A aparência da noni é estranha, e seu mau
cheiro rendeu apelidos como 'fruta queijo'
ou 'fruta vômito'
Frutinhas e sementes com nomes estranhos, muitas vezes oriundas de países longínquos. Esta parece ser a receita de uma indústria que vende novidades naturais, com a promessa de emagrecimento ou combate ao envelhecimento, tudo em favor da vaidade. Goji berry, chia, chá verde, hibisco e linhaça já foram estrelas nas prateleiras dos mercados, mas, agora, a bola da vez se chama noni. Originária do sudeste da Ásia, essa fruta da família das rubiaceae – a mesma do café, por exemplo –, possui o nome científico Morinda citrifolia, e é consumida pelos nativos cozida ou crua com sal. Seu cheiro é bem forte e nem sempre agradável.
Receitas caseiras de sucos dessa fruta estão se espalhando pela internet. A noni está sendo associada à perda de peso, ao controle do mal de alzheimer, ao combate à depressão, e até para acabar com vermes intestinais e desinfecção de feridas. Pelos diversos relatos encontrados em sites e blogs, a fruta verde claro de aspecto exótico parece fazer "milagre". Para tirar a dúvida, consultamos uma especialista. Afinal, qual é o real benefício de se consumir a noni?
De acordo com a professora de medicina da UFMG e especialista em nutrição, Maria Isabel Toulson Correia, a única prova na literatura médica de efeito gerado pelo consumo dessa fruta é a hepatite aguda. "A noni tem dois componentes farmacológicos importantes, a escopoletina [ácido crisotrópico] e a rutina [vitamina P]. O problema é que, em 2005 e 2006, foram documentados relatos de jovens que adquiriram hepatite aguda, devido a seus hábitos alimentares, que incluíam o consumo do suco dessa fruta em grande quantidade e de forma regular", conta. Ainda segundo ela, os pacientes relataram ter tomado o suco com o propósito de emagrecer e de combater o envelhecimento.
A médica afirma que o único estudo feito com noni foi realizado em camundongos e apenas para avaliar seu efeito sobre a hipertensão arterial: "E essa pesquisa não foi conclusiva".
A especialista em nutrição é categórica em dizer que não há receitas milagrosas para emagrecimento. A velha máxima de reeducar os hábitos alimentares e praticar exercícios físicos ainda é a melhor forma de se ter o corpo saudável. "É uma receita simples. O problema é a falta da força de vontade das pessoas. Não existem milagres. O imediatismo para perder peso não funciona", alerta.