Jovem com pé torto opta por amputar parte da perna para poder usar salto alto
Norte-americana passou por cinco cirurgias corretivas que não resolveram completamente o problema de má formação do pé. Com um sonho de trabalhar com moda, Mariah Serrano preferiu perder parte da perna e passar a usar prótese para poder andar de salto alto
Gabriella Pacheco - Saúde Plena
Publicação:29/11/2013 17:33Atualização: 29/11/2013 18:08
Mariah Serrano, de 21 anos, é uma jovem norte-americana, de Nova York, que há muito tempo tinha um sonho: trabalhar com moda e poder usar salto alto. Parece um sonho bobo? Mariah nasceu com uma má formação congênita no pé esquerdo, o chamado pé torto, o que tornava o sonho praticamente impossível. Após cinco cirurgias e anos de tratamento ela tomou a difícil e polêmica decisão de amputar parte da perna para poder viver seu sonho.
Atualmente, a jovem pós-operada vive com uma prótese que a permite usar qualquer tipo de calçado que queira. E ela garante: “eu nunca me senti tão glamorosa ou empoderada”. A decisão não foi repentina. Em entrevista ao tablóide britânico Daily Mail, Mariah disse que aos 16 anos já havia passado por cinco operações que não tiveram sucesso em corrigir a condição.
“Eu estava cansada de usar aparelhos de imobilização porque um pé era sempre bem menor que o outro e sapatos eram sempre um problema. Eu fui obrigada a usar tênis no meu baile de formatura quando eu tinha 17 anos. Eu não pude evitar o ciúmes que senti das minhas amigas que estavam usando salto alto”, conta.
Mas a jovem diz ainda que não era só uma questão estética. “Quando me disseram que eu nunca poderia usar salto e que deveria desistir da minha carreira dos sonhos eu fiquei devastada”, diz. Em 2009 ela começou a analisar as opções que tinha e considerar a amputação, por mais que a ideia a assustasse.
Um ícone da moda foi decisivo para concretizar a decisão. Foi após ler um artigo sobre um par de próteses feitas pelo designer inglês Alexander McQueen para a paratleta Aimee Mullins que Mariah viu que poderia viver bem sem perna. “Optar por ter minha perna cortada foi a decisão mais difícil que já tive de tomar. Eu ainda acordo às vezes e me pergunto onde ela está”. No entanto, a jovem que agora trabalha como gerente de mídias sociais para a marca Betsey Johnson, não se arrepende da decisão. “Minha prótese me deu muito mais confiança e me ajudou a conquistar a vida que eu queria”, completa.
A causa para a má formação do pé não é conhecida, mas sua origem não é embrionária e o pé com desenvolvimento normal se torna um pé torto durante o segundo trimestre de gestação. O problema está no talus, um osso na região do calcanhar ligado à tíbia que conecta o pé à perna. Esse osso seria o 'pivô' responsável pelo movimento do pé necessário para o uso do salto alto.
Atitude radical
O ortopedista pediátrico da Santa Casa e do Hospital Universitário São José, Leonardo Pelucci Machado, conta que acompanhou dois momentos bem diferentes do tratamento de pé torto e nunca viu um caso de amputação. “Ela é a exceção das exceções. A atitude mais radical”, ressalta.
Ele explica há cerca de 15 anos, o método de Kite era utilizado para lidar com a má formação e apresentava uma baixa taxa de efetividade. Segundo ele, o método de Ponseti, que é mais utilizado atualmente para tratamento da má formação consegue uma recuperação satisfatória de cerca de 90% dos casos.
Correção é possível
A principal diferença entre as duas está na manipulação que é feita nos pés dos bebês que nascem assim. O ortopedista conta que pelo método de Kite as crianças passavam por um tratamento de cerca de seis meses com gesso, seguido cirurgias agressivas em que todo o pé era aberto. “Atualmente fazemos a manipulação com as mãos no pé durante cerca de três meses. Durante esse período a criança chega a usar um gesso para manter o que foi feito. Depois disso fazer uma correção no tendão, e a criança nem precisa de internação. Com esse tratamento o pé fica elástico e extremamente funcional, permitindo que a pessoa use qualquer tipo de calçado, incluindo o salto alto”, explica.
Mariah, na esquerda, após a cirurgia de amputação e, na direita, ainda bebê com a má formação
Mariah Serrano, de 21 anos, é uma jovem norte-americana, de Nova York, que há muito tempo tinha um sonho: trabalhar com moda e poder usar salto alto. Parece um sonho bobo? Mariah nasceu com uma má formação congênita no pé esquerdo, o chamado pé torto, o que tornava o sonho praticamente impossível. Após cinco cirurgias e anos de tratamento ela tomou a difícil e polêmica decisão de amputar parte da perna para poder viver seu sonho.
Atualmente, a jovem pós-operada vive com uma prótese que a permite usar qualquer tipo de calçado que queira. E ela garante: “eu nunca me senti tão glamorosa ou empoderada”. A decisão não foi repentina. Em entrevista ao tablóide britânico Daily Mail, Mariah disse que aos 16 anos já havia passado por cinco operações que não tiveram sucesso em corrigir a condição.
'Eu nunca me senti tão glamorosa ou empoderada', confessa Mariah
Mas a jovem diz ainda que não era só uma questão estética. “Quando me disseram que eu nunca poderia usar salto e que deveria desistir da minha carreira dos sonhos eu fiquei devastada”, diz. Em 2009 ela começou a analisar as opções que tinha e considerar a amputação, por mais que a ideia a assustasse.
Um ícone da moda foi decisivo para concretizar a decisão. Foi após ler um artigo sobre um par de próteses feitas pelo designer inglês Alexander McQueen para a paratleta Aimee Mullins que Mariah viu que poderia viver bem sem perna. “Optar por ter minha perna cortada foi a decisão mais difícil que já tive de tomar. Eu ainda acordo às vezes e me pergunto onde ela está”. No entanto, a jovem que agora trabalha como gerente de mídias sociais para a marca Betsey Johnson, não se arrepende da decisão. “Minha prótese me deu muito mais confiança e me ajudou a conquistar a vida que eu queria”, completa.
A causa para a má formação do pé não é conhecida, mas sua origem não é embrionária e o pé com desenvolvimento normal se torna um pé torto durante o segundo trimestre de gestação. O problema está no talus, um osso na região do calcanhar ligado à tíbia que conecta o pé à perna. Esse osso seria o 'pivô' responsável pelo movimento do pé necessário para o uso do salto alto.
De tênis, no baile de formatura
O ortopedista pediátrico da Santa Casa e do Hospital Universitário São José, Leonardo Pelucci Machado, conta que acompanhou dois momentos bem diferentes do tratamento de pé torto e nunca viu um caso de amputação. “Ela é a exceção das exceções. A atitude mais radical”, ressalta.
Ele explica há cerca de 15 anos, o método de Kite era utilizado para lidar com a má formação e apresentava uma baixa taxa de efetividade. Segundo ele, o método de Ponseti, que é mais utilizado atualmente para tratamento da má formação consegue uma recuperação satisfatória de cerca de 90% dos casos.
Correção é possível
A principal diferença entre as duas está na manipulação que é feita nos pés dos bebês que nascem assim. O ortopedista conta que pelo método de Kite as crianças passavam por um tratamento de cerca de seis meses com gesso, seguido cirurgias agressivas em que todo o pé era aberto. “Atualmente fazemos a manipulação com as mãos no pé durante cerca de três meses. Durante esse período a criança chega a usar um gesso para manter o que foi feito. Depois disso fazer uma correção no tendão, e a criança nem precisa de internação. Com esse tratamento o pé fica elástico e extremamente funcional, permitindo que a pessoa use qualquer tipo de calçado, incluindo o salto alto”, explica.