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Filha de Angelina Jolie descobre-se menino e renova debate sobre transgênero

Desde os dois anos de idade da menina, o casal de atores americanos divulga relatos à imprensa sobre a identificação de Shiloh com o gênero masculino. Além disso, a pedido da própria filha, passou a ser chamada de John

Fernanda Nazaré - Redação Publicação:20/01/2015 09:31Atualização:20/01/2015 11:44

A modelo mineira Lea T, filha do ex-jogador Toninho Cerezo, é uma das transsexuais mais conhecidas da atualidade (Gil Rodrigues/DA Press)
A modelo mineira Lea T, filha do ex-jogador Toninho Cerezo, é uma das transsexuais mais conhecidas da atualidade
O casal de atores hollywoodianos Brad Pitt e Angelina Jolie já chamou a atenção do mundo para várias causas: a adoção de crianças de países de terceiro mundo, combate à violência sexual em zonas de guerra – Angelina é embaixadora da Boa Vontade da ONU e também recebeu o título de Dama Honorária das mãos da rainha da Inglaterra, Elizabeth II. Agora, os dois chamam a atenção para a transsexualidade na infância.

A primeira filha biológica do casal, Shiloh, sempre despertou a curiosidade dos paparazzi por se vestir com roupas de menino desde os dois anos de idade. Recentemente, já com oito anos, a garota compareceu à pré-estreia do filme Invencível, dirigido pela mãe, vestindo um terno masculino assim como o pai, o avô e os irmãos. Além disso, em 2008, durante uma entrevista em um talk show norte-americano, Brad Pitt comentou que a filha preferia ser chamada de John pela família. Assim como a roupa e o corte de cabelo masculino, a troca de nome também foi respeitada pelos pais.

Mas, uma criança que gosta de se comportar como o sexo oposto pode ser diagnosticada como transgênera ou isso deve ser entendido apenas como uma fase? De acordo com o psicólogo especialista em psicopatologia, Felippe Lattanzio, esse tipo de certeza dificilmente é alcançada em crianças. Segundo ele, normalmente a transsexualidade se desenvolve muito precocemente, podendo se externar em comportamentos já a partir dos dois anos de idade. São pouco comuns os casos em que um sujeito se descobre transsexual na idade adulta, contudo, também existem.

"Alguns estudos mostram que muitas crianças identificadas com 'disforia de gênero' [termo que gera polêmica] não mantêm essa postura na adolescência e na vida adulta. Não acho que os pais devam confrontar excessivamente a criança, ou apressar em dar um diagnóstico. O importante é que haja diálogo, liberdade de manifestação e cuidado com os possíveis sofrimentos psíquicos causados por comportamentos da criança", explica o especialista.

 

Shiloh (dir.), vestida como o menino John, como gosta de ser chamada, passeia com a mãe, a atriz Angelina Jolie, e os irmãos (Reprodução/Internet)
Shiloh (dir.), vestida como o menino John, como gosta de ser chamada, passeia com a mãe, a atriz Angelina Jolie, e os irmãos
Gênero vs Sexualidade

A sociedade ainda encontra dificuldades em lidar com pessoas que se identificam com um gênero diferente do biológico, como afirma a pós-doutora em psicologia social, Jaqueline Gomes. Segundo ela, o órgão sexual não está necessariamente ligado à sexualidade do indivíduo. "Não é o gênero que define a sexualidade. Podemos ter uma pessoa que nasceu com os órgãos femininos e se reconhece como homem, mas gosta de se relacionar sexualmente com homens. Sendo um transmasculino gay. As pessoas se atraem pelo órgão sexual ou pela pessoa? Ninguém é um 'genital ambulante'", diz a psicóloga.

A sociedade, como explica Jaqueline, ainda é limitada binariamente com relação ao conceito de sexo, ou seja, acredita que se alguém nasce com o órgão sexual feminino é uma mulher, e se nasce com o masculino, é homem. No entanto, a especialista mostra que a comunidade científica tem reconhecido cada vez mais a transsexualidade como uma identificação de identidade e não um transtorno, ou algum tipo de doença.

Um assunto de tal complexidade ainda confunde as pessoas, principalmenten com relação às nomenclaturas dadas aos indivíduos, como homossexuais, travestis, transgêneros etc. A psicóloga lembra que quem deve definir é a própria pessoa, e não a sociedade – que ainda "compreende pouco as transformações de gênero". Quem tiver mais interesse sobre o assunto pode fazer o download do livro da especialista, Orientações Sobre Identidade de Gênero: Conceitos e Termos.

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