Hábitos saudáveis podem ser transferidos de pai para filho
Estudos indicam que uma alimentação adequada pode mudar a expressão genética sem alterar, porém, os genes
E mais: algumas dessas mudanças são hereditárias. Isso não significa, voltando ao exemplo acima, que o filho do halterofilista nasça musculoso. Mas, estudos já indicam que descendentes de pessoas que tiveram graves problemas de desnutrição tenham maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes. A boa notícia é que o quadro pode ser mudado.
"A alimentação é um dos principais fatores ambientais capaz de modular mecanismos epigenéticos, tanto promovendo o desenvolvimento de uma doença, quanto sua prevenção", explica Fábia de Oliveira Andrade, pesquisadora da faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Trocando em miúdos: da mesma forma que uma alimentação desbalanceada pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, "compostos bioativos dos alimentos podem reduzir o risco destas", diz a especialista.
É durante a gestação e a infância que nosso organismo está mais suscetível a sofrer essas mudanças. "Tanto restrição calórica quanto excesso de gordura alimentar durante os períodos gestacionais estão associados à maior suscetibilidade do desenvolvimento de doenças crônicas não-transmissíveis nos filhos, devido, em parte, à modulação de mecanismos epigenéticos", explica Fábia Andrade. Segundo ela, essa observação é um indício que tanto a composição da dieta como quantidades adequadas, já em fases iniciais da vida, são pré-requisitos para uma vida saudável.