A casca da romã é rica em compostos antioxidantes que inibem a ação da enzima acetilcolinesterase, responsável pela degeneração dos neurônios em vítimas do Mal de Alzheimer
O Mal de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e até hoje incurável. Ela atinge principalmente idosos, provoca degeneração dos neurônios, ou seja, leva o paciente a perder sua capacidade cognitiva e, na maioria das vezes, é fatal. Buscando alternativas para a prevenção desse mal, a doutoranda Maressa Caldeira Morzelle, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, pesquisou micropartículas à base de casca de romã.
O estudo detectou que a casca da romã apresenta maior quantidade de compostos bioativos e atividade antioxidante do que sua polpa – a casca contém 95% mais compostos fenólicos (os principais responsáveis pela ação antioxidante) do que a polpa.
Essas substâncias contribuem para o bom funcionamento do organismo e a prevenção de doenças, pois reduzem as reações de degradação oxidativa. Maressa observou que o extrato da casca é capaz de inibir a enzima acetilcolinesterase, inibição análoga à provocada pelos medicamentos que são atualmente utilizados para o Alzheimer.
A pesquisadora fez testes em camundongos e verificou que o consumo do extrato da casca da romã é capaz de inibir a atividade da enzima acetilcolinesterase em até 77% nos animais. Outro dado importante é que os camundongos tratados apresentaram níveis altos de substâncias que favorecem a sobrevivência dos neurônios, e foram capazes de reduzir placas amiloides, uma das principais características da doença. Além disso, os animais que consumiram a casca da romã apresentaram melhor manutenção da memória do que os que não a ingeriram.
Os resultados do trabalho iniciado em 2013 e concluído este ano sugerem que pode haver efeito neuroprotetor do alimento também em humanos. Maressa Morzelle, porém, é cuidadosa. "É preciso muita cautela ao extrapolar estes resultados para humanos. Os resultados obtidos na pesquisa em camundongos foram melhores do que imaginávamos, mas ainda existe um longo caminho para que possamos transferir estes dados aos seres humanos", diz a doutoranda.