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Caixa Cultural traz espetáculo que une linguagem cênica, visual e musical

O projeto Edifício Aurora oferece apresentação com tradução simultânea para surdos

Julyerme Darverson - Publicação:24/03/2016 10:30Atualização:24/03/2016 11:45
Nos dias 25, 26 e 27 de março, na Caixa Cultural Brasília, acontece o espetáculo Edifício Aurora, que une linguagem cênica, musical e visual. O projeto traça as relações das pessoas com os locais em que vivem, abordando sentimentos, moradias, família e moral, por exemplo. Por meio de projeções em vídeo sobre cenário e atores, a peça proporciona vivências sensoriais e poéticas únicas. A apresentação conta ainda com a tradução simultânea para surdos através da língua brasileira de sinais – LIBRAS.
 
O espetáculo foi criado especialmente para que qualquer pessoa possa vivenciá-lo de forma ampla e inovadora (Gabi Cerqueira/Divulgação)
O espetáculo foi criado especialmente para que qualquer pessoa possa vivenciá-lo de forma ampla e inovadora
 
Para o diretor do projeto, Hugo Casarisi, o experimento tem como característica filosófica tentar descobrir mais possibilidades de mesclar as linguagens. “Nós estamos fazendo e criando imagens que possibilitam diversas leituras. Não estamos preocupados em passar a mesma mensagem para todos os espectadores. Não estamos interessados em convencer as pessoas a pensar como nós. Nós queremos que as pessoas simplesmente entendam como quiserem, ou como puderem”, comenta.
 
O espetáculo conecta integrantes de vários coletivos de arte do Distrito Federal e conta com a participação de cerca de 30 pessoas que trabalham diretamente no projeto, atuando em diversas áreas.
 
Tradução simultânea para surdos

O evento contará com a tradução simultânea para surdos, usando a língua brasileira de sinais, LIBRAS, para narrar o que acontece em cena. “As políticas nacional de cultura, educação e de outras áreas está mais inclusiva. Os produtores culturais estão cada vez mais interessados em incluir as pessoas com deficiência nos seus eventos e apresentações”, explica Hugo Casarisi.

Segundo o diretor, foi um desafio imenso transformar um espetáculo basicamente musical em algo poeticamente visual, que fosse possível abstrair a falta de sons. “Nós precisávamos incluir as pessoas dentro da estética do projeto, e não simplesmente colocar um tradutor na beira do palco. Queríamos que esse sistema de linguagem fosse inscrito no espetáculo, e não escrito sobre ele”, completa.

'Estou muito feliz com os resultados 
que estão enriquecendo esse aspecto
cênico que é tão importante', diz
Virgílio Soares, intérprete de LIBRAS
 (Reprodução/YouTube)
"Estou muito feliz com os resultados
que estão enriquecendo esse aspecto
cênico que é tão importante", diz
Virgílio Soares, intérprete de LIBRAS

O diretor destaca ainda que teve uma grande dificuldade em encontrar um teatro que fosse completamente acessível e cumprisse as determinações.

O intérprete de LIBRAS, Virgílio Soares, conta que fazer a interpretação teatral é mais complicado do que traduzir uma conferência, por exemplo. “Chegar em um espetáculo que tem o texto todo amarrado, tá todo decorado, e que têm várias falas com diversos discursos implícitos nelas, com toda uma estruturação cênica, sem um preparo anterior, era bastante difícil no início”, explica.

Por conta disso, Virgílio começou a fazer a preparação das traduções e propôs aos grupos em que trabalhou para fazer o preparo com antecedência. “Eu comecei a participar dos ensaios para observar qual era a estrutura da cena, a marcação dos personagens, as falas, e até mesmo da iluminação. De todo o processo criativo até o momento da apresentação”, comenta.

Além disso, durante o processo de produção, o diretor Hugo Casarisi convidou Virgílio para também atuar na peça. “A experiência tá sendo muito rica. Estou muito feliz com os resultados que estão enriquecendo esse aspecto cênico que é tão importante”, diz Virgílio.

Da plateia

Maíra Bonna Lenzi, 31 anos, servidora do IBGE na área de estatística, sempre acompanha peças musicais com o filho de 3 anos. Mas, para ela, é difícil acompanhar o que é falado em cena. Por quase não ter apresentações que faça a tradução para surdos, Maíra lê informações sobre a peça antes e vai deduzindo ao longo da apresentação. “Minha dificuldade é intrínseca à compreensão das falas. Eu simplesmente não entendo. Quando tem intérprete ou legendas, eu entendo tudo.”, explica.

Segundo Maíra, essa dificuldade também acontece quando ela vai ao cinema ver filmes dublados ou nacionais, que não oferecem legenda, e quando assiste televisão. “Eu prefiro legenda, mas quando tem libras, eu já fico muito feliz e me sentindo valorizada. Mas o ideal seria ter duas opções de intérpretes, porque há surdos que não sabem libras”. Maíra virá do Rio de Janeiro, onde mora atualmente, para assistir ao espetáculo Edifício Aurora. 

Além das apresentações pagas, sessões grátis serão oferecidas às 15h nos dias de espetáculo (Gabi Cerqueira/Divulgação)
Além das apresentações pagas, sessões grátis serão oferecidas às 15h nos dias de espetáculo

SERVIÇO
Edifício Aurora
Local:  Caixa Cultural Brasília - Setor Bancário Sul  Quadra 4 Lotes 3/4
Data/Horário: 25/03 e 26/03 às 20h; e 27/03 às 19h
Classificação indicativa: 16 anos
Valor: RS10,00 (inteira) e R$5,00 (meia) - *também paga meia quem fizer uma doação de agasalho.
 
Apresentações gratuitas às 15h na sexta, sábado e domingo;
 
Informações
Hugo Rodrigues (61) 9633-4843, studiodartelivre@gmail.com
Luciana Ribeiro(61) 8638-6027, ladycaos7@gmail.com
Carol Cunha (61) 9999-3720 carol@novelocomunicacao.com.br
 
Ficha técnica
Idealização: Fábio Rennó, Hugo Casarisi
Roteiro: Fábio Rennó, Hugo Casarisi, Káshi Mello
Direção Geral: Hugo Casarisi1
Elenco: Káshi Mello ; Julia Carvalho; Virgílio Soares
Músicos: Eufrasio Prates; Ramiro Galas; Phil Jones
Tradução LIBRAS: Virgílio Soares
 
Apresentação: FAC, Secretaria de Cultura e Governo do Distrito Federal.

Apoio: Blue Tape Media, Gomes & Costa Soluções Administrativas, ASCAPSIS, Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e Caixa Cultural.

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