Reginaldo Jimenez: dançar flamenco é minha reza
Conheça a surpreendente história do Fundador do Soleá Tablao Flamenco
Letícia Orlandi - Saúde Plena
Publicação:17/09/2013 09:31Atualização: 17/09/2013 10:40
Ainda que não faltasse nada em casa, ele queria ganhar um dinheirinho e começou catando esterco para vender, aos 9 anos. Depois virou jardineiro, aos 11, sem nunca ter abandonado a escola. Aos 13, participou da peça ‘Aurora da minha vida’ (famoso texto de Naum Alves de Sousa). Passou a oferecer serviços de faxina e serviços gerais em escolas de teatro e dança, em troca das aulas. Teve contato com a Companhia de Dança 1° Ato, com o grupo folclórico Sarandeiros, com o Grupo Corpo e com Maurício Tizumba.
Ainda assim, nada havia feito Reginaldo assumir a arte como única profissão. E tudo era às escondidas do pai. Mas um dia, no início dos anos 90, o jovem viu na televisão “El Amor Brujo”, filme do cineasta espanhol Carlos Saura que encerra uma trilogia sobre o flamenco.
Arrebatado, ele sentiu necessidade de descobrir o que era aquilo, de onde vinha, como dançar. Deixou a vida no Brasil e foi viver na Espanha, sem saber o idioma. “Hoje, sou fluente até no dialeto andaluz”, explica Régis, como é conhecido pelos alunos. Aportou primeiro em Madrid, mas sentiu-se em uma metrópole comum, como as brasileiras. Informando-se melhor, chegou a Sevilha. “Senti que havia encontrado o que buscava. O primeiro impacto da cidade sobre mim já foi muito forte”, conta.
Como o próprio Régis lembra, em uma época em que brasileiro trabalhando na Europa era quase sinônimo de prostituição, ele encontrou outro caminho: fez panfletagem e deu aulas de danças brasileiras. “A lambada também estava no auge e os brasileiros eram conhecidos como mestres dessa dança”, recorda o professor. Nesse meio-tempo, surgiu a oportunidade de fazer uma audição para a Companhia de Flamenco Hermanas de Villaú, fundada por María del Mar e Paqui Villaú, professoras formadas pelo Conservatório de Música e Dança de Sevilha. Aprovado, integrou a equipe durante uma turnê, e depois retornou ao Brasil.
Por que Soleá?
Soleá é um dos pilares e uma das formas mais básicas do flamenco - a palavra vem de soledad (solidão). Reginaldo escolheu o nome por ter construído seu sonho, pelo menos inicialmente, sozinho. “Em 1995, abri a primeira unidade da escola, com uma faixa de pano e uma pequena sala. Em um ano, tinha 80 alunos. Não esperava nem 20. Tive que mudar a sede, mesmo com medo de dar um passo maior que as pernas, para atender à demanda. Hoje, com dezenas de turmas lotadas, sou o único estabelecimento há 18 anos ininterruptos aqui nesta rua e meu desejo não mudou: quero mostrar a arte para que as pessoas tenham o desejo de aprender”, resume Reginaldo.
Com o tempo, a escola incorporou outros estilos e oferece, além do Flamenco, a Dança do Ventre, a Dança de Salão e o Tribal Fusion – derivação da dança do ventre que incorpora outros estilos musicais e de dança. “Hoje, meu pai tem orgulho de me chamar de artista, das minhas apresentações no Palácio das Artes e em concursos país afora; além de reconhecer meu talento empreendedor”, finaliza Reginal Jimenez, realizado na arte e na vida.
Saiba mais...
Reginaldo Jimenez teve o primeiro contato com a vida artística no teatro. Para ajudar na expressão corporal, procurou o balé clássico e o jazz. Paralelamente, era técnico de laboratório em um grande colégio particular de Belo Horizonte. Mas, até chegar a esse ponto, Reginaldo já havia feito um longo percurso. Ainda que não faltasse nada em casa, ele queria ganhar um dinheirinho e começou catando esterco para vender, aos 9 anos. Depois virou jardineiro, aos 11, sem nunca ter abandonado a escola. Aos 13, participou da peça ‘Aurora da minha vida’ (famoso texto de Naum Alves de Sousa). Passou a oferecer serviços de faxina e serviços gerais em escolas de teatro e dança, em troca das aulas. Teve contato com a Companhia de Dança 1° Ato, com o grupo folclórico Sarandeiros, com o Grupo Corpo e com Maurício Tizumba.
Reginaldo, ou Régis, como é conhecido pelos alunos, largou tudo e foi para a Espanha após ver um filme sobre flamenco na TV
Arrebatado, ele sentiu necessidade de descobrir o que era aquilo, de onde vinha, como dançar. Deixou a vida no Brasil e foi viver na Espanha, sem saber o idioma. “Hoje, sou fluente até no dialeto andaluz”, explica Régis, como é conhecido pelos alunos. Aportou primeiro em Madrid, mas sentiu-se em uma metrópole comum, como as brasileiras. Informando-se melhor, chegou a Sevilha. “Senti que havia encontrado o que buscava. O primeiro impacto da cidade sobre mim já foi muito forte”, conta.
Como o próprio Régis lembra, em uma época em que brasileiro trabalhando na Europa era quase sinônimo de prostituição, ele encontrou outro caminho: fez panfletagem e deu aulas de danças brasileiras. “A lambada também estava no auge e os brasileiros eram conhecidos como mestres dessa dança”, recorda o professor. Nesse meio-tempo, surgiu a oportunidade de fazer uma audição para a Companhia de Flamenco Hermanas de Villaú, fundada por María del Mar e Paqui Villaú, professoras formadas pelo Conservatório de Música e Dança de Sevilha. Aprovado, integrou a equipe durante uma turnê, e depois retornou ao Brasil.
À frente da escola há 18 anos, Régis mantém o objetivo: mostrar a arte para que as pessoas tenham o desejo de aprender
Soleá é um dos pilares e uma das formas mais básicas do flamenco - a palavra vem de soledad (solidão). Reginaldo escolheu o nome por ter construído seu sonho, pelo menos inicialmente, sozinho. “Em 1995, abri a primeira unidade da escola, com uma faixa de pano e uma pequena sala. Em um ano, tinha 80 alunos. Não esperava nem 20. Tive que mudar a sede, mesmo com medo de dar um passo maior que as pernas, para atender à demanda. Hoje, com dezenas de turmas lotadas, sou o único estabelecimento há 18 anos ininterruptos aqui nesta rua e meu desejo não mudou: quero mostrar a arte para que as pessoas tenham o desejo de aprender”, resume Reginaldo.
Com o tempo, a escola incorporou outros estilos e oferece, além do Flamenco, a Dança do Ventre, a Dança de Salão e o Tribal Fusion – derivação da dança do ventre que incorpora outros estilos musicais e de dança. “Hoje, meu pai tem orgulho de me chamar de artista, das minhas apresentações no Palácio das Artes e em concursos país afora; além de reconhecer meu talento empreendedor”, finaliza Reginal Jimenez, realizado na arte e na vida.
Conheça um pouco mais sobre a tradição da dança espanhola com um trecho da apresentação do Balé Nacional da Espanha: