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Pílula anticoncepcional pode causar trombose?

Especialistas esclarecem se há risco de se desenvolver esse sério problema nas veias com o uso do medicamento que previne gravidez, administrado por via oral

Fernanda Nazaré - Redação Publicação:16/09/2014 10:17Atualização:16/09/2014 12:46
Vários relatos estão surgindo nas redes sociais sobre a ocorrência de trombose venosa profunda em mulheres, devido ao uso de pílula anticoncepcional. Rotulada por algumas vítimas como "pílula assassina", o assunto ganhou ainda mais força depois que a  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou um informe, em 2013, sobre o comprimido diane 35, alertando para os riscos do produto em pacientes com histórico de processos trombóticos (formação de coágulos em veias ou artérias).

Contribuindo com a polêmica, a agência reguladora de medicamentos da França, a L’Agence Nationale de Sécurité du Médicament et des Produits de Santé, anunciou, na mesma época, que essa pílula – composta por acetato de ciproterona e etinilestradio – teria sua venda suspensa no país europeu.

Uso de anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) pode ser um fator a mais para o desenvolvimento da doença, mas não de forma isolada (Marcos Vieira/E.M/DA Press)
Uso de anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) pode ser um fator a mais para o desenvolvimento da doença, mas não de forma isolada
Segundo a ginecologista Julieta Nazareth, para a mulher, vários são os fatores que podem levar ao surgimento da trombose, como o uso de cigarro, o envelhecimento, uma predisposição familiar (fator genético), ou longos períodos de imobilização dos membros inferiores – incluindo viagens com duração mais elevada. O uso de anticoncepcionais combinados (estrogênio e progesterona) pode ser um fator a mais, mas não de forma isolada. "Nas bulas desses remédios há sempre advertências em relação ao uso, que são as chamadas contraindicações. E uma delas é o risco de se ter a trombose. Caso a pessoa já tenha histórico da doença na família, é aconselhável procurar um hematologista para analisar o sistema sanguíneo e verificar o risco genético", explica a especialista.

De acordo com a literatura médica, alguns estudos já demonstraram que o uso de dosagens mais elevadas de estrogênio nos contraceptivos (superior a 50 miligramas) está relacionado ao aumento dos riscos de trombose e mesmo de infarto. Mas, com a evolução das técnicas utilizadas pela indústria farmacêutica desde o lançamento desse medicamento na década de 1960, surgiram novas fórmulas, produzidas com baixa quantidade desse hormônio (igual ou inferior a 30 miligramas).

Para Francesco Botelho, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular de Minas Gerais (SBACV-MG), o risco existe apenas para um subgrupo da população. Grande parte das mulheres usam o medicamento com sucesso. "A trombose venosa profunda causada por anticoncepcionais acontece, geralmente, no primeiro ano em que se administra o medicamento, ou, então, quando se muda o tipo da pílula. Os problemas são afastados quando se avalia a paciente. O médico investiga, entre outras coisas, se a mulher nunca tomou esse tipo de contraceptivo, se tem parentes de primeiro grau com casos de trombose ou se é fumante", afirma.

Ainda segundo o presidente da SBACV-MG, apesar da anamnese, em seu consultório, já atendeu jovens de 18 anos que passaram pela primeira experiência com esse tipo de medicamento e apresentaram quadro de trombose. "Quando isso acontece, o remédio é suspenso imediatamente e a paciente é tratada com anticoagulantes. Nesses casos, aconselhamos procurar outros métodos contraceptivos como o DIU", conta.
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