Retinopatia diabética pode ser prevenida com ida regular ao oftalmologista
Congresso internacional em BH debate novos tratamentos
Celina Aquino
Publicação:14/04/2013 12:29Atualização: 15/04/2013 08:56
O simples hábito de manter a glicose controlada pode reduzir as chances de o diabetes causar perda de visão. Em cerca de 40% dos casos, o distúrbio metabólico evolui para um quadro de retinopatia diabética, que é a principal causa de cegueira na idade adulta. A prevenção está na visita constante ao médico, já que a complicação surge silenciosamente. “Quando bem tratado, o paciente diabético vai preservar a visão até o fim da vida”, afirma a oftalmologista mineira Dorothy Dantés.
Os avanços no tratamento da doença, como o medicamento aprovado há quatro meses pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram discutidos nos últimos três dias em Belo Horizonte, durante o 38º Congresso da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Pela primeira vez, especialistas estrangeiros participaram do evento.
Sem hesitar, o oftalmologista Márcio Nehemy, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e chefe do Serviço de Retina e Vítreo do Hospital São Geraldo, na capital mineira, afirma que os medicamentos antiangiogênicos representam a maior conquista da área nos últimos 20 anos. Com uma resposta rápida, as drogas conseguem devolver a visão a quase metade dos pacientes com retinopatia diabética, à medida que impedem o crescimento de vasos sanguíneos anormais, presentes na fase mais avançada da doença. As injeções vêm se somar ao tratamento com laser, que continua a se mostrar eficiente para afastar a cegueira.
Nehemy reconhece que os medicamentos são caros – uma dose varia de R$ 2 mil a R$ 5 mil –, mas ele acredita que vale a pena o investimento. “O custo emocional da cegueira é maior, pois ela impacta a qualidade de vida de uma maneira devastadora. Os indivíduos ficam limitados, param de trabalhar e podem necessitar de um cuidador”, argumenta. Estima-se que o diabetes acometa mais de 280 milhões de pessoas no mundo, sendo 11 milhões no Brasil.
Em caso de retinopatia diabética, o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre exames, sessão de laser e cirurgia. Por enquanto, os antiangiogênicos estão fora da lista, mas o oftalmologista da UFMG adianta que o governo já estuda incluí-los. “É preciso entender que prevenir a cegueira traz mais benefício que deixar o indivíduo largar o trabalho e necessitar de atenção especial”, destaca. Nehemy estima que a resposta virá até o fim do ano.
Além de permitir que os diabéticos tenham acesso ao tratamento, o esforço da classe médica é fazer com que eles visitem regularmente um oftalmologista. Menos da metade deles é submetida ao exame de fundo de olho, essencial para o diagnóstico da retinopatia diabética. Belo Horizonte já conseguiu avançar. Todos os pacientes com diabetes que vão a uma consulta em posto de saúde são encaminhados para o Hospital Universitário São José, ligado à Faculdade de Ciências Médicas.
De acordo com a especialista em retina Dorothy Dantés, 34% dos 20 mil diabéticos atendidos até agora apresentaram algum grau da doença. Em 7% dos casos, a cegueira estava em fase avançada e alguns pacientes já tinham perdido totalmente a visão.
A meta, esclarece a médica, é atender os 80 mil diabéticos cadastrados na farmácia do SUS da capital mineira. Quando não houver lesão na retina, o paciente será orientado a voltar um ano depois para nova avaliação. Assim, reduz-se a probabilidade de a doença evoluir para a cegueira.
Exame de fundo de olho é essencial
A endocrinologista Adriana Bosco, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes em Minas Gerais e coordenadora do Ambulatório de Diabetes da Santa Casa de Belo Horizonte, reforça que o exame de fundo de olho deve integrar o checape anual do diabético. “Não dá para começar a se preocupar com a doença no dia em que a visão baixar”, diz. Para o diabetes tipo 1, mais comum de ser diagnosticado na infância e juventude, a médica espera três anos depois do diagnóstico para investigar possíveis complicações. Já no diabetes tipo 2, geralmente descoberto na fase adulta, os exames devem ser feitos imediatamente. A retinopatia diabética já pode estar presente, sem nunca ter dado sinais.
Como informa o oftalmologista Márcio Nehemy, o controle rigoroso da glicemia diminui em 75% o risco de o paciente desenvolver a retinopatia diabética, enquanto reduz em 50% a chance de a doença instalada evoluir. De qualquer maneira, quanto mais cedo for diagnosticada a doença, melhor o resultado do tratamento, que pode incluir laser, medicamentos antiangiogênicos e a cirurgia nomeada vitrectomia, em caso de descolamento da retina. “À medida que compreendemos as doenças, conseguimos tratá-las antes de o problema aparecer. Ainda temos o privilégio de não precisar sair daqui para nada, afinal a oftalmologia brasileira é respeitada no mundo inteiro”, analisa.
Para ter certeza de que a diabetes está controlada, só com o resultado do exame conhecido como hemoglobina glicada, que dá a média do nível de glicose dos três meses anteriores. A endocrinologista Adriana Bosco diz que o ideal é ter três laudos por ano com menos de 7%, o que indica que a glicemia está abaixo de 150 miligramas por decilitro (mg/dl). Isso diminui em 40% a chance de o paciente ter retinopatia diabética. A alimentação deve ser regrada. “Siga a dieta mais simples possível, sem industrializados ou entalados. Coma arroz, feijão, carne e salada”. Atividade física também não pode ser esquecida, pois ajuda a manter o peso e a glicemia controlados.
Os avanços no tratamento da doença, como o medicamento aprovado há quatro meses pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram discutidos nos últimos três dias em Belo Horizonte, durante o 38º Congresso da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo. Pela primeira vez, especialistas estrangeiros participaram do evento.
Sem hesitar, o oftalmologista Márcio Nehemy, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e chefe do Serviço de Retina e Vítreo do Hospital São Geraldo, na capital mineira, afirma que os medicamentos antiangiogênicos representam a maior conquista da área nos últimos 20 anos. Com uma resposta rápida, as drogas conseguem devolver a visão a quase metade dos pacientes com retinopatia diabética, à medida que impedem o crescimento de vasos sanguíneos anormais, presentes na fase mais avançada da doença. As injeções vêm se somar ao tratamento com laser, que continua a se mostrar eficiente para afastar a cegueira.
Em caso de retinopatia diabética, o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre exames, sessão de laser e cirurgia. Por enquanto, os antiangiogênicos estão fora da lista, mas o oftalmologista da UFMG adianta que o governo já estuda incluí-los. “É preciso entender que prevenir a cegueira traz mais benefício que deixar o indivíduo largar o trabalho e necessitar de atenção especial”, destaca. Nehemy estima que a resposta virá até o fim do ano.
Além de permitir que os diabéticos tenham acesso ao tratamento, o esforço da classe médica é fazer com que eles visitem regularmente um oftalmologista. Menos da metade deles é submetida ao exame de fundo de olho, essencial para o diagnóstico da retinopatia diabética. Belo Horizonte já conseguiu avançar. Todos os pacientes com diabetes que vão a uma consulta em posto de saúde são encaminhados para o Hospital Universitário São José, ligado à Faculdade de Ciências Médicas.
De acordo com a especialista em retina Dorothy Dantés, 34% dos 20 mil diabéticos atendidos até agora apresentaram algum grau da doença. Em 7% dos casos, a cegueira estava em fase avançada e alguns pacientes já tinham perdido totalmente a visão.
Exame de fundo de olho é essencial
A endocrinologista Adriana Bosco, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes em Minas Gerais e coordenadora do Ambulatório de Diabetes da Santa Casa de Belo Horizonte, reforça que o exame de fundo de olho deve integrar o checape anual do diabético. “Não dá para começar a se preocupar com a doença no dia em que a visão baixar”, diz. Para o diabetes tipo 1, mais comum de ser diagnosticado na infância e juventude, a médica espera três anos depois do diagnóstico para investigar possíveis complicações. Já no diabetes tipo 2, geralmente descoberto na fase adulta, os exames devem ser feitos imediatamente. A retinopatia diabética já pode estar presente, sem nunca ter dado sinais.
Como informa o oftalmologista Márcio Nehemy, o controle rigoroso da glicemia diminui em 75% o risco de o paciente desenvolver a retinopatia diabética, enquanto reduz em 50% a chance de a doença instalada evoluir. De qualquer maneira, quanto mais cedo for diagnosticada a doença, melhor o resultado do tratamento, que pode incluir laser, medicamentos antiangiogênicos e a cirurgia nomeada vitrectomia, em caso de descolamento da retina. “À medida que compreendemos as doenças, conseguimos tratá-las antes de o problema aparecer. Ainda temos o privilégio de não precisar sair daqui para nada, afinal a oftalmologia brasileira é respeitada no mundo inteiro”, analisa.
Para ter certeza de que a diabetes está controlada, só com o resultado do exame conhecido como hemoglobina glicada, que dá a média do nível de glicose dos três meses anteriores. A endocrinologista Adriana Bosco diz que o ideal é ter três laudos por ano com menos de 7%, o que indica que a glicemia está abaixo de 150 miligramas por decilitro (mg/dl). Isso diminui em 40% a chance de o paciente ter retinopatia diabética. A alimentação deve ser regrada. “Siga a dieta mais simples possível, sem industrializados ou entalados. Coma arroz, feijão, carne e salada”. Atividade física também não pode ser esquecida, pois ajuda a manter o peso e a glicemia controlados.