O medo que impulsiona. O sentimento que, em vez de aprisionar e impedir um passo à frente, o faz sentir desafiado a agir e seguir adiante, apesar das mãos trêmulas e coração acelerado. A modelo que sofre com a passarela, o músico que teme o palco, a pedagoga insegura na direção do carro, a psicóloga desconfortável com altura. Personagens que os leitores do Bem Viver conhecem hoje como exemplos de superação: eles têm “coragem para ter medo”.

Como a cantora e compositora Zélia Duncan que, ao falar do espetáculo 'TôTatiando', inspirado na obra de Luiz Tatit, músico, linguista, vanguardista e professor universitário, declarou que a diretora do espetáculo, Regina Braga, “me deu coragem para ter medo”, já que em vez de cantar ela encena as músicas como numa peça teatral ao interpretar personagens masculinos e femininos das composições de Tati. A cantora deu lugar à atriz. Um salto sem rede, que deu certo. É sucesso. Essa atitude de se reinventar, se descobrir, se desafiar, enfim, ir além, é a receita para superar os medos.

O comportamento de Zélia, que é estimulador, é a proposta que fazemos: saiam da zona de conforto. Livrem-se das amarras, das desculpas que os impedem de buscar o novo. Para tudo há limites, é verdade, mas muitas vezes os encaramos como crenças que refletem apenas inseguranças. O temor de entrar num território desconhecido. Confiança em si é a palavra de ordem. Lembre-se das situações inesperadas que encarou e deu certo. Certamente, é um sinal para acreditar.