Estudo mostra que um terço dos casamentos nos EUA começam na web

Pesquisa apontou ainda que os casais que se formam no mundo digital podem ser sutilmente mais felizes do que aqueles que se conhecem por outros meios

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AFP - Agence France-Presse Publicação:05/06/2013 11:15
Mas quem é mais feliz? Quando os cientistas analisaram quantos casais se divorciaram ao final do período de estudo, eles descobriram que 5,96% dos casais que se casaram após se conhecerem pela internet tinham terminado a relação contra 7,67% dos casais casados 'offline' (SXC.hu/Banco de Imagens)
Mas quem é mais feliz? Quando os cientistas analisaram quantos casais se divorciaram ao final do período de estudo, eles descobriram que 5,96% dos casais que se casaram após se conhecerem pela internet tinham terminado a relação contra 7,67% dos casais casados 'offline'
Mais de um terço dos casamentos nos Estados Unidos começam com namoros online, e os casais que se formam no mundo digital podem ser sutilmente mais felizes do que aqueles que se conhecem por outros meios, revelou um estudo americano publicado esta segunda-feira.

O namoro online virou uma indústria bilionária e a internet "pode estar alterando a dinâmica e o resultado do próprio casamento", diz o estudo realizado por pesquisadores americanos, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

A pesquisa se baseou em uma consulta com universo representativo da população americana junto a 19.131 pessoas que se casaram entre 2005 e 2012.

"Nós encontramos evidências de uma mudança dramática desde o advento da internet em como as pessoas estão encontrando seus cônjuges", revelou o estudo, chefiado por John Cacioppo, do Departamento de Psicologia da Universidade de Chicago.

No entanto, alguns especialistas discordaram fortemente das descobertas porque o estudo foi encomendado pelo site de relacionamentos eHarmony.com, responsável por um quarto de todos os casamentos online, segundo a pesquisa.

Cacioppo admitiu ser um "conselheiro científico pago" pelo site, mas disse que os cientistas seguiram procedimentos fornecidos pelo Jornal da Associação Médica Americana e concordaram em ser supervisionados por estatísticos independentes.

O perfil das pessoas que disseram ter encontrado seu cônjuge na internet se encontra na faixa etária de 30 a 49 anos e de maior renda do que aqueles que encontram o parceiro fora da rede, revelou a pesquisa.

Entre aqueles que não encontraram sua cara metade online, cerca de 22% a acharam no trabalho, 19% através de amigos, 9% em um bar ou casa noturna e 4% na igreja, revelou o estudo.

Mas quem é mais feliz? Quando os cientistas analisaram quantos casais se divorciaram ao final do período de estudo, eles descobriram que 5,96% dos casais que se casaram após se conhecerem pela internet tinham terminado a relação contra 7,67% dos casais casados 'offline'.

A diferença foi estatisticamente significativa mesmo após controlar variáveis como ano de casamento, sexo, idade, educação, grupo étnico, renda doméstica, religião e status de emprego.

Entre os casais que ainda estavam casados durante o estudo, aqueles que se encontraram no mundo digital contaram ter maior satisfação conjugal - em média, 5,64% em uma pesquisa de satisfação - do que aqueles que se conheceram fora da web (satisfação de 5,48%).

As menores taxas de satisfação foram reportadas pelas pessoas que se conheceram através de familiares, no trabalho, em bares e clubes ou encontros às cegas.

"Estes dados sugerem que a internet pode estar alterando a dinâmica e os resultados do próprio casamento", afirmou Cacioppo.

"É possível que os indivíduos que encontram seus cônjuges online possam diferir em personalidade, na motivação de formar um relacionamento conjugal de longo prazo ou algum outro fator", acrescentou.

Mas nem todos os especialistas acreditam que os namoros online se traduzam em felicidade instantânea.

Eli Finkel, professor de psicologia da Universidade Northwestern, conduziu uma extensa revisão a respeito de pesquisas sobre namoro online no ano passado.

Ele contou à AFP que concordou com as proporções encontradas no estudo da PNAS. Seu estudo mostrou que cerca de 35% dos relacionamentos agora começam na internet.

"O excesso acontece quando os autores concluem que encontrar um parceiro online é melhor do que encontrá-lo fora da rede", afirmou Finkel.

"Ninguém se surpreende quando um efeito minúsculo alcança significância estatística em uma amostra de 20 mil pessoas, mas é importante que não confundamos 'significância estatística' com 'significância prática'", argumentou.

Finkel também condenou o envolvimento do site eHarmony no estudo.

"Sempre sou algo cauteloso quando um projeto é totalmente financiado por uma organização privada que claramente tem um interesse evidente nos resultados", afirmou.

Segundo a psicóloga e escritora Vivian Diller, o estudo realizado ao longo de sete anos foi curto demais para estimar os resultados de longo prazo dos relacionamentos que começam na internet.

"O sucesso no casamento trata-se amplamente de como se negociam as diferenças, não apenas de compatibilidade", declarou à AFP, acrescentando que o namoro online pode despertar expectativas e resultar em uma infelicidade maior.

"Eu acho que os jovens que usam o namoro online parecem utilizá-lo mais como uma brincadeira, especialmente rapazes que olham os perfis das jovens. Eles veem isto como uma oportunidade de conhecer o maior número possível de pessoas e as mulheres se cansam disso", concluiu.

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