Fechado desde 2005, o Cine Itapuã, no Gama, aguarda licitação para ser revitalizado. O antigo cinema, que já foi o segundo maior do Distrito Federal, tem capacidade para 500 pessoas e recebia apresentações teatrais e shows nos anos 80. Fundado em 1961, o cinema era referência na cidade de quase 150 mil habitantes, e que não possui outro espaço cinematográfico. Após o fechamento do Cine, aconteceram diversas tentativas de revitalização do local que, atualmente, está com a estrutura, vidraças e cadeiras danificadas. "O Cine Itapuã foi o espaço mais importante do Gama e um dos mais simbólicos do DF. Os grandes filmes da época passavam aqui", conta a administradora regional, Maria Antônia Rodrigues. Com a promessa de reabertura, o edifício passou a se chamar Centro Cultural Itapuã.
Licitação para a revitalização do Centro Cultural Itapuã, no Gama, deve acontecer em 2017, segundo a Administração Regional da cidade
Segundo o diretor de desenvolvimento e gestão do território da região administrativa, Roque Lane Fonseca, um projeto de reforma está sendo finalizado e a licitação está prevista para começar no início de 2017. A ideia é que o novo centro cultural atenda um público maior, não só dedicado ao cinema. "Vamos contemplar também o pessoal das artes plásticas, do teatro, da dança e da música", explica o diretor. Para os gestores, a revitalização do cinema torna a cultura mais democrática. "O que nos motiva a lutar, para que o Cine volte a funcionar o mais rápido possível, é ver que a nossa cidade atrai cultura de vários estilos", enfatiza Maria Antônia.
"A cidade respira cultura. Aqui existem diversos movimentos culturais que necessitam de um espaço para divulgar sua arte", destaca a Administradora Regional do Gama, Maria Antônia
A administradora destaca ainda que, devido uma população flutuante - vinda de regiões como Santa Maria, Novo Gama (GO), Valparaíso (GO) e Cidade Ocidental (GO), por exemplo - o movimento artístico tende a crescer. "Um dos nossos objetivos é atrair para cá também o pessoal de cidades próximas que queiram usar o espaço para manifestações artísticas e que venham ver as produções", completa.
"Vamos contemplar também o pessoal das artes plásticas, do teatro, da dança e da música", explica o diretor de desenvolvimento e gestão do território da Administração Regional do Gama, Roque Lane Fonseca (esq), ao lado da administradora Maria Antônia
O professor de audiovisual da faculdade Estácio, Thiago Maroca, comenta que o lugar é uma oportunidade para movimentar a cultura local e abordar temas relacionados com a comunidade. "O Gama tem muitos artistas que dificilmente sobrevivem na cidade. Com a falta de locais para a exibição dos trabalhos, os artistas acabam indo realizar os projetos no Plano Piloto", destaca. Thiago acredita que a reativação do Centro Cultural ajuda a fomentar as produções locais. "Nós temos uma característica de uma cidade que produz muita coisa cultural, mas com poucos espaços. O Gama é um local que tem uma identidade própria e com vários grupos na cidade", afirma.
Além disso, Thiago vê com bons olhos o crescimento do audiovisual na capital federal. "A cidade tem ótimos cineastas que fizeram bons filmes. Eles utilizaram Brasília como plano de fundo para as produções. Mas é preciso explorar e levar isso para as regiões administrativas, que ainda necessitam desse tipo de conteúdo", lembra.
"Qualquer tipo de evento que promova os produtos da cidade é válida",
conta o professor de audiovisual da Faculdade Estácio, Thiago Maroca
O professor explica que realizar oficinas em conjunto com as escolas pode ser o diferencial para a manter o Cine em funcionamento: "Imagine o valor simbólico para um garoto, que vê um filme que ele fez passar em uma tela gigante, vai deixá-lo radiante. Ocupar o espaço com algo que você mesmo produziu te faz sentir uma pessoa valorizada", exalta Thiago.
O professor diz ainda que mesmo que seja um cinema, o lugar não precisa ser necessariamente usado só para esse fim. "Qualquer tipo de evento que promova os produtos da cidade é válida, pois nós temos condições e mão de obra para isso", explica.
Projeto para a revitalização do Centro Cultural Itapuã, no Gama,
ficará pronto no final do semestre
ReformaPara a realização da reforma, a Administração Regional do Gama teve que desmembrar o projeto do complexo cultural, que envolve também a praça Lorival Bandeira. As obras serão executadas em etapas, com a entrega da praça e depois do Centro Cultural Itapuã. "Foi necessário esse desmembramento para poder agilizar a revitalização do complexo. Sem isso, não seria viável fazer esse projeto com o orçamento anual que disponibilizamos", conta Maria Antônia. "A Novacap vai fazer a parte de execução. Com a ajuda deles será possível realizar essa obra, que há muito tempo era solicitada pela população", conclui Roque Lane.
Casa de Cultura do GamaA administração regional do Gama também já está trabalhando em um projeto para criar a Casa de Cultura e fomentar a produção cultural na cidade. O ambiente irá abrigar várias atividades artísticas como: exposições, peças teatrais, espetáculos de dança, exibição de trabalhos audiovisuais, entre outros. A sede será em um espaço de 2.400 metros, no Setor Central. "Estamos fazendo um levantamento para que possamos realizar a abertura do edital ainda em 2017. O local será necessário para reunir os diversos grupos existentes na cidade e difundir os eventos que já existem aqui", informa Maria Antônia.