O genoma do zika vírus, coletado no organismo de mosquitos do gênero Culex, foi sequenciado por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco. Com o sequenciamento, foi descoberto que o micro-organismo consegue alcançar a glândula salivar do animal, o que indicaria, segundo a instituição, que o pernilongo comum pode, sim, ser um dos transmissores da doença.
Os resultados foram publicados nesta quarta, dia 9 de agosto, na revista científica Emerging Microbes & Infections, que pertence ao grupo Nature.
Os mosquitos do gênero Culex foram colhidos na região metropolitana de Recife (PE), já infectados. A equipe do departamento de Entomologia da Fiocruz conseguiu, então, comprovar em laboratório que o vírus consegue se replicar dentro do mosquito e chegar até a glândula salivar. Também pela primeira vez foi registrada em fotografia microscopia eletrônica, a formação de partículas virais do zika na glândula do inseto.
O genoma do zika vírus, coletado no organismo de mosquitos do gênero Culex, foi sequenciado por cientistas da Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco
Os pesquisadores comprovaram ainda a presença de partículas do vírus na saliva expelida pelo Culex. De acordo com a Fiocruz, o artigo "demonstra" a possibilidade de transmissão do zika vírus por meio do pernilongo que vive em área urbana. Agora, eles devem analisar "o conjunto de suas características fisiológicas e comportamentais, no ambiente natural, para entender o papel e a importância dessa espécie na transmissão do zika", como informa a instituição no artigo científico.
O genoma do vírus que provoca a microcefalia em bebês durante a gestação já havia sido sequenciado em 2016 pelo departamento de Virologia e Terapia Experimental da Fiocruz Pernambuco, em parceria com pesquisadores da Universidade de Glasgow, da Escócia, mas, na ocasião, foi usada uma amostra humana. Esse sequenciamento é uma espécie de mapa de cada gene que forma o DNA do vírus. Agora, pela primeira vez no mundo, o mapeamento é feito a partir do mosquito.
(com Agência Brasil)