Na casa de Cynthia Souza, a porquinha Antoninha se diverte com as crianças Miguel e Vitor e a cadela Mirá: "Ela aprende tudo muito rápido e é sociável", diz Cynthia
Desde que Antoninha chegou à casa da dona de casa Cynthia Souza, de 33 anos, é ela quem comanda o pedaço. Com apenas 1 mês, a miniporquinha adora puxar o rabo do cãozinho Baruk, da raça Lulu da Pomerânia, e provocar a shih tzu Mirá, até que algum deles queira brincar. Quando quer atenção, sobe no colo da dona ou dá mordidinhas leves em seus pés. Seu passatempo predileto é apostar corrida com as crianças Vitor, de 10 anos, e Miguel, de 1 ano e 8 meses, mas também adora tirar um cochilo em sua caminha. Não dispensa uma cenoura, e na hora de fazer cocô e xixi vai direto ao tapete higiênico. "Estou impressionada em como ela é carinhosa e inteligente. Aprende tudo muito rápido e é bastante sociável", diz Cynthia.
A ideia de criar micropigs geneticamente selecionados iniciou-se no Instituto Homel da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, em 1949. Desde então, surgiram várias linhagens, com tamanhos cada vez menores. Em 1995, o filme australiano Babe, o Porquinho Atrapalhado, conquistou o mundo e ganhou o Oscar de melhores efeitos visuais. Apesar de fictícia, a obra evidenciou todo o carisma e a inteligência desses animais que, segundo estudo divulgado no International Journal of Comparative Psychology, em 2015, são mais espertos que os cachorros e tão hábeis quanto os chimpanzés. Além de possuir excelente memória de longo prazo, compreendem bem a linguagem simples e são capazes de aprender combinações complexas de símbolos. De fácil convívio, demonstram empatia por outros indivíduos.
O sonho de Angélica Rodrigues de ter um miniporco quase se transformou em um pesadelo: "Hoje o Ladadi já está com 200 quilos. Míni ou gigante, eu o amo da mesma forma"
No entanto, a ideia de tê-los como animais de estimação só se propagou a partir de 2009, quando Jane Croft, primeira criadora do Reino Unido, tornou-se conhecida vendendo miniaturas para famosos, entre eles George Clooney, Paris Hilton e David Beckham. No Brasil, os pequenos foram ganhando espaço a partir de 2010. Com o status de pets, passaram a requerer mais cuidados. "Além da vacina, vermifugação e exames de rotina, precisam usar hidratante corporal diariamente para evitar o ressecamento da pele e filtro solar toda vez que estiverem expostos ao sol", orienta a veterinária Marcela Ortiz, especialista em animais silvestres e exóticos. Ela explica que aqueles que vivem inseridos na natureza têm a pele naturalmente protegida ao rolar na lama. Já os miniporcos são muito higiênicos e precisam de banho apenas uma vez por semana, com xampu neutro e água em temperatura amena para não provocar queimaduras. As pontas dos cascos devem ser lixadas periodicamente.
Manter uma dieta adequada também é fundamental. Com apetite feroz e tendência à obesidade, o cardápio deve ser composto de ração específica, milho, folhas, frutas e legumes, garantindo assim os nutrientes necessários, mas sem exageros. "O ideal é adequar o manejo alimentar, fornecendo a alimentação fracionada algumas vezes ao dia", diz a zootecnista Camila Lacerda Silva, especialista em nutrição. Segunda ela, para cada quilo de ração ingerida, o suíno de tamanho normal ingere três litros de água. As especialistas alertam que é comum criadores venderem filhotes de porcos de linhagem grande como se fossem miniaturas. O resultado é desastroso, tendo em vista que um animal que teria no máximo 45 quilos pode chegar a 500 quilos. Foi o que aconteceu com a professora de dança Angélica Madalena Rodrigues, de 24 anos. O sonho de ter um miniporco só não se transformou em pesadelo porque seu amor pelo animal falou mais alto. "Há três anos, quando o Ladadi chegou, cabia na palma da minha mão. Hoje já está com 200 quilos e precisa de dieta balanceada", conta. Em vez de abandoná-lo ou sacrificá-lo, Angélica adaptou toda a casa para lhe proporcionar qualidade de vida, e até parou de comer carne. "Míni ou gigante, eu o amo da mesma forma. Mas sei que nem todos pensam assim", afirma. Buscar referências do criador e verificar a procedência genética do filhote são as únicas formas de evitar o transtorno.