Você se considera uma pessoa ansiosa? Em grandes centros urbanos, como Belo Horizonte, é difícil encontrar alguém que não se sinta ao menos um pouco ansioso. Afinal, trânsito, insegurança, pressão no trabalho, problemas familiares e financeiros podem mesmo gerar esse problema. Segundo a psicóloga Fernanda Queiroz, o que muitas pessoas não sabem é que a ansiedade está ligada à nossa evolução e servia como um alerta para o organismo de nossos ancestrais sobre a aproximação de animais ferozes ou de tribos rivais, por exemplo.
"No mundo moderno, não precisamos mais fugir de mamutes nem de tigres, mas precisamos cumprir horários, pagar contas, desempenhar nosso trabalho em um mundo corporativo cada vez mais competitivo, cuidar da casa, dos filhos, da saúde. Portanto, é normal sentir-se ansioso em algumas ocasiões", explica a especialista.
Entretanto, a ansiedade em excesso pode ser um sinal de alerta. "Não é normal viver ansioso, apreensivo ou extremamente preocupado, com situações que não são concretas ou com problemas simples do cotidiano. Mais importante ainda é quando a ansiedade interfere no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos de modo negativo", explica a psicóloga.
"Quando a ansiedade está presente na maioria dos dias, por mais de seis meses e gera prejuízos da vida profissional, acadêmica ou nos relacionamentos afetivos, ela é considerada uma doença, chamada de Transtorno da Ansiedade Generalizada. Neste caso, é preciso procurar um médico para diagnosticar e tratar o transtorno", afirma Fernanda Queiroz.
De acordo com a especialista, o diagnóstico da ansiedade patológica é só o primeiro passo no tratamento, que, normlamente, é feito com a ajuda de medicamentos. "Porém, o mais importante é investigar a causa e o que mantém a doença, para tratá-la e isso é feito por meio da psicoterapia. As causas do transtorno de ansiedade são complexas e exigem uma avaliação bem detalhada, mas podem estar ligadas a traumas, ritmo de vida, ambiente e histórico familiar", esclarece a psicóloga.
Muitos não sabem, mas também há um fator biológico importante para que a ansiedade vire uma doença. Alguns estudos mostram que quando há alteração na produção da serotonina e no ácido gama-aminobutírico, existe maior predisposição em desenvolver a ansiedade, já que esses neurotransmissores têm papel essencial no controle desse estado mental.
Como mostra a especialista, é normal que algumas situações do cotidiano deixem uma pessoa ansiosa. O problema é quando essa ansiedade se transforma em algo rotineiro
A psicóloga Fernanda Queiroz elaborou uma lista com os principais sinais de que a ansiedade pode estar fora de controle:
Hereditariedade: se a ansiedade está lhe causando problemas, procure investigar se alguém da sua família já teve esse diagnóstico. Isso porque pesquisas já comprovaram que há uma característica genética da doença, ou seja, o Transtorno da Ansiedade Generalizada pode ser repassado entre membros da família
Memória fraca: o cérebro de uma pessoa ansiosa realiza milhões de conexões desnecessárias entre os neurônios. O nível de estresse é elevado e os pensamentos são muito rápidos. O cansaço gerado pela ansiedade pode causar perda da memória, esquecimentos e dificuldade em assimilar novos conhecimentos
Falta de sono: claro que uma pessoa ansiosa tem dificuldade para dormir, já que o organismo está constantemente excitado. A insônia é um dos principais sintomas do transtorno
Problemas físicos sem causas aparentes: é comum que o ansioso patológico consulte vários médicos em busca de um diagnóstico para sintomas como dores musculares, de cabeça, no estômago, cólicas intestinais e até dores no peito. Porém, quando não há nenhuma causa física para esses sintomas, é provável que a ansiedade os esteja provocando
Cansaço sem motivo: a ansiedade patológica leva o organismo à exaustão, já que faz o corpo trabalhar em ritmo acelerado. Com isso, mesmo que a pessoa não tenha feito nenhuma atividade, pode se sentir constantemente cansada