Procurador do Piauí quer a anulação da redação do Enem 2014
Segundo o representante do Ministério Público, existem provas de que alunos tiveram acesso ao tema da redação horas antes da realização do exame
O inquérito realizado pela Polícia Federal constatou por meio de exame pericial, realizado em celulares de alguns estudantes ouvidos na investigação, que houve o vazamento do tema da redação do Enem 2014 pelo WhatsApp, às 10h47 do dia 9 de novembro de 2014 nos seguintes grupos de discussão do aplicativo: "Vem que eu faço direito", "Terceirão", "Boa Sorte" e "VQV". Em depoimentos, os estudantes afirmaram que receberam a mensagem horas antes da prova e que a replicaram para outros grupos.
Durante as investigações, em resposta a uma requisição do MPF, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação e responsável pela gestão e divulgação do Enem, apresentou uma nota técnica em que admite ter havido a abertura dos malotes contendo as provas nos estados do Piauí, Maranhão e Paraíba duas horas antes do horário estipulado como padrão.
"A igualdade de condições é postulado fundamental do concurso. Ela é indispensável até mesmo para manter íntegros os seus objetivos, sua própria razão de existir. Permanecer impune a quebra a isonomia ocorrida no Enem fere também o princípio da moralidade administrativa", argumenta o procurador da república.
Indeferimento
A Justiça Federal no Piauí indeferiu o pedido de anulação parcial do Exame Nacional do Ensino Médio feito pelo Ministério Público Federal no Piauí. O órgão divulgou nota dizendo que ainda não recebeu o comunicado oficial da decisão. O MPF diz que vai recorrer ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília.
A decisão foi tomada pela juíza Marina Rocha Cavalcanti, que entendeu que o vazamento do tema da redação, horas antes da aplicação do exame, não foi fruto de um esquema pré-organizado para beneficiar certos candidatos, mas algo desorganizado que não comprometeu a isonomia entre os candidatos.
Marina diz que foram analisados conteúdos das redações elaboradas pelos candidatos e que não houve um padrão de resposta, o que leva à conclusão de que não houve apoio externo para a produção da redação.
(com Assessoria do Ministério Público Federal do Piauí e Portal EBC)