nascimento do bebê, minha vida passou a girar em torno do bem estar do meu filho. Acabei relaxando, confesso, mas pretendo correr atrás disso”, diz Danielle. Ela engordou 8 kg em 4 anos e Danilo, 12.

Para a psicóloga Mabel Pereira, especialista em saúde mental pela UFRJ, essa atitude é bem comum e até aceitável nos primeiros anos de vida do filho. “Mas com o tempo, os pais devem ter a consciência que manter a individualidade é importante também. Essa é uma atitude que reflete na relação com toda a família, afinal, os pais não vivem apenas para servir aos filhos”, afirma.

Entre outros motivos para a alteração no peso de alguns casais, Mabel cita dois: primeiro, a mudança natural que um novo ambiente traz. “Se as pessoas mantinham hábitos saudáveis, isso tende a ser apenas uma fase de adaptação. Com a mudança nas rotinas é comum que os horários das alimentações saiam um pouco do eixo ou que sobre menos tempo para fazer exercícios físicos até o casal se adaptar a nova vida, mas isso logo se resolve”. Há também o caso das pessoas que se esforçavam para manter o peso para conquistar seus parceiros. “A dieta é feita com um objetivo. Se a finalidade era a conquista, depois de casados, muitas vezes isso não faz mais sentido. Mesmo que essa atitude seja tomada inconscientemente”, afirma.

 

Rodrigo Purchio e Roberta Pacheco são o testemunho real que nem todos que casam engordam. Fenômeno nas redes sociais, eles comandam o site Frango com Batata Doce e são seguidos por mais de 150 mil pessoas no Instagram (@FrangoComBatataDoce). O motivo do sucesso: eles dão dicas de alimentação e exercícios para pessoas que querem manter a forma. O site nasceu como um hobby, no espaço eles compartilham suas rotinas de treinos e alimentação. O projeto ganhou proporções inimagináveis e hoje eles contam com uma equipe de colaboradores especialistas em nutrição, culinária, psicologia e educação física.

 

Quem olha as fotos, não imagina, mas uma paixão comum aos dois é a de comer. Para isso, eles adaptam várias receitas às suas dietas, conciliam o prazer de comer com a alimentação saudável e compartilham com os seguidores os experimentos que dão certo. Bolo de fubá proteico, barrinhas de milhos com amêndoas e bolo de quinoa e maçãs são exemplos de receitas que fizeram sucesso no site dos marombeiros autodeclarados.

Para Rodrigo, a parceria com Roberta ajuda ambos a manterem a forma. “Beta e eu antes de namorar já éramos bem amigos e pelo menos três vezes por semana íamos dar uma corrida na praia para colocar o papo em dia. Com ela, a duração da atividade chegava a 1 hora. Sozinho, aos 25 minutos, eu já queria me jogar na frente do primeiro carro”, brinca.

Mabel Pereira defende que, a exemplo de Rodrigo e Roberta, os casais devem incentivar um ao outro a manter hábitos saudáveis. “Encontrar atividades físicas que agradam os dois pode ser um caminho. Gostar de praticar um determinado exercício é importante para que ele não seja abandonado futuramente e entre definitivamente na rotina”, explica. Concordando, porém, que essa é uma tarefa difícil, mas não impossível. “Para que um comportamento se torne um hábito a repetição e a insistência são necessárias”, conclui.