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Brasil tem 13,4 milhões de diabéticos e supera expectativa para 2030

Pesquisa do Ibope para a Sociedade Brasileira de Diabetes foi divulgada ontem. As previsões feitas há dois anos para 2030, quando se esperava ter, daqui a 17 anos, 12,7 milhões de diabéticos

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Valquiria Lopes Publicação:23/10/2013 10:22Atualização:23/10/2013 15:49
Os hábitos alimentares inadequados, a falta de atividade física e o tabagismo estão fazendo o exército de diabéticos aumentar em proporções epidêmicas no Brasil. O número de pessoas que têm a doença no país já supera, inclusive, as previsões feitas há dois anos para 2030, quando se esperava ter, daqui a 17 anos, 12,7 milhões de diabéticos. Enquanto em 2010 o total de doentes era de 7,6 milhões, atualmente o cenário é bem pior: 13,4 milhões de brasileiros já desenvolveram a doença, 90% deles com a forma do problema que tem relação direta com o estilo de vida, o chamado diabetes tipo 2.

Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais (Arte: EM/D.A Press)
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Além de não relacionarem as práticas saudáveis de alimentação e estilo de vida ao controle da doença, os brasileiros seguem o caminho do desconhecimento. A grande maioria, 87%, ainda acredita que evitar muito açúcar é a principal forma de prevenção e 23% nem mesmo fizeram algum teste na vida para um diagnóstico. Entre os que se arriscam a classificar a doença, um terço não sabe identificar qual tipo de diabetes tem.

Os dados são da pesquisa “Diabetes: mude seus hábitos”, que mostra a percepção dos brasileiros sobre o impacto causado pela doença e os seus riscos à saúde. No estudo divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), 1.106 pessoas foram entrevistadas em setembro nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Porto Alegre. Entre o universo, 9% delas se declararam diabéticas, número inferior à média nacional que é de 12%. Entre o total dos entrevistados, 48% tinham entre 18 e 39 anos; e 52%, acima de 40 anos. Do universo ouvido, 46% eram homens; e 54% mulheres. Em termos de escolaridade, 22% dos entrevistados tinham até a quarta série do ensino fundamental; 19% da quinta à oitava série do ensino fundamental; 38% do ensino médio; e 22% tinham ensino superior.

Com o cenário atual, o Brasil saltou uma posição e passou de quinto para o quarto país do mundo em número de diabéticos, atrás apenas da China (92,3 milhões), da Índia (62 milhões) e dos Estados Unidos (26,1 milhões).“O diabetes está em expansão no mundo todo. E a população doente pode ser ainda maior já que muitos ainda não têm o diagnóstico”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Balduino Tschiedel. Ele alerta para a necessidade de mudança de vida tanto para quem tem a doença, quanto para quem é saudável.

“As pessoas ainda não se deram conta de que a mudança do estilo de vida é o grande instrumento para prevenção e controle”, diz. Dados da SBD mostram esse quadro. Pelo menos 80% dos diabéticos tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade. Entre esses, apenas 26,8% estão com a doença controlada. No tipo 1, quando a enfermidade é detectada na infância ou na adolescência por insuficiência na produção de insulina, 10,4% mantêm os índices de glicose controlados. É com o comportamento à mesa e com o incentivo à malhação que a campanha quer trabalhar.

“Queremos chacoalhar as pessoas para o fato de que atividade física regular, a alimentação balanceada e a interrupção do fumo são alguns dos fatores primordiais para prevenção do diabetes”, garante o vice-presidente da SBD, o endocrinologista Luiz Turatti. De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados não relacionaram o tabagismo como um dos fatores de risco para o diabetes ou mesmo para o agravamento da doença, sendo que 28% do total afirmaram fumar. Quando questionados sobre atividades físicas, a maioria deles afirmou não praticar: 60% responderam não fazer ao menos 30 minutos de atividades físicas diárias, incluindo as atividades durante o tempo livre ou no trabalho; 18% garantiram praticar exercícios todos os dias da semana; 14% de uma a três vezes; 7%, de quatro a seis dias na semana. E só 28% deles fizeram ligação da prática regular de atividade física com o controle da doença.

Entre os 1.106 abordados, 41% estavam no seu peso ideal; 32% com sobrepeso; 19% no quadro de obesidade (com índice de massa corporal maior ou igual a 30); 1% abaixo do peso ideal; 6% não souberam responder aos dados de altura e peso; e 2% se recusaram a responder. Os cálculos foram feitos com base nas respostas autodeclaradas dos entrevistados.
Ao serem perguntados sobre alimentação, 47% dos entrevistados responderam não ingerir frutas e vegetais diariamente. Eles foram levados a lembrar dos últimos sete dias e quantas vezes, nesse período, tinham consumido esses alimentos. Quatro porcento responderam não comer nem fruta nem vegetal nenhum dia da semana.

CONSCIENTIZAÇÃO
De agora até dezembro, a campanha vai levar informações sobre diabetes em aeroportos, estações de metrô e em pecas publicitárias em ônibus. “Além de informar, queremos desmitificar a doença e mostrar como é possível tratá-la com a dobradinha medicamentos e vida saudável. Não é preciso ter medo do diabetes e sim saber conviver com o problema”, afirma Luiz Turatti.

Ao contratar a pesquisa ao Ibope, a Sociedade Brasileira de Diabetes quis avaliar o quanto a população de fato já entende da doença, que atualmente mata mais que o trânsito e quatro vezes mais que a Aids. Entre 2000 e 2010, o diabetes matou mais de 470 mil pessoas no país. Turatti chama atenção ainda para a precocidade da doença. “Entre os diabéticos, a grande maioria está nas faixas acima de 40 anos. Mas, vale lembrar, que esse cenário está mudando rapidamente. No Brasil, o número de portadores de diabetes mais jovens, dos 30 aos 40 anos, vem aumentando a cada ano”, afirma o endocrinologista.

RESISTÊNCIA
Apesar de ser clara a certeza da gravidade da doença – 93% afirmaram que o diabetes pode levar à morte – ainda é grande a dificuldade de continuar o tratamento. Pela pesquisa do Ibope, 32% alegam que manter a dieta alimentar é o maior obstáculo para se ser firme no controle da glicemia. Ter que furar o dedo para as medições do açúcar no sangue e fazer muitos exames vêm em segundo lugar para 25% dos entrevistados. Ter que tomar o remédio para sempre (21%), e lembrar de tomar esse medicamento todos os dias (10%) também são barreiras apontados no estudo.

Além da resistência própria, o paciente ainda enfrenta outros problemas quando procura o tratamento. Do total de doentes, só 19% deles são tratados pelo profissional especializado, o endocrinologista. A grande maioria está nas mãos dos médicos generalistas (63%), dos cardiologistas (9%) e ginecologistas (4%). Em 5% dos casos, os pacientes não se lembram ou não sabem informar a especialidade do médico que os atendem.

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* A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Diabetes

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