Nos últimos cinco anos, a vida da pedagoga Mariana Simões (31) foi marcada por diagnósticos para tentar explicar a causa de suas frequentes dores de cabeça: baixa tolerância ao leite e derivados, tensão pré-menstrual, estresse, foram alguns deles. A cada "descoberta" do problema, que já estava começando a comprometer sua vida social, os médicos recomendavam um tratamento diferente. Remédios homeopáticos e fitoterápicos, sessões de acupuntura e analgésicos já faziam parte de sua rotina. "Estou fazendo um novo tratamento, já que um médico descobriu que a dor de cabeça, na verdade, é reflexo de uma vértebra da minha coluna, que está fora de posição", conta. Ela diz ainda que após descobrir a verdadeira causa de seu mal, está se sentido um pouco mais aliviada.

Assim como aconteceu com a pedagoga, a médica presidente do departamento de neurologia da Associação Médica de Minas Gerais, Rosamaria Peixoto Guimarães, explica que já atendeu vários casos de pessoas que sofriam com as dores de cabeça, não possuíam um diagnóstico correto, estavam frustradas e praticavam a automedicação. "Os analgésicos resolvem momentaneamente. Mas não curam o problema", diz a especialista sobre os remédios que prometem alívio e são cada vez mais comuns nos comerciais de TV.

 

Segundo Rosamaria Guimarães, problemas na coluna cervical como hérnia de disco ou artrose irradiam a dor e podem gerar os reflexos na cabeça, que demoram a desaparecer. "A disfunção gera uma contração muscular no organismo, numa espécie de defesa, que tenta sanar o problema, mas acaba irradiando para a cabeça, levando à dor", explica. Outro ponto levantado pela médica é com relação aos vícios de postura, ou seja, quando a pessoa senta de forma errada, forçando mais um lado do corpo, para tentar compensar a dor cervical: “Esse movimento compensatório desalinha a coluna e gera ainda mais dor".

O diagnóstico de dores de cabeça geradas por problemas na coluna é feito por eliminação, já que representa apenas 5% dos casos.  Com exceção da hérnia de disco, que, dependendo da gravidade, pode exigir a realização de intervenção cirúrgica, as outras ocorrências podem ser solucionadas com medicação e fisioterapia.