ESPORTE E CIDADANIA

Um olhar especial para o esporte e a vida

Alunos, pais e professores dos Centros Olímpicos contam o que sentiram durante o evento que estimulou a vivência de modalidades esportivas adaptadas.


Publicação: 11/11/2013 09:14 | Atualização: 11/08/2014 15:57

 (Otávio Silva/FAC/D.A Press)

 

Jogos de igual para igual e mais respeito pelas diferenças. Esse foi o saldo da Semana do Esporte Paralímpico 2013, realizada de 5 a 8 de novembro pelo projeto Esporte e Cidadania, parceria entre a Fundação Assis Chateaubriand e a Secretaria de Esporte do Distrito Federal. O evento reuniu milhares de crianças, jovens e adultos com e sem deficiência numa grande vivência do esporte adaptado. De forma bem lúdica e divertida, os alunos dos Centros Olímpicos de Ceilândia (Parque da Vaquejada), Riacho Fundo I, Samambaia e São Sebastião participaram, primeiramente, de um circuito de experimentação e, depois, passaram para os jogos amistosos, que valiam medalhas para todos. Não faltou entusiasmo nas torcidas, que assistiam atentas às partidas de basquete em cadeira de rodas, parabadminton, vôlei sentado, atletismo, bocha e natação adaptados. O deslocamento entre as quadras foi feito com um tapa-olhos. "Foi emocionante sentir o engajamento dos alunos em cada etapa. A garotada transformou cada centro em um ambiente único, de pura integração", resumiu Eduardo Gay, gerente de projetos da Fundação Assis Chateaubriand.

Para a aluna de natação da unidade de Samambaia Karoline dos Santos Martins, 15 anos, foi uma oportunidade de abrir os horizontes e sair com um novo olhar. "Vivenciei realmente o que os atletas paralímpicos sentem, a dificuldade que eles passam, o quanto lutam por aquilo e acho muito importante estar no esporte. Para mim, eles são realmente campeões e merecem muito respeito e mais espaço na sociedade", afirmou a jovem. Outro aluno de natação que se enturmou com os colegas foi Romero de Oliveira, 16. Ele tem síndrome de down e se divertiu com a bocha adaptada. "Foi muito legal jogar as bolinhas", disse o rapaz, com um sorriso no rosto. O pai dele, Ernani Lopes, 73, apoiou a iniciativa. "Assim ele tem muito mais desenvolvimento do que na escola de ensino especial. Ele adora vir para cá, veste o uniforme dele na maior alegria", comentou o aposentado.

 

 (Camila de Magalhães/FAC/D.A Press)

 

No Centro Olímpico de São Sebastião, o aluno Vítor Henrique, 11, se empolgou com as atividades. "Gostei muito do basquete na cadeira de rodas e do parabadminton. Aprendi que é muito bom e a gente tem que respeitar os colegas. Agora vou respeitar mais e brincar com eles", ressaltou o menino. Na avaliação da babá Lauriane Rocha, 29 anos, mãe de aluna de desenvolvimento motor do Centro Olímpico de Ceilândia Lauane Rocha, 7, o evento foi importante para o aprendizado das crianças. "É bom eles terem a noção de como é a vida adaptada para saber lidar com as diferenças e respeitar ainda mais os colegas com deficiência", afirmou Lauriane.

Segundo Ricardo de Oliveira, professor de futsal do Centro Olímpico de Ceilândia, uma vivência que chamou a atenção dos alunos foram as atividades com tapa-olhos. "A corrida com olhos vendados e alguém guiando foi uma boa experiência para os meninos, pois eles puderam sentir o que a pessoa passa para realizar a atividade física", observou. O professor de pessoas com deficiência (PCD) do Centro Olímpico de Riacho Fundo I, Alex Queiroz, comemorou os resultados da Semana do Esporte Paralímpico. "O que achei de mais interessante é que os meus alunos se envolveram com os demais sem estarem separados. Eles se incluíram e os outros se incluíram com eles. Houve uma convivência perfeita, em que eles puderam transmitir a importância do respeito mútuo. Foi muito bom", analisou Alex.

 

 (Marcos Sousa/FAC/D.A Press)


Padrinhos especiais

Cada unidade esportiva contou com um padrinho paratleta. Ceilândia foi representada pelo paratleta de atletismo adaptado e basquete em cadeira de rodas Antônio de Oliveira Rodrigues. Em São Sebastião, o convidado foi Roberto Carlos, do parabadminton. Evanildo da Silva Muniz, da Seleção Brasiliense de Vôlei Sentado, representou o Centro Olímpico de Samambaia e entregou as medalhas às equipes vitoriosas. Na avaliação dele, a Semana cumpriu o objetivo de reforçar a acolhida e afastar o preconceito dos alunos. "Isso é muito importante para as gerações futuras. As crianças têm muita dúvida a respeito do esporte paralímpico, que não é muito divulgado, e ficam curiosas para aprender como jogamos", destacou Evanildo, que teve a perna amputada aos 40 anos por conta de um câncer. "Eu fiquei com depressão, mas me reabilitei por causa do esporte. Mostrando exemplos como o meu, os alunos sabem que podem lutar e aproveitar o esporte ao máximo."]


Quem apadrinhou o Centro Olímpico de Riacho Fundo I foi o paratleta de basquete em cadeira de rodas Neilson Alencar, do time Comissão Jovem de Planaltina. Ele teve parte da perna amputada aos 14 anos e, aos 21, conheceu a prática esportiva paralímpica. Neilson fez questão de ensinar os truques do esporte para os alunos. "Isso é uma vivência que fica marcada na nossa vida. Eu nunca tinha feito esse trabalho de incentivar e ensinar um pouco sobre como manusear a cadeira, jogar a bola na cesta. Foi uma oportunidade muito legal. É uma satisfação imensa ver a alegria das crianças e ouvir elas dizeram que são meus fãs número um."