Uma Garota Chamada Marina: documentário sobre Marina Lima estreia em canal fechado
Dirigido por Candé Salles, longa-metragem retrata os mais de 40 anos de carreira da artista
Uma mulher à frente do seu tempo e uma artista que, em mais de 40 anos de carreira, canta os anseios de várias gerações. A vida e obra de Marina Lima são tema de “Uma Garota Chamada Marina”, documentário dirigido por Candé Salles e produzido por Leticia Monte e Lula Buarque de Hollanda. “Foram 10 anos filmando. Tive a sorte de acompanhar um período de muitas mudanças na sociedade, principalmente no que se refere à condição feminina que Marina, com suas músicas, retrata como ninguém”, diz o diretor, que registrou a intimidade da ex-namorada e grande amiga entre Rio, São Paulo, Porto Alegre e até mesmo na Alemanha, em Berlim.
O resultado, verdadeiramente intimista, revela uma Marina nunca vista antes. “Inexplicavelmente, em todo esse tempo de carreira, ela só tem um único DVD. Com esse projeto quis, além de homenagear, revelar o que pensa e mostrar quem é esta artista de perto”, frisa Candé.
No processo de criação e no roteiro, realizado a partir do vasto material registrado em diversos suportes e formatos digitais, o filme acompanha a trajetória da artista, suas escolhas e mudanças, bastidores de shows, referências, parcerias, processo criativo e detalhes da sua vida. Nada ficou de fora. “Sempre olho para frente e estou aqui, ativa, produzindo”, diz ela em um dos trechos do documentário, rejeitando qualquer espécie de apego ao passado. Esse é, inclusive, um dos principais motivos alegados para sua mudança do Rio — cidade que soube traduzir e cantar como ninguém — para São Paulo. "Parece que no Rio queriam que eu ficasse ali, parada, cristalizada mesmo. Tipo: aqui temos o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e a Marina Lima", conta.
Marina é atemporal e, não por acaso, constantemente redescoberta por novas gerações. “Esse filme é dedicado aos ‘Grunkies’, que é como chamo os alternativos, os loucos mesmo. É uma tribo de gente que pensa igual, tem muito talento, mas não quer se enquadrar. Quer ser livre. Essa é a minha turma”, decreta a cantora alto dos seus 63 anos.
O documentário começa com um poema escrito para ela pelo irmão, Antonio Cícero. Membro da Academia Brasileira de Letras, poeta e escritor, ele foi um dos parceiros musicais mais constantes de Marina. “O Período Marina e Cícero, nos anos 80, foi um de intenso ativismo”, relembra o escritor Fernando Muniz, que em seu depoimento ressalta a importância das parcerias da dupla.
Já o figurinista Cao Albuquerque entrega histórias de bastidores, da época que o Baixo Leblon tinha ares de centro do universo. “Não dá para se referir à Marina só como cantora, isso seria diminui-la. Ela representa um grito de liberdade, Marina deu voz às mulheres e fez muita gente gozar”, conclui Cao.
Sobre a produção
O longa-metragem é uma realização da produtora Espiral com apoio da TeleImage, e uma produção inédita para o Canal Curta!.