[FOTO1]Não sei se vale para as mulheres – que usam bolsa –, mas muitos homens que carregam seus celulares nos bolsos podem ter passado por esta situação: sentem uma vibração de chamada ou mensagem vindo do aparelho, mas ao consultá-lo, não há nenhum registro. Mistério? Não para o psicólogo David Laramie, que em sua tese de doutorado na School of Professional Psychology, em Los Angeles, Califórnia, analisou o tema e o classificou como "ringxiety" (ansiedade pelo toque, na tradução livre).
Segundo ele, sons externos do ambiente podem funcionar como gatilho para que a sensação de vibração ocorra no corpo da pessoa, mesmo quando o aparelho está no modo silencioso. Um comercial na TV, uma música no rádio, ou mesmo o som de uma torneira podem induzir o cérebro a sentir a vibração no bolso onde se encontra o celular. O especialista compara essa falsa sensação à de uma pessoa que perde um membro, como uma mão, e continua sentindo cócegas nela.
David Laramie foi além, e culpou a ansiedade como responsável por essa reação inconsciente do corpo. Já que vivemos cercados por tecnologia, estaríamos nos tornando "dependentes" dela, e começando a ter comportamentos pré-determinados.
"Está na moda inventar 'síndromes'", diz Heloisa Lasmar, professora do curso de Psicologia da PUC Minas. Para ela, essas teorias surgem, muitas vezes, ligadas a demandas do mercado de medicamentos: "Se você está aguardando algo, é natural ficar ansioso. Mas não significa que tenha adquirido uma patologia. Acho que tem mais a ver com o mercado, que adora criar doenças e, claro, seus remédios".
Para a professora, é natural que passemos a ter hábitos, inclusive no uso de celulares. Ela diz ainda que nada no comportamento natural de um usuário desse tipo de aparelho, mesmo uma sensação falsa de chamada, pode indicar o aparecimento de uma doença ou mesmo "síndrome". "Como se a gente esperar algo, e até ter desencantos ou tristezas fosse algo ruim", completa Heloisa Lasmar.