Meio século do Palácio do Buriti
Sede do Executivo, que compõe complexo administrativo do DF no Eixo Monumental, já abrigou até um presidente da República
O ritual se repetia com pompas de chefe de Estado. Ao parar o carro oficial em frente à sede do governo distrital, no Eixo Monumental, o governador do Distrito Federal descia e subia a pé a rampa em direção ao Salão Branco. Ali, era recepcionado pela guarda da Polícia Militar e conduzido até o gabinete. A cerimônia já não ocorre mais, mas faz parte da história do palácio de traços retos e estilo modernista que compõe a obra a céu aberto projetada por Oscar Niemeyer em Brasília – e que completa 50 anos neste fim de semana.
O Palácio do Buriti recebeu 17 governadores e até um chefe de Estado – virou sede provisória do governo federal em 2008, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva atravessou a Esplanada dos Ministérios e ocupou por três meses o Buriti. Isso ocorreu quando o prédio já não vinha sendo ocupado pelo primeiro escalão do governo e o chefe do Executivo à época, José Roberto Arruda, despachava do centro administrativo em Taguatinga, popularmente chamado de Buritinga.
Projeto do arquiteto Nauro Jorge Esteves, o prédio-sede do Governo do Distrito Federal leva o nome do buriti plantado na praça homônima. Apesar de se tratar de um palácio de arquitetura moderna, abriga a antena e os transmissores da Cultura FM, emissora de rádio pública do Distrito Federal.
Cerimônia
O major da PMDF Wladmir Cuevas foi um dos militares que já recepcionaram a chegada dos governadores. Comandante da Companhia de Guarda do 3º Batalhão da Polícia Militar aos 23 anos, ele era chamado em determinados dias da semana quando o governador Joaquim Roriz saía de casa. Muitas vezes a honraria era dispensada, mas o major estava lá, a postos, caso fosse necessário cumprir esse ritual.
Sempre à direita do chefe do Executivo, Cuevas desembainhava a espada e ficava em posição de sentido. A cerimônia já não ocorria mais com tanta frequência e acabou por ser extinta na gestão de Cristovam Buarque, entre 1995 e 1999. Atual ocupante do Buriti, o governador Ibaneis Rocha fez questão de repetir o gesto ao receber a faixa do antecessor, Rodrigo Rollemberg.
Salões
Denominados Branco e Nobre, os salões principais do Palácio do Buriti são os cenários de diversas solenidades oficiais. No primeiro, mais amplo e localizado no térreo do prédio de três pisos, ocorrem também exposições de arte e cerimônias com maior número de convidados.
O prédio tem suas peculiaridades. Na parte de trás do palácio, um auditório onde ocorriam as solenidades oficiais também chegou a funcionar como cinema para os servidores. Não foram poucos os que assistiram por lá ao seu primeiro filme na vida. O espaço está parcialmente desativado.
Uma das salas do auditório abriga um tatame para treinos de jiu-jítsu e defesa pessoal a servidores da Casa, projeto idealizado por Olegário Morais, da assessoria especial do governador. Funcionários da Casa Militar, os instrutores Francisco Santoro, o Kiko, de 38 anos, e Tenisson Leone, de 44, aproveitam o horário pré-expediente, das 7h às 8h, para dar aulas gratuitas a pessoas interessadas em aprender um pouco de artes marciais.
A proposta é despertar o interesse de quem desconhece os princípios da luta e quer começar o trabalho com outra disposição. “O que queremos é ajudar no condicionamento de quem tem vontade de lutar e, com o ritmo corrido de trabalho, não tem horário disponível pra frequentar uma academia”, afirma Kiko. “Nosso propósito é dar mais qualidade de vida aos nossos colegas”, completa Tenisson.
A bagagem dos instrutores é grande: os dois são faixa preta de jiu-jítsu 3º dan (grau de maestria). Tenisson também é 3º dan em karatê, formado no Japão, além de dar as aulas de defesa pessoal. Já Kiko foi campeão mundial de jiu-jítsu, 32 vezes campeão brasiliense e tem luta programada com o campeão do mundo em setembro próximo.