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Estudo alerta para o risco de aquecer a sucralose

O adoçante libera substâncias potencialmente tóxicas acima de 98º C

Da redação - Redação Publicação:02/06/2016 14:37
O adoçante sucralose vem ganhando o gosto dos brasileiros e, agora, um estudo da Unicamp mostra que se aquecido a 98º C, ele pode gerar substâncias potencialmente tóxicas (Diário de Biologia/Reprodução)
O adoçante sucralose vem ganhando o gosto dos brasileiros e, agora, um estudo da Unicamp mostra que se aquecido a 98º C, ele pode gerar substâncias potencialmente tóxicas
Um estudo feito na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou que o adoçante artificial sucralose – o mais consumido no mundo e, até agora, considerado pelas agências sanitárias o mais seguro – pode se tornar instável e liberar compostos potencialmente tóxicos ao ser aquecido acima de 98 ºC. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Scientific Reports, do grupo Nature.

"Trabalhos anteriores haviam mostrado que a sucralose se degrada em altas temperaturas, mas que não são usuais no dia a dia. Porém, observamos que isso também ocorre a 98º C, calor facilmente atingível durante o preparo de alimentos. Foi uma surpresa", diz o pesquisador Rodrigo Ramos Catharino, professor na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp.

A sucralose é uma substância criada em laboratório a partir da modificação química da molécula de sacarose, que é o açúcar comum. À estrutura original são acrescentados três átomos de cloro, o que aumenta em 400 vezes o dulçor e impede a sucralose de se decompor durante a digestão e de ser usada como fonte de energia pelo organismo.

Seu uso é liberado sem restrições pelos principais órgãos de segurança alimentar no mundo, incluindo o Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, o Joint Expert Committee on Food Additivies, da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil.

Porém, ao aquecer a substância em banho-maria por cerca de 2 minutos, os pesquisadores da Unicamp notaram a liberação de compostos organoclorados tanto no gás proveniente da fervura como na fase sólida, ou seja, no caramelo que se formou após a fusão da sucralose. Essa classe de compostos é considerada potencialmente tóxica e tem efeito cumulativo no organismo.

"No gás, observamos a presença de ácido clorídrico, que pode ser irritante se inalado. Na fase sólida, encontramos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados (HPACs), uma classe de substâncias recentemente descoberta, sobre a qual se sabe muito pouco", explica Rodrigo Catharino.

Não apenas a sucralose pode representar um risco à saúde, quando aquecida. Um estudo publicado em 2012 na revista Food Chemistry mostrou que a estévia – adoçante natural extraído da planta Stevia rebaudiana – torna-se instável em contato com alimentos ácidos, como refrigerante ou café, liberando glicose e também um esteviol com potencial efeito cancerígeno e abortivo.

"É importante frisar que nosso objetivo não é prejudicar os produtores desses produtos ou a indústria de alimentos e sim alertar o consumidor para que faça um uso consciente", esclarece o professor da Unicamp.

(com Agência Fapesp)
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