Vale tudo para manter a forma, o bem-estar e a saúde. Até descobrir novos espaços na cidade para a prática de caminhada e corrida ao ar livre. Com dificuldade de acesso a pistas de cooper já tradicionais, esportistas amadores transformam avenidas movimentadas e quarteirões inteiros em aliados. Na Avenida Getúlio Vargas, na Região Centro-Sul, grupos de corrida se encontram regularmente entre os quarteirões da Rua Maranhão e Avenida Afonso Pena. Ao redor da Academia de Polícia Militar de Minas, no Prado, na Região Oeste, várias pessoas andam para aproveitar o quarteirão enorme. Até prédios comuns, como o da Oi, na Avenida Afonso Pena, e do Comando do Exército, no Santo Agostinho, ambos na Zona Sul, viraram ponto de encontro para caminhadas.

Opção não falta e distância de casa deixou de ser desculpa. O lugar ideal, porém, deve ser escolhido com cautela, segundo orientações do supervisor de atletismo e coordenador do Centro Esportivo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Leszek Antoni Szmuchrowshi. “É preciso verificar se há irregularidades no terreno, como buracos, que podem provocar lesões”, lembra. Não é por acaso que as calçadas amplas e bem conservadas estão entre as preferidas dos atletas de rua. “Regiões com córrego próximo devem ser evitadas, principalmente no tempo seco. Isso porque a água costuma ser poluída e as toxinas que evaporam acabam sendo inaladas e prejudicam a saúde”, observa o especialista. Áreas mais íngremes também podem entrar na lista, já que uma certa carga pode ser benéfica para a atividade.

Para quem ainda não se habilitou a desbravar a cidade para ampliar o mapa de lazer, é uma boa oportunidade conhecer iniciativas da prefeitura. O projeto Domingo, A Rua É Nossa, segundo o especialista, é ideal para dar um pontapé inicial nas atividades físicas periódicas. Criado em 2009, o programa é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, a BHTrans e as secretarias de Administração Regional. O trânsito é interrompido aos domingos, das 7h às 14h. Em junho, foi a vez da Avenida José Cândido da Silveira, na Cidade Nova, e da Avenida Bernardo Vasconcellos, na altura do Bairro Cachoeirinha, na Região Nordeste, integrarem o projeto.

É fácil ver por ali pessoas de bike, andando ou correndo. Alguns levam cachorros; outros preferem reunir toda a família. O casal Renata Fernandes Chaves e Bruno Corrêa aproveitou para levar a filha Clara, de 4 anos, para andar de bicicleta. “Ter um espaço assim é excelente. É um lugar plano. Enquanto ela brinca, aproveitamos para caminhar”, contou Renata. Bem perto dela, Bruna Rocha, de 7, dava seus pulos em um brinquedo que funciona como uma espécie de mola. Com sua tia Estela Rocha, Bruna contou que é atleta no Minas Tênis Clube e gosta de ir à avenida para ficar mais livre para os exercícios. “Ela vem brincar e aproveitei o ar livre para me exercitar”, comentou Estela.

Mas aproveitar o domingo para andar, acompanhar os filhos ou apenas passear por essas avenidas fechadas pode ser um bom caminho para uma vida saudável. É o que garante o coordenador técnico da Run&Fun Assessoria Esportiva e especialista em fisiologia do exercício, Paulo Henrique Santos. De acordo com ele, as ruas fechadas deveriam ser um projeto expandido por todas as áreas da cidade, isso porque, segundo ele, as vias funcionam como um estímulo para atividades físicas. “Ali não há algo programado e contínuo, mas pode ser um pontapé inicial para isso.”

Para quem quer começar a usar o domingão para frenquentar esses lugares, o especialista indica a caminhada como um bom exercício a ser feito ali, por se tratar de vias planas. “Há também o uso das bicicletas, patins e skate. São atividades que trabalham o condicionamento físico”, defende. Paulo afirma que o interessante é que, ao mesmo tempo em que os pais brincam com seus filhos ou cachorro, estão fazendo atividades. “Por isso, é muito importante estar sempre hidratado. O recomendado é tomar 200ml de água a cada 20 minutos. Levar água mineral ou água de coco, porque isotônico é para quem pratica atividade física por mais de uma hora”, afirma. (LE/PT)

Onde funciona o projeto 'Domingo, a rua é nossa'

» Pampulha
Avenida Otacílio Negrão de Lima (entre Avenida dos Estados e Rua São Tomé)

» Centro/Barro Preto
Praça Raul Soares

» Cidade Jardim
Avenida Prudente de Morais (entre Avenida do Contorno e Rua Acaraú)

» Nova Granada
Avenida Silva Lobo (entre ruas Xapuri e Garret)

» Planalto
Avenida Doutor Cristiano Guimarães (entre Avenida General Olímpio Mourão e Rua Branca Ferraz Isoni)

» Mangabeiras/Sion
Avenida Bandeirantes (numa pista entre as praças da Bandeira e JK)

» Buritis
Avenida Senador Lima Guimarães (entre Rua José Rodrigues Pereira e o fim da via)

» Cidade Nova
Avenida José Cândido da Silveira (entre as ruas Camilo Prates e Professor Costa Chiabi, sentido bairro/Centro)

» Cachoeirinha
Avenida Bernardo Vasconcelos (entre as ruas Cônego Santana e Coqueiros)

Para definir o fechamento de alguma rua ou avenida do projeto, as administrações regionais fazem análise na BHTrans dos impactos no trânsito da região. Os pedidos devem ser feitos diretamente nas regionais.