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Especialista afirma que mortes no Canadá por uso de anticoncepcionais não são motivo para pânico

Na população geral o risco de trombose em mulheres é de 5 para cada 10 mil. Com o uso da pílula, o risco dobra, mas mesmo assim é um evento raro, passa de 10 para cada 10 mil mulheres. Gravidez e pós-parto aumentam as chances em três vezes: 30 para cada 10 mil

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Valéria Mendes - Saúde Plena Publicação:12/06/2013 10:24Atualização:12/06/2013 11:12

Notícias de mortes relacionadas a uso de anticoncepcional não devem influenciar decisão das mulheres (Marcos Vieira/EM/D.A Press)
Notícias de mortes relacionadas a uso de anticoncepcional não devem influenciar decisão das mulheres
Nesta terça-feira, o Canadá divulgou a morte de 23 mulheres relacionando os óbitos com o uso dos anticoncepcionais Yaz e Yasmin, do laboratório alemão Bayer. No começo do ano, a França confirmou a morte de quatro mulheres em função dos efeitos secundários do uso da pílula Diane 35 do mesmo laboratório. Na época, a jornalista Juliana Rosa, de 31 anos, suspendeu o uso da medicação. Ela conta que recebeu um telefonema do pai após ele ver a nóticia perguntando qual anticoncepcional ela usava. “Quando respondi, ele sugeriu que eu parasse”, relata. Desde então, ela está sem usar pílula. “Com essas novas mortes, minha preocupação foi reforçada e vou procurar um médico mesmo”, afirma.

Edvânia Lima dos Santos tem 35 anos e é babá. Ela também usava o Diane e resolveu trocá-lo por outro medicamento seguindo a orientação de um amigo farmacêutico. “Nem sei se eu fiz bem porque minha perna tem doído mais do que quando usava o Diane”, conta.

Ginecologista e membro do comitê de educação continuada e assistencial da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (SOGIMIG), Agnaldo Lopes da Silva Filho diz que não há motivos para pânico. “É muito mais uma questão legal que envolve um processo jurídico do que um novo fato científico”, alerta o médico sobre a notícia das mortes no Canadá.

Para ele, é importante destacar um dado que pode tranquilizar muita gente: na população geral o risco de trombose em mulheres é de 5 para cada 10 mil. Com o uso da pílula, o risco dobra, mas mesmo assim é um evento raro, passa de 10 para cada 10 mil mulheres. “Do ponto de vista de comparação a gravidez e o pós-parto representam um risco maior que é de 30 para cada 10 mil mulheres”, diz. Fatores que aumentam o risco e que devem ser levados em conta são obesidade, sedentarismo e tabagismo. “O primeiro ano de uso na pílula também aumenta esse risco”, observa.

Agnaldo Lopes recomenda que o uso do contraceptivo não seja interrompido. “Não é motivo para pânico, o uso do anticoncepcional continua extremamente seguro. Não existe ninguém melhor que o médico para saber qual o melhor anticoncepcional para cada paciente”, salienta. Se a dúvida persiste, o ideal é procurar o ginecologista de confiança.

Sobre o Yasmin, ele explica que a composição é um pouco diferente das pílulas mais utilizadas. “É um tipo de progesterona diferente, mas é preciso estudo para saber se essas novas progesteronas aumentariam o risco”, conclui.

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