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Artes Plásticas »

Emoção por meio da forma

Luiz Jahnel, depois de servir à Marinha do Brasil, empresta seu talento à arte da pintura, do desenho e do ensino

Eliza Peixoto - Redação Publicação:03/06/2013 15:24Atualização:03/06/2013 15:29

Há 11 anos, Luiz Jahnel, assumiu a arte profissionalmente e vem expondo seu trabalho em diversas mostras coletivas e individuais (Geraldo Goulart/ Encontro/ DA Press)
Há 11 anos, Luiz Jahnel, assumiu a arte profissionalmente e vem expondo seu trabalho em diversas mostras coletivas e individuais
 

Retratos, canoas, barcos, paisagens e figuras humanas compõem a obra do artista Luiz Jahnel, paulista de Santo André radicado em Belo Horizonte. Adolescente ainda, aos 13 anos, descobriu a arte, quando sua irmã, Maria Tereza, começou um curso de desenho por correspondência, aguçando-lhe a curiosidade. A irmã desistiu, mas ele se interessou pelo curso, abraçou o desenho e nunca mais largou. “Nessa época, conta ele, a curiosidade era tanta, que comprei e li os 100 fascículos da coleção ‘Gênios da Pintura’, vendidos semanalmente em banca de jornal. A partir daí, o desenho passou a fazer parte da minha vida, mesmo quando aos 16 anos fui para o Colégio Naval, onde ilustrava o jornal da escola e pintava cenários.”


Luiz fez carreira na Marinha do Brasil, onde se aposentou em 1999, vindo morar em Belo Horizonte. Apesar dos 17 anos no mar, além de alguns anos em Brasília e em Londres, estava sempre desenhando, pintando e fazendo cursos para aperfeiçoar a técnica. Mas, ainda não encarava a arte de forma profissional. Em 1973, aos 21 anos, conquistou o primeiro lugar na Mostra de Arte da Escola Naval e menção honrosa, em 1984, no V Encontro de Pintores da Sociedade Acadêmica Phoenix Naval.


Luiz idealizou sua vida passo a passo e conseguiu cumprir a meta de primeiro trabalhar na marinha, estudar técnicas da pintura e de ao aposentar-se dedicar-se ao ensino do desenho e à criação. E é isso que tem feito atualmente, de acordo com o planejado. Há 11 anos assumiu a arte profissionalmente e vem expondo seu trabalho em diversas mostras coletivas e individuais, como no XI Salão do Mar do Clube Naval (RJ), Coletiva no Pampulha Iate Clube (BH), Exposição Coletiva “Cem Anos de Monalisa” (Ouro Preto, Brasília e Belo Horizonte), Concurso Utopia 2009 (Portugal) e Coletiva no Jayabujanra (Curitiba), entre outras.


Durante o período na marinha participou de vários cursos livres, como de desenho e cerâmica na School of Art Putney em Londres. Em 2003, formou-se em Artes Plásticas pela Escola Guignard (UEMG-Universidade do Estado Minas Gerais) com especialização em pintura e cerâmica.

 (Geraldo Goulart/ Encontro/ DA Press)

Com o passar dos anos o artista desenvolveu uma técnica especial, denominada por ele de “espatulato raspado”, em que sobrepõe camadas sucessivas de tintas, que, com o manejo delicado da espátula, resultam em efeitos tonais não proporcionados somente pelo uso do pincel. A técnica permite um efeito plástico e ótico diferente, que confere à obra um toque personalizado. Dela surgem figuras expressivas, coloridas e carregadas de simbolismo. “Não me interesso em apenas representar um objeto, mas alguma coisa além, que traz um simbolismo embutido na imagem retratada. Considero meu trabalho primordialmente figurativo, onde priorizo a precisão na representação de formas e muita liberdade pictórica”, explica o artista.


Os retratos têm um toque especial do artista: “Gosto de pintar retratos, de passar a expressão e a personalidade da pessoa para a tela. Reproduzir a emoção por meio da forma me dá prazer”, ressalta Luiz.


Além de dedicar-se à sua obra, Luiz Jahnel também busca repassar a experiência adquirida nesses anos. Em seu ateliê, na Savassi, e na Escola Maison de Arte ele diz se sentir realizado. “Gosto muito de ensinar e fico feliz quando o aluno insiste, esforça-se e consegue terminar o desenho começado. Acredito que o talento conta, mas é preciso muita prática, para desenvolver a percepção da forma e transmitir, por meio dela, a emoção,” explica.


A vontade de ensinar desenho é tamanha, que o artista-professor, desenvolveu um método especial colocado de forma didática no livro “Minhas primeiras lições de desenho”. O livro, ele conta, “é fruto de anos de experiência, que coloquei no papel e onde procuro indicar o caminho para quem quer desenhar por conta própria. Já está pronto, só falta encontrar uma editora interessada em publicá-lo.”


Ele tem ainda apreço especial pela ilustração de livros infanto-juvenis e tem vários publicados, entre os quais “O Rodeio” de Conceição P. Abritta, “O Mundo Que Eu Vejo”, de Luiz Antonio Aguiar, “A Caverna e o Forno” de Rubem Alves, “O Desafio de Escolher”, de Sidnei Berna e “Depois do Arco-Íris”, de Elza Aguiar Neves.


Perdeu a Marinha do Brasil um oficial, mas a arte plástica brasileira ganhou, não só um artista, mas um professor apaixonado também pela arte de ensinar.

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