Começa nesta quinta-feira (27/07) a exposição "Zeitgeist - Arte na Nova Berlim", no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Depois de passar por Belo Horizonte e Rio de Janeiro, a produção chega à Brasília destacando a nova geração de artistas radicados em Berlim, capital da Alemanha. A mostra reúne um panorama consistente do movimento que começou no fim da Guerra Fria. Uma palestra com Sven Marquardt - o mais popular host do famoso Berghain, clube underground de música techno de Berlim - e com o curador da exposição Alfons Hug está agendada para segunda-feira, dia 01 de agosto.
O mosaico da exposição "Zeitgeist" aproxima o público brasileiro da realidade artística e cultural de uma Berlim contraditória e fascinante, plural e diversa, que desconhece limites quando se trata de pensar, viver a arte e se reinventar. Através da pintura, fotografia, vídeo-arte, performance, instalações e a cultura dos famosos clubes berlinenses; os brasilienses terão a oportunidade de ver características que reinventaram a cidade através do olhar de 29 artistas.
Nos dias 19 de agosto, 16 de setembro e 12 de outubro, Djs e Vjs representarão as tradicionais festas dos clubes berlinenses, que tiveram um papel importante no mundo das artes de Berlim.
Caminhos conceituais
Marcada por duas guerras mundiais e dividida por um muro durante quase três décadas, a capital da Alemanha se reergueu das cinzas. Esse momento serviu como base para a criação de conceitos que deram início ao movimento. O curador da exposição Alfons Hug indica seis caminhos que podem ser percorridos na mostra.
- A ruína como categoria estética: os artistas Cyprien Gaillard (vídeo); Frank Thiel e Thomas Florschuetz (fotografias de grande formato); e Tobias Zielony (projeção de sete mil fotografias individuais) exploram o sentido de beleza entre marcas de destruição, abandono, deterioração e devastação humana.
- Eterna construção e demolição: remete a fúria construtiva que deseja apagar o passado e a melancolia associada ao abandono de muitas construções e espaços em ruínas. Artistas como a dupla Julius von Bismarck e Julian Charrière, Kitty Kraus, Thomas Rentmeister, e o brasileiro Marcellvs L criam novas possibilidades para tratar essa tensão aparentemente eterna.
- Tempo que corre e tempo estagnado: aborda questões que transitam entre tempo-espaço e tempo próprio, aceleração e estagnação, presente e futuro. Artistas como Mark Formanek e Michael Wesely focam nesses dilemas e nas diferentes noções de tempo na terra dividida.
- Hedonismo cruel: nesse segmento se debruçam as fotografias que compõem a sombria série Kubus, de Friederike von Rauch e Martin Eberle; e as instalações de Marc Brandenburg, criadas a partir de motivos extraídos do cotidiano da área e da vida nos clubs. Os vídeos de Julian Rosefeldt e Reynold Reynolds, ambientados nos anos 20 e 30, resgatam as lendárias noites de Berlim, que na época já tinha a fama de "babel dos Pecados". A sala "Clube Berlim" reúne o som eletrônico de sete DJs de Berlim e uma instalação visual/sonora com fotografias de Sven Marquardt e música de Marcel Dettmann.
- Novos mapas e os outros modernos: investiga o redesenho da cartografia da cidade e da própria Alemanha, assim como suas relações com o resto do mundo após a queda do Muro, a partir do ponto de vista de uma arte que prefere se manifestar em terreno irregular, esburacado e incompleto. A nova Berlim se distancia do eurocentrismo e fertiliza uma arte plural, que reconhece e abarca a diversidade do mundo. Nesse panorama se insere o vídeo A caça, de Christian Jankowski, que incorpora novos elementos a uma visão diferenciada da arte.
- O vazio e o provisório: uma tentativa de elaboração das formas criativas, espontâneas e muitas vezes ilegais de ocupação dos grandes espaços baldios ou semidestruídos que o pós-guerra gerou na cidade. A grande quantidade de usos temporários que foram ocorrendo acabou se mostrando benéfica para a cena cultural, pois onde não há nada tudo é possível.
A pintura de Thomas Scheibitz mescla formas duras e estruturas claras com elementos flexíveis em ousadas colorações. Franz Ackermann, por sua vez, transforma mapas, anotações e cadernos de viagens em grandes pinturas a óleo. A melancolia de Sergej Jensen espalha tons de cinza e marrom sobre restos de tecidos puídos e simples panos de saco, usados como base para as pinturas. Norbert Bisky é influenciado por uma variedade de referências, desde imagens de heróis e realismo socialista até mitologia, religião e cotidiano, como na pop art.