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Anorexia pode ser transmitida de mãe para filha

Segundo pesquisa realizada na USP, falta de contato emocional em casa pode levar os filhos a terem transtornos alimentares tal qual os pais

Da redação com Assessorias - Redação Publicação:30/01/2015 09:12
O hábito das mães e avós se preocuparem mais com os afazeres domésticos do que com o carinho com os filhos pode ser um fator para o surgimento de transtornos alimentares, diz pesquisa (Pixabay)
O hábito das mães e avós se preocuparem mais com os afazeres domésticos do que com o carinho com os filhos pode ser um fator para o surgimento de transtornos alimentares, diz pesquisa
Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, que pertence à Universidade de São Paulo (USP) sugere que mães possam transmitir para filhas, de forma psicológica, transtornos alimentares, mais particularmente a anorexia nervosa. O resultado foi obtido pela psicóloga Élide Dezoti Valdanha por meio de um estudo realizado com seis famílias de pacientes diagnosticados com esse sério problema. De acordo com a pesquisa, o legado recebido inconscientemente da geração anterior tende a ser transmitido, não deixando espaço para que as mães criem seu próprio estilo de maternidade.

Para a pesquisadora, "o conhecimento dos vínculos familiares formados de forma inconsciente e que permeiam a vida da pessoa com transtornos alimentares precisa ser disseminado entre os profissionais que tratam esses doentes". Segundo ela, os serviços de saúde precisam incorporar no plano terapêutico, de forma sistemática, a atenção integral às famílias. Do contrário, alerta: "não é possível avançar no tratamento sem incluir a família como recurso de enfrentamento do problema".

O estudo da USP trabalhou com três gerações de mulheres: avós, mães e filhas. A pesquisadora Élide Valdanha observou que os "padrões distorcidos" dos hábitos alimentares eram transmitidos quando as mães exerciam os cuidados maternos "cheios de conflitos e ambivalência afetiva". Ou seja, em momentos ligados aos afazeres domésticos (cozinhar, lavar e passar roupa) e aos "cuidados concretos com o lar" (aspectos financeiros e administrativos), foi observado que essas ações eram mais valorizadas que o contato emocional com os filhos.

Pouca atenção afetiva entre mães e filhas; restrição na expressão de emoções; limitação nos diálogo; e pouca contenção de angústias. "Avós e mães prestaram os cuidados tal como os receberam, sem consciência de que as filhas os percebem como 'invasões' emocionais", diz a psicóloga. Outra observação feita por Élide é que muitas vezes as filhas "se sentiam desamparadas em suas necessidades afetivas mais significativas".

Para a pesquisadora, ficou nítido que as mães analisadas cuidam de seus filhos do modo com foram cuidadas. Uma dessas mães desabafou: "Eu acho que repeti com eles [filhos] muito das coisas que eu odiei na mamãe ter feito comigo, mesmo que objetivamente eu soubesse que não podia fazer aquilo". Élide Valdanha conclui que o legado recebido da geração precedente tende a ser transmitido à geração posterior sem espaço para que as mães criem seu próprio estilo de exercitar sua maternidade.
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