Coquetel de anticorpos barra o vírus ebola
Feita a partir da nicotina, vacina curou 43% dos macacos infectados e começará a ser testada em humanos. Tratamento estará disponível para uso clínico em até cinco anos
Estado de Minas
Publicação:28/08/2013 11:00Atualização: 28/08/2013 11:34
A cura para infecções causadas pelo vírus ebola pode estar em um coquetel terapêutico feito com três anticorpos produzidos a partir da nicotina. A mistura mostrou-se eficaz no tratamento da doença em testes com macacos rhesus mesmo depois de dois dias de contágio. Chamado de MB-003, o coquetel foi desenvolvido por pesquisadores da Divisão de Virologia do Instituto de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID) e tem chances de se transformar na primeira intervenção mais efetiva contra a grave doença infecciosa, já que o tratamento atual se baseia em ações paliativas. A estimativa dos cientistas é de que a droga esteja disponível para uso clínico até 2018.
A mistura é formada por três anticorpos monoclonais — que são proteínas muito similares aos anticorpos encontrados no corpo humano. Individualmente, eles oferecem proteção contra o vírus da família Filoviridae; quando combinados, conseguem abafar os efeitos da infecção. Os testes de eficiência realizados em macacos mostraram que o coquetel curou 43% do total de animais infectados. A taxa de mortalidade do ebola varia entre 50% e 90%.
“Nós demonstramos que o coquetel funciona de forma terapêutica mesmo depois que a doença já se estabeleceu. Até agora, as drogas em desenvolvimento foram testadas apenas após a exposição imediata ao vírus”, explica Larry Zeitlin, Ph.D. em biotecnologia e um dos autores da pesquisa. O estudo foi divulgado na revista científica Science Translational Medicine. O próximo passo do grupo de cientistas é realizar testes de eficiência em macacos e, em seguida, iniciar os experimentos com humanos.
Alerta global
O vírus ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, na atual República Democrática do Congo, e batizado com o nome de um rio da região. Desde a sua descoberta, cerca de 2 mil casos — dos quais 1,3 mil foram fatais — foram registrados, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras (MSF). O pior surto ocorreu em 2000, em Uganda, quando 450 pessoas foram infectadas e cerca da metade morreu. O último surto ocorreu em agosto do ano passado. Uma epidemia do vírus causou a morte de 16 pessoas também em Uganda e outras 50 foram diagnosticadas como possíveis vítimas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O risco de infecção pelo vírus é considerado caso de saúde pública na África e no Sudeste da Ásia, tanto para humanos quanto para animais. Os surtos ainda estão restritos a certas localidades, mas, devido ao aumento do fluxo de pessoas e mercadorias, existe uma forte tendência para que ele atinja outras áreas.
Outra preocupação é que o vírus seja usado como arma terrorista, em razão dos efeitos rápidos e devastadores provocados por ele. “Existem registros de que o vírus foi usado como arma pela antiga União Soviética. Atualmente, os surtos estão limitados, mas poderiam ser uma ameaça real para a saúde pública caso chegassem aos grandes centros”, relata Larry Zeitlin.
Transmitido pelo ar, pelo contato sexual, pelo sangue e por secreções de pessoas contaminadas, o vírus ebola ataca veias e artérias do corpo e provoca febre hemorrágica generalizada. A origem da doença ainda é desconhecida.
“Sabe-se apenas que ela é muito contagiosa e que muitos profissionais de saúde que cuidaram de doentes adoeceram e morreram”, conta o epidemiologista Pedro Tauil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Para o especialista brasileiro, o coquetel é uma forma inovadora de lidar com a infecção. “É uma abordagem terapêutica diferente das tradicionais, pois não há ainda doenças infecciosas tratadas dessa forma”, ressalta.
Com uma proteína
Em dezembro de 2011, cientistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, deram um passo importante para a criação de uma vacina contra o ebola. O grupo também utilizou a nicotina para a produção de vacinas. Nesse caso, o DNA do vírus foi inserido na folha do tabaco, fazendo com que ela produzisse uma proteína eficaz contra o micro-organismo causador da doença. De acordo com Charles Arntzen, que participa do estudo, a vacina desenvolvida é mais barata, e o composto produzido, altamente estável, o que torna possível armazená-lo em temperatura ambiente por períodos prolongados.
A vacina está em fase de testes com camundongos.
A mistura é formada por três anticorpos monoclonais — que são proteínas muito similares aos anticorpos encontrados no corpo humano. Individualmente, eles oferecem proteção contra o vírus da família Filoviridae; quando combinados, conseguem abafar os efeitos da infecção. Os testes de eficiência realizados em macacos mostraram que o coquetel curou 43% do total de animais infectados. A taxa de mortalidade do ebola varia entre 50% e 90%.
“Nós demonstramos que o coquetel funciona de forma terapêutica mesmo depois que a doença já se estabeleceu. Até agora, as drogas em desenvolvimento foram testadas apenas após a exposição imediata ao vírus”, explica Larry Zeitlin, Ph.D. em biotecnologia e um dos autores da pesquisa. O estudo foi divulgado na revista científica Science Translational Medicine. O próximo passo do grupo de cientistas é realizar testes de eficiência em macacos e, em seguida, iniciar os experimentos com humanos.
Alerta global
O vírus ebola foi identificado pela primeira vez em 1976, na atual República Democrática do Congo, e batizado com o nome de um rio da região. Desde a sua descoberta, cerca de 2 mil casos — dos quais 1,3 mil foram fatais — foram registrados, de acordo com os Médicos Sem Fronteiras (MSF). O pior surto ocorreu em 2000, em Uganda, quando 450 pessoas foram infectadas e cerca da metade morreu. O último surto ocorreu em agosto do ano passado. Uma epidemia do vírus causou a morte de 16 pessoas também em Uganda e outras 50 foram diagnosticadas como possíveis vítimas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O risco de infecção pelo vírus é considerado caso de saúde pública na África e no Sudeste da Ásia, tanto para humanos quanto para animais. Os surtos ainda estão restritos a certas localidades, mas, devido ao aumento do fluxo de pessoas e mercadorias, existe uma forte tendência para que ele atinja outras áreas.
Saiba mais...
“Nossa principal preocupação é que a doença venha à tona no mundo todo. Com o comércio e as viagens globais, um vírus pode viajar de um ponto a outro em 24 horas e infectar pessoas e animais”, explica James Pettitt, pesquisador da Divisão de Virologia do Instituto de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos e autor-chefe do estudo.- Cientistas planejam modificar vírus da gripe aviária para descobrir como ele sofre mutações
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Outra preocupação é que o vírus seja usado como arma terrorista, em razão dos efeitos rápidos e devastadores provocados por ele. “Existem registros de que o vírus foi usado como arma pela antiga União Soviética. Atualmente, os surtos estão limitados, mas poderiam ser uma ameaça real para a saúde pública caso chegassem aos grandes centros”, relata Larry Zeitlin.
Transmitido pelo ar, pelo contato sexual, pelo sangue e por secreções de pessoas contaminadas, o vírus ebola ataca veias e artérias do corpo e provoca febre hemorrágica generalizada. A origem da doença ainda é desconhecida.
“Sabe-se apenas que ela é muito contagiosa e que muitos profissionais de saúde que cuidaram de doentes adoeceram e morreram”, conta o epidemiologista Pedro Tauil, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB). Para o especialista brasileiro, o coquetel é uma forma inovadora de lidar com a infecção. “É uma abordagem terapêutica diferente das tradicionais, pois não há ainda doenças infecciosas tratadas dessa forma”, ressalta.
Com uma proteína
Em dezembro de 2011, cientistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, deram um passo importante para a criação de uma vacina contra o ebola. O grupo também utilizou a nicotina para a produção de vacinas. Nesse caso, o DNA do vírus foi inserido na folha do tabaco, fazendo com que ela produzisse uma proteína eficaz contra o micro-organismo causador da doença. De acordo com Charles Arntzen, que participa do estudo, a vacina desenvolvida é mais barata, e o composto produzido, altamente estável, o que torna possível armazená-lo em temperatura ambiente por períodos prolongados.
A vacina está em fase de testes com camundongos.