A Seleção Brasileira desembarca em Brasília às 17h desta sexta-feira (11.07) para a disputa do terceiro lugar da Copa do Mundo contra a Holanda. A partida será no sábado (12.07), no Estádio Nacional Mané Garrincha. Ainda não se sabe como a torcida reagirá no retorno do time à capital depois da sofrida derrota para os alemães na semifinal por uma goleada que ficou marcada como o pior resultado da Seleção Brasileira na história. A expectativa, entretanto, é para que o time seja bem-recebido, a exemplo do que ocorreu no dia 14 de julho de 1998.
Naquela data, uma terça-feira, a Seleção Brasileira desembarcou cedo em Brasília, por volta das 7h10, após ter vivido um outro episódio igualmente traumatizante de sua história: a derrota por 3 x 0 para a seleção francesa na final da Copa do Mundo da França.
Após a derrota de 3 x 0 para a seleção francesa, o time do Brasil teve recepção calorosa na capital federal
Na capital, o time seria recebido no Palácio do Planalto e, ao deixarem o avião, os jogadores e a comissão técnica notaram que havia dois carros do Corpo de Bombeiros prontos para levá-los ao encontro com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Assustados e receosos em relação a como os torcedores poderiam reagir após os 3 x 0 para a França, a Seleção Brasileira optou por seguir para o Palácio do Planalto de ônibus, uma decisão que, depois, os jogadores se arrependeriam.
Desde a saída do aeroporto, o trajeto, que passou pelo Eixão Sul e Eixo Monumental, duas das principais vias de Brasília, foi marcado por uma recepção incrivelmente calorosa de cerca de 40 mil pessoas. Naquele dia, os brasilienses foram às ruas para receber com aplausos os vice-campeões mundiais e apoiar o time em um momento de turbulência.
A acolhida foi destaque nos grandes jornais
A maneira como foram tratados impressionou e, acima de tudo, marcou profundamente os jogadores. “Confesso que quando vi o carro (aberto), fiquei com certo medo, pois não sabia como o torcedor iria reagir a uma derrota na final. Depois que saí do aeroporto, me arrependi de ter tido receio de usar o carro aberto. O que foi feito aqui em Brasília emocionou demais a gente. Vários jogadores choraram muito. Foi bem mais marcante para mim do que a nossa recepção em 1994”, declarou o goleiro Taffarel, ao jornal Correio Braziliense naquele dia.
Quem também se pronunciou naquela data foi Dunga, o capitão do título mundial de 1994, que ressaltou o quão impressionado ficou com a maneira como a Seleção foi recebida em Brasília. “O receio passou pela cabeça de todos nós. Mas a torcida brasiliense deu uma demonstração enorme de carinho conosco. Foi uma forma muito humana de nos apoiar em um momento difícil. Quando a gente tiver momentos de crise e dificuldades, é só lembrar dessa torcida”, declarou Dunga à época. Técnico da Seleção Brasileira na Copa de 1998, Zagallo, foi mais longe e naquele 14 de julho resumiu assim a experiência que viveu na capital: “Brasília lavou a nossa alma.”
A Seleção Brasileira vive, agora, mais um momento de extrema dificuldade. A derrota por 7 x 1 para a Alemanha, na última terça-feira, em Belo Horizonte, chocou o mundo. E por ter ocorrido justamente em uma semifinal de uma Copa do Mundo no Brasil, o episódio foi ainda mais traumatizante, tanto os torcedores quanto para os jogadores e a comissão técnica.
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Portal da Copa ouviu o ex-capitão da Seleção Brasileira Cafu, um dos jogadores que desembarcou em Brasília no dia 14 de julho de 1998. Ele recordou o carinho demonstrado pela Seleção Brasileira e disse esperar que isso se repita nesta sexta-feira e, principalmente, no sábado, quando o time entrar em campo para enfrentar a Holanda.
“O que vivemos em Brasília depois que voltamos da Copa da França foi maravilhoso”, lembrou Cafu (foto ao lado, durante a final da Copa de 1998). “Estávamos com receio do que poderia acontecer e de como o torcedor iria reagir àquela derrota na final, mas fomos recebidos muito bem em Brasília e, depois, em Recife também. Aquilo foi fantástico, porque era um momento difícil para a gente e nosso torcedor apoiou completamente a Seleção”, continuou.
Cafu não estará em Brasília para acompanhar a partida da Seleção Brasileira contra a Holanda, mas disse que espera que a capital, mais uma vez, demonstre toda sua solidariedade naquele que é, talvez, o episódio mais duro da história do time do Brasil.
“Espero que a recepção possa ser da mesma forma que foi em 1998, com o mesmo carinho, e que a torcida possa abraçar a Seleção mais uma vez nesse momento de dificuldade, quando o time mais precisa de apoio. Tomara que Brasília possa ajudar a Seleção mais uma vez”, declarou Cafu, que quatro anos depois daquele marcante 14 de julho de 1998 retribuiu a calorosa recepção dos brasilienses erguendo a taça de campeão na Copa do Mundo de 2002, disputada no Japão e na Coreia.