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Fundada há apenas seis meses, Escola de Princesas tem alunas na fila de espera

Unidade funciona em Uberlândia. Entre as lições, aulas de costura, culinária, organização do quarto e internet. 80% das alunas matriculadas têm entre 6 e 8 anos

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Laura Valente - Estado de Minas Publicação:26/08/2013 09:30Atualização:29/08/2013 13:15
No 'castelo', a pedagoga Nathália de Mesquita também ensina como montar e se portar à mesa (Escola de princesas/divulgacao )
No 'castelo', a pedagoga Nathália de Mesquita também ensina como montar e se portar à mesa
Uma ideia inovadora, cuja origem vem dos tempos de menina. Filha única, criada com a ajuda da avó materna, Nathália de Mesquita aprendeu a fazer tudo em uma casa: organizar o quarto e os objetos pessoais, fazer almoço, lavar roupa, costurar, manter uma geladeira limpa e funcional, entre outras tarefas. A mãe viajava bastante e ela ficava aos cuidados da matriarca da família, Ana de Mesquita, que achou por bem educar a neta para a vida, para que soubesse se virar sozinha em qualquer situação, antes mesmo da adolescência. Quando voltava de viagem, Ivete Rosa, escritora, ensinava à filha lições de boas maneiras à mesa, a apreciar a cultura de outros povos, a gostar de artes e de literatura. Já crescida, formada em pedagogia, casada, mãe de dois rapazes, Nathália sonhou com uma escola de princesas, em que meninas aprenderiam o mesmo que ela quando criança, ou seja, uma educação para além das convencionais lições de etiqueta.

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Depois de muita pesquisa, o aval de consultores de mercado e o apoio do marido e parceiro, ela fundou o negócio na cidade natal, Uberlândia, em janeiro deste ano. Nos seis primeiros meses, mais de 500 alunas passaram pela escola, e há fila de espera para as próximas turmas. “Fui criada para saber cuidar de uma casa, para casar e ter filhos, mas também para trabalhar fora. Hoje, digo que a jornada dupla das mulheres é possível sim, sem prejuízo nenhum para a família ou a carreira”, acredita Nathália.

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Na Escola de Princesas, nome escolhido para alavancar o marketing do negócio e também para encantar o imaginário infantil, há a oferta de vários cursos e/ou módulos, indicados para crianças de 4 anos até adolescentes de 15, em turmas divididas por idades. O carro-chefe, como explica a pedagoga e proprietária, é o curso chamado Vida de princesa, com duração de três meses. No programa, as aulas são subdivididas em temas como identidade, etiqueta, castelo, relacionamento, estética e de princesa a rainha. Em síntese, são aplicados conceitos de caráter, ética, moral e autoestima; boas maneiras, postura e comportamento à mesa; limpeza, culinária, lavanderia e prendas domésticas; cuidados de higiene e beleza; comportamento nas redes sociais e até orientação sexual. “Neste curso, que considero a coluna vertebral da minha escola, ficamos por duas semanas em cada módulo. Ensinamos como arrumar o quarto, o guarda-roupa, a fazer malas, a preparar mesas para recepcionar, confeccionar porta-guardanapos, além de culinária, primeiros socorros, orçamento doméstico. O diferencial é que vai muito além dos cursos básicos de boas maneiras”, explica Nathália. A escola também oferece módulos individuais, além de minicursos, workshops e programas personalizados.

Em alguns módulos, as alunas vestem-se à caráter: princesas reais e fictícias são exemplo (Escola de princesas/divulgacao )
Em alguns módulos, as alunas vestem-se à caráter: princesas reais e fictícias são exemplo
Empresária, Fernanda Dias Guimarães Assis conheceu a escola por insistência da filha, Valentina Guimarães Assis, de 11 anos. “Pensei que fosse apenas uma escola de bons modos, para criancinhas, mas apaixonei-me pela proposta. Com o curso de três meses, a Valentina melhorou 70% na questão da organização, pede para arrumar a cozinha, me chama para fazer cupcake e aprendeu o que não deve postar na internet”, aponta. O resultado foi tão positivo que a menina já está matriculada no próximo módulo. Na avaliação da mãe, o investimento de R$ 1,2mil por curso vale a pena. “Trata-se de uma proposta mais moderna, mais avançada em questão de conhecimentos. Penso no futuro, no fato de a Valentina morar fora para fazer faculdade e saber limpar uma casa, fazer a própria comida, lavar a roupa, se virar, para resumir”.

Aprendendo cedo
Com instalações que lembram um castelo de conto de fadas, com direito a usar um figurino especial em alguns momentos - vestido e tiara das princesas de histórias da Disney e dos irmãos Grimm –, as alunas mais novas aprendem desde o básico, como escovar os dentes, até ajudar a mãe nas tarefas domésticas. Já as mais crescidas têm até lições de comportamento na internet. “Meu objetivo é ensinar a aluna a ser independente. Quero deixar a vida dela mais fácil, mas também passar algumas dicas e valores.”

Na aula de maquiagem, por exemplo, a professora ensina que o batom vermelho é da rainha e que a princesa deve usar gloss. Na aula de redes sociais, há lições sobre o que pode ou não ser postado na internet. Tudo com o apoio da linguagem lúdica, baseada no comportamento virtuoso das princesas da vida real ou das histórias infantis. “Aqui em Uberlândia, o índice de adolescentes grávidas é muito alto, em todas as camadas sociais. Então, no módulo de educação sexual, explico que tudo o que fazem tem consequência, que a maternidade é uma etapa da vida da rainha e que as princesas devem casar-se com príncipes e engravidar apenas depois”, conta. Nathália explica ainda que atua a partir das qualidades das princesas. “Ninguém relaciona a figura princesa ao lado negativo. Então, a partir dessas qualidades, chamo as alunas para as responsabilidades, como saber se cuidar, gerenciar ambientes, respeitar as pessoas, e, para, mesmo adultas, jamais perderem a doçura, a feminilidade. Trabalho vários perfis e características de princesas para que, a partir deles, as alunas reconheçam nelas aquilo que precisa ser melhorado. Um exemplo: a criança admite que o quarto é uma bagunça, daí ensino que um dia ela terá o seu castelo e precisará cuidar dele. O segredo é conseguir chegar à linguagem do coração delas”, ensina.

BH terá uma unidade
Funcionária pública, Adriana Evangelista Miranda matriculou a filha, Júlia Miranda, de 9 anos, em dois módulos: vida de princesa e o workshop de férias. “Adorei a ideia, inovadora. Levei a Júlia na expectativa de trabalhar a organização e o comportamento dela. O conteúdo é muito bom, ensina noções de ética, a respeitar as pessoas. Se fosse só etiqueta, não me interessaria tanto”. A menina ainda aprendeu a montar uma mesa, a costurar, a fazer dobraduras em guardanapos e está ainda mais interessada em culinária.

O carro-chefe é o curso chamado 'Vida de princesa', com duração de três meses. No programa, as aulas são subdivididas em temas como identidade, etiqueta, castelo, relacionamento, estética e 'de princesa a rainha' (Escola de princesas/divulgacao )
O carro-chefe é o curso chamado 'Vida de princesa', com duração de três meses. No programa, as aulas são subdivididas em temas como identidade, etiqueta, castelo, relacionamento, estética e 'de princesa a rainha'
A Escola de Princesas, no entanto, não oferece a educação completa e muito menos opera milagres, como reforça Nathália. “Converso muito com os pais durante uma entrevista pré-matrícula, explico que a Escola de Princesas é um apoio, uma ajuda. Aqui dentro, ensino para as alunas que a mãe da princesa é a melhor amiga e outros valores. A partir disso, tenho a liberdade de falar com os responsáveis sobre o que acontece aqui, sobre o que elas me confidenciam. Quando há necessidade, peço-lhes que conheçam mais o coração das filhas.”

Até agora, 80% das alunas matriculadas têm entre 6 e 8 anos. As mais jovens pedem para conhecer a escola, já as mais crescidas geralmente são matriculadas por vontade dos pais. Além de Nathália, formada em pedagogia, a escola conta com a média de 15 funcionários e parceiros, entre palestrantes, psicólogos, nutricionistas, cozinheiras, cabeleireiras, maquiadoras. “Monto as turmas e coordeno tudo, daí distribuo as atividades.”

A pedagoga não esperava tamanho retorno, mas reconhece que montar a escola foi uma boa ideia, já devidamente registrada e com planos de expansão, diga-se de passagem. “Em casa, poucas mães têm tempo para ensinar. Mesmo para as meninas a rotina é apertada. Contratamos uma equipe de consultores e constatamos que não existia nenhuma escola desse tipo no Brasil e nem no mundo, mas quando inaugurei pensava em receber 10 ou 20 alunas. Em duas semanas já havia 150 matrículas e lista de espera. Hoje, mais de 500 meninas já passaram pela escola. Concluo que os pais têm gostado dos resultados e já estou montando uma nova unidade, em Belo Horizonte”, comemora.
    • 26/08/2013
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