A plantação de colza é muito bonita, já que a planta libera uma flor amarela típica. Seu óleo, antigamente, não era próprio para o consumo humano. Isso foi alterado pela engenharia genética
Comer fritura não é uma prática recomendada por nutricionistas para quem quer manter uma boa saúde. Mas muitas pessoas se dão o prazer de saborear um pastel, uma coxinha ou um quibe, às vezes. E as prateleiras dos supermercados têm oferecido cada vez mais opções de óleos que prometem ser menos prejudiciais, como é o caso da canola. O problema é que existe uma polêmica entorno de seu consumo, por ser originado de uma planta geneticamente modificada.
A começar pelo nome "canola", que não diz respeito à planta da qual se extrai o óleo. Na verdade, ela se chama colza e é "parente" da mostarda – na Europa, chegou a ser usada na produção do gás letal que matou milhões de pessoas durante a Segunda Guerra Mundial. O nome canola foi criado pela indústria canadense, que modificou a colza geneticamente para retirar sua toxicidade e significa canadian oil low acid (óleo canadense de baixa acidez).
Por conter menos gordura saturada, o que diminiu o risco de doenças cardiovasculares, e ômega 3 e 6 – que ajudam a proteger o coração e melhorar a memória –, o óleo de canola é vendido para consumo humano e concorre com o milho, o girassol e a soja. Muitos acreditam estar consumindo um produto saudável, porém, de acordo com a Elizabeth Chiari, diretora do Conselho Regional de Nutricionistas de Minas Gerais, o ponto de fumaça da canola é muito baixo, ou seja, queima mais rápido que os outros, o que transforma suas propriedades benéficas em uma substância cancerígena: a acroleína. "Todo óleo solta esse componente, mas a canola o faz de forma mais rápida. O ponto de fumaça dela é de 204 °C, já o do tradicional óleo de soja é mais alto, em torno de 247 °C. Isso pode parecer pouco, mas, na prática, faz muito diferença", explica a nutricionista.
Para ser consumida com todas as propriedades benéficas, a canola não deve ser aquecida. No caso de frituras, Elizabeth recomenda a utilização do óleo de soja, por sua maior resistência. Para refogar alimentos, a especialista recomenda o uso de milho ou girassol. "Essas duas opções também têm ômegas 3 e 6, que são cardioprotetores e anti-inflamatórios, e são mais resistentes ao calor que a canola", diz.
Produção no BrasilPor ser uma planta que se adapta ao clima mais frio, a colza – que origina a canola – é produzida na região sul do país desde 1974, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa). No mundo, os maiores produtores desse tipo de óleo são o Canadá, EUA e China.
Com o crescimento da demanda por biodiesel, muitos produtores de canola estão passando a fornecer para o mercado de combustíveis. Como mostra a Associação Brasileira de Produtores de Canola (abrascanola), a área cultivada com essa oleaginosa deve registrar recorde de 50 mil hectares em 2014 – quase o dobro do ano anterior.