Pré-natal odontológico pode evitar problemas com o bebê
Especialistas sugerem que gestantes deem atenção especial à boca, evitando doenças na criança ou até parto prematuro
Paula Takahashi - Estado de Minas
Publicação:13/08/2013 14:00Atualização: 14/08/2013 14:30
Cuidar da saúde do filho durante a gravidez não se restringe à alimentação saudável e ao acompanhamento médico religioso mês a mês. Para garantir o desenvolvimento adequado do bebê, as mães também precisam dar atenção especial à saúde da própria boca e incluir no calendário de cuidados o pré-natal odontológico. Vencer um mito comum entre as grávidas de que não se pode tratar de dente durante a gestação – principalmente por conta da anestesia e das possíveis radiografias – é o primeiro passo.
Foi essa a grande resistência que a odontopediatra Cynthia Rios teve ao implantar, em fevereiro, o projeto Sorrindo para o futuro da Secretaria Municipal de Saúde de São João del-Rei. “Esse é um tabu forte, mas é preciso lembrar que existe uma relação muito grande entre a saúde bucal da mãe e a saúde geral do bebê”, observa. Um processo inflamatório na gengiva, por exemplo, pode levar a um quadro de parto prematuro – com menos de 37 semanas –, criança de baixo peso e até pré-eclâmpsia, como alerta Cynthia. “Não quer dizer que toda mãe vá ter, mas a inflamação é provocada por uma bactéria que pode cair na corrente sanguínea e estimular contrações uterinas”, observa a odontopediatra.
O obstetra Edson Borges de Souza, membro do comitê de aleitamento da Sociedade Mineira de Pediatria, diz que estudos ainda estão sendo desenvolvidos para comprovar de uma vez por todas a relação entre uma boca doente e o nascimento prematuro da criança. “Mas uma coisa é certa. A presença de problemas periodontais pode dificultar o controle de algumas doenças que acometem a mãe, como o diabetes”, afirma. Nesse caso, o controle da glicemia fica comprometido, o que pode afetar negativamente o bebê e aumentar o risco de anomalias.
A verdade é que o cuidado deve ser redobrado, já que as futuras mães têm grande propensão a desenvolver doenças bucais. Edson Borges alerta que a incidência de gengivite em gestantes é mais comum do que se imagina. Por conta das modificações fisiológicas no corpo da grávida, pelo menos 60% a 70% podem apresentar gengivite ao longo dos nove meses. “As alterações hormonais facilitam o desenvolvimento de inflamação. As mulheres também vomitam mais nessa fase e a saliva pode acabar ficando mais ácida”, explica Edson. O pH mais baixo pode criar um ambiente propício para o desenvolvimento mais rápido de cáries.
É preciso ficar claro que não há nenhuma contraindicação para anestesia ou radiografia ao longo da gestação. Há, inclusive, anestésicos próprios para grávidas. No caso das radiografias, o colete de chumbo deve ser posicionado também na barriga, para proteger a criança. “Não tratar é muito mais arriscado do que o tratamento. Principalmente porque as mulheres com dor, que evitam o dentista, costumam se automedicar, o que pode levar à ingestão de um medicamento prejudicial ao feto”, observa o obstetra Edson.
PÓS-PARTO
E tem mais, as mães com cárie correm um sério risco de passar as bactérias causadoras do problema ao bebê. “É uma doença transmissível que pode sair da boca da mãe para a da criança, principalmente quando ela sopra ou prova a comida antes de dar para o filho”, explica a odontopediatra Cynthia Rios. Portanto, ter cuidado com a higiene bucal é importante para proteger os dentes das crianças nos primeiros meses de vida.
Cynthia recomenda que os bebês também passem por uma limpeza bucal, mesmo que os primeiros dentes de leite ainda não tenham apontado. “Recomenda-se passar gaze, fralda ou pano molhado em água filtrada na gengiva e língua da criança uma vez ao dia”, aconselha. “Geralmente, quando se tem os dentes molares (os do fundo) inicia-se o uso da escova de dentes sem creme dental. O creme dental deve ser sem flúor dos 2 aos 5 anos”, acrescenta a odontopediatra. Os primeiros contatos com o dentista também devem começar cedo. De preferência, depois do primeiro aniversário do bebê.
O que as grávidas precisam saber...
Por que elas estão mais sujeitas à incidência de cárie?
» Aumento da frequência de ingestão de alimento sem aumento da frequência de escovacão
» Mudança de hábitos alimentares
» Acidez bucal (devido aos enjoos e vômitos)
O que fazer para reduzir os riscos?
» Evite bebidas cítricas e com gás
» Bocheche com água e bicarbonato e escove depois dos vômitos
» Chupar chicletes sem açúcar depois das refeições
» Restrinja doces e guloseimas
» Dê preferência a uma alimentação balanceada rica em verduras, legumes e frutas. Lembrando que cálcio de vitamina B não podem faltar na alimentação da gestante
Fonte: Cynthia Rios, odontopediatra
A operadora de caixa Marcela Lopes está prestes a dar a luz e é orientada pela odontopediatra Cynthia Rios
Cuidar da saúde do filho durante a gravidez não se restringe à alimentação saudável e ao acompanhamento médico religioso mês a mês. Para garantir o desenvolvimento adequado do bebê, as mães também precisam dar atenção especial à saúde da própria boca e incluir no calendário de cuidados o pré-natal odontológico. Vencer um mito comum entre as grávidas de que não se pode tratar de dente durante a gestação – principalmente por conta da anestesia e das possíveis radiografias – é o primeiro passo.
Foi essa a grande resistência que a odontopediatra Cynthia Rios teve ao implantar, em fevereiro, o projeto Sorrindo para o futuro da Secretaria Municipal de Saúde de São João del-Rei. “Esse é um tabu forte, mas é preciso lembrar que existe uma relação muito grande entre a saúde bucal da mãe e a saúde geral do bebê”, observa. Um processo inflamatório na gengiva, por exemplo, pode levar a um quadro de parto prematuro – com menos de 37 semanas –, criança de baixo peso e até pré-eclâmpsia, como alerta Cynthia. “Não quer dizer que toda mãe vá ter, mas a inflamação é provocada por uma bactéria que pode cair na corrente sanguínea e estimular contrações uterinas”, observa a odontopediatra.
O obstetra Edson Borges de Souza, membro do comitê de aleitamento da Sociedade Mineira de Pediatria, diz que estudos ainda estão sendo desenvolvidos para comprovar de uma vez por todas a relação entre uma boca doente e o nascimento prematuro da criança. “Mas uma coisa é certa. A presença de problemas periodontais pode dificultar o controle de algumas doenças que acometem a mãe, como o diabetes”, afirma. Nesse caso, o controle da glicemia fica comprometido, o que pode afetar negativamente o bebê e aumentar o risco de anomalias.
A verdade é que o cuidado deve ser redobrado, já que as futuras mães têm grande propensão a desenvolver doenças bucais. Edson Borges alerta que a incidência de gengivite em gestantes é mais comum do que se imagina. Por conta das modificações fisiológicas no corpo da grávida, pelo menos 60% a 70% podem apresentar gengivite ao longo dos nove meses. “As alterações hormonais facilitam o desenvolvimento de inflamação. As mulheres também vomitam mais nessa fase e a saliva pode acabar ficando mais ácida”, explica Edson. O pH mais baixo pode criar um ambiente propício para o desenvolvimento mais rápido de cáries.
Saiba mais...
A orientação é que, ao pensar em ter um filho, a futura mãe trate a boca antes de engravidar. “O ideal é que seja realizado um check-up odontológico para que, caso seja identificada necessidade de tratamento, seja realizado antes da gestação”, alerta Cynthia. A operadora de caixa Marcela Lopes, de 26 anos, seguiu as orientações e foi ao dentista logo no início da gravidez. “Não tinha nada, mas sei das implicações. O bebê pode até nascer prematuro. Por isso fiquei atenta”, conta. Se o planejamento não for possível, o quarto, quinto e sexto meses são os mais aconselhados para procedimentos odontológicos durante a gravidez.- Exercícios podem melhorar humor durante a gravidez
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É preciso ficar claro que não há nenhuma contraindicação para anestesia ou radiografia ao longo da gestação. Há, inclusive, anestésicos próprios para grávidas. No caso das radiografias, o colete de chumbo deve ser posicionado também na barriga, para proteger a criança. “Não tratar é muito mais arriscado do que o tratamento. Principalmente porque as mulheres com dor, que evitam o dentista, costumam se automedicar, o que pode levar à ingestão de um medicamento prejudicial ao feto”, observa o obstetra Edson.
PÓS-PARTO
E tem mais, as mães com cárie correm um sério risco de passar as bactérias causadoras do problema ao bebê. “É uma doença transmissível que pode sair da boca da mãe para a da criança, principalmente quando ela sopra ou prova a comida antes de dar para o filho”, explica a odontopediatra Cynthia Rios. Portanto, ter cuidado com a higiene bucal é importante para proteger os dentes das crianças nos primeiros meses de vida.
Cynthia recomenda que os bebês também passem por uma limpeza bucal, mesmo que os primeiros dentes de leite ainda não tenham apontado. “Recomenda-se passar gaze, fralda ou pano molhado em água filtrada na gengiva e língua da criança uma vez ao dia”, aconselha. “Geralmente, quando se tem os dentes molares (os do fundo) inicia-se o uso da escova de dentes sem creme dental. O creme dental deve ser sem flúor dos 2 aos 5 anos”, acrescenta a odontopediatra. Os primeiros contatos com o dentista também devem começar cedo. De preferência, depois do primeiro aniversário do bebê.
O que as grávidas precisam saber...
Por que elas estão mais sujeitas à incidência de cárie?
» Aumento da frequência de ingestão de alimento sem aumento da frequência de escovacão
» Mudança de hábitos alimentares
» Acidez bucal (devido aos enjoos e vômitos)
O que fazer para reduzir os riscos?
» Evite bebidas cítricas e com gás
» Bocheche com água e bicarbonato e escove depois dos vômitos
» Chupar chicletes sem açúcar depois das refeições
» Restrinja doces e guloseimas
» Dê preferência a uma alimentação balanceada rica em verduras, legumes e frutas. Lembrando que cálcio de vitamina B não podem faltar na alimentação da gestante
Fonte: Cynthia Rios, odontopediatra