O carbofurano (detalhe) é usado, normalmente, para tratar sementes ou diretamente no solo, e é um produto muito tóxico, segundo a Organização Mundial de Saúde
Se você é daqueles que gostam de acompanhar as polêmicas da internet, é provável que tenha ouvido falar, nas últimas semanas, do agrotóxico carbofurano. Isso porque a apresentadora Bela Gil mobilizou seus fãs nas redes sociais para ajudar a barrar o uso do produto no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia feito uma consulta pública sobre a proibição desse veneno, e como o resultado estava favorável aos usuários do carbofurano, a filha do músico Gilberto Gil conseguiu reverter o quadro com seus pedidos na internet. Mas, afinal, que substância é essa que causou tanto alvoroço?
O carbofurano é um pesticida extremamente tóxico, usado no tratamento de sementes ou em aplicações no solo, para evitar o ataque de pragas presentes na terra. Porém, alguns produtores aplicam o produto direto nas hortaliças, aumentando a exposição da substância ao consumo humano.
Segundo o engenheiro agrônomo Francisco Veriano Júnior, professor da PUC Minas, o carbofurano "atua" em cadeia. "Os pássaros que eventualmente comerem sementes tratadas ou entrarem em contato de alguma forma com o produto, além de morrerem, podem matar outros predadores que os consumirem", alerta o especialista.
Ainda conforme o engenheiro agrônomo, esse agrotóxico é classificado como altamente perigoso pela Organização Mundial de Saúde e não pode ser comercializado na Europa e na Califórnia (EUA) desde 1969. "Nos humanos, ele pode causar sudorese, salivação excessiva, náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia. Dependendo da dosagem, pode ainda levar à insuficiência respiratória, arritmias cardíacas e até à morte", explica o professor.
Por enquanto, o carbofurano ainda é aceito no Brasil, mas, para Francisco Veriano, existem argumentos suficientes para que passe a ser barrado pela Anvisa. "Existem estudos comprovando a toxicidade, além de haver proibição em outros países. Não vejo o motivo de ainda usarmos no Brasil", diz o agrônomo.