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Ministério da Saúde e Sociedade Brasileira de Urologia discordam sobre rastreamento de câncer de próstata

Excluindo o câncer de pele, não melanoma, o câncer de próstata será o de mais incidência entre os homens em 2014, devendo atingir 68.800 indivíduos

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Agência Brasil Publicação:04/12/2013 09:59Atualização:04/12/2013 11:33
O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Urologia têm posicionamento diferente quanto ao rastreamento do câncer de próstata. O assunto foi tema nesta terça-feira do 6º Fórum de Políticas Públicas e Saúde do Homem, na Câmara dos Deputados. Segundo dados divulgados em novembro pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), excluindo o câncer de pele, não melanoma, o câncer de próstata será o de mais incidência entre os homens em 2014, devendo atingir 68.800 indivíduos.

Para Aguinaldo Nardi, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, os exames que podem detectar o câncer de próstata devem ser feitos por todos os homens com mais de 50 anos. "Todo homem tem o direito e dever de cuidar da sua saúde, então, após os 50 anos de idade, ele deve consultar o urologista, fazer o exame de toque e o PSA [dosagem do antígeno prostático específico]. Aqueles pacientes que têm pele negra, que são obesos ou antecedente familiar [de câncer de próstata] têm que fazer rastreamento obrigatório", disse.

O representante da área técnica do Programa Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, Daniel Costa, disse que o Ministério da Saúde segue o princípio de que o rastreamento do câncer de próstata, exames mais aprofundados, não deve ser feito, já que pode trazer riscos à saúde do paciente. "Às vezes o exame PSA dá um falso positivo. A pessoa faz o exame, vê o nível alterado. E os exames que se seguem podem causar incontinência urinária, impotência, fora a situação da dor, febre. Fica a questão, se você propõe para a população inteira fazer esse exame, você pode até estar colocando as pessoas em uma condição de risco", disse.

Nardi ressaltou que 30% dos casos de câncer de próstata são diagnosticados em estágio avançado, quando as chances de cura diminuem. Segundo ele, quando descoberto no começo, 90% dos casos da doença são curáveis. "Se os pacientes têm a doença avançada, perdem a oportunidade de ficar curados", disse.

Segundo o Inca, a decisão do uso do rastreamento como estratégia de saúde pública deve se basear em evidências científicas de qualidade, e, no momento, não existem evidências de que o rastreamento para o câncer de próstata identifique homens que precisem de tratamento ou que essa prática reduza a mortalidade pela doença.

"A melhor coisa é você fortalecer a relação do homem com a saúde para que ele vá fazer os exames regulares, uma vez ao ano, principalmente depois dos 30 anos, 40 anos. Conversando com o médico, o profissional vai querer saber do histórico da pessoa. Se ele fica sabendo que essa pessoa tem um pai que morreu de câncer de próstata, se ele tá com algum incômodo, se acorda três vezes durante a noite para ir ao banheiro, ele vai ficar alerta para decidir se faz ou não os exames", disse Costa.

Na avaliação de Nardi, no entanto, o Brasil deveria adotar o rastreamento de oportunidade, ou seja, "todo homem deve ser avisado que existe o problema, e, quando for ao médico, deve ter a próstata examinada", defendeu. Ele explicou ainda que não há uma periodicidade ideal indicada para todos os homens. "O homem fez 50 anos, vai lá, no urologista, e, dependendo do resultado dos exames, ele volta em dois, três anos", declarou.

O presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Euvanius Garcia, também defende o rastreamento da doença, mas ressalta que é importante que o médico reconheça o paciente que não precisa ser tratado, já que, em alguns casos, o tratamento do câncer traz riscos de piora de qualidade de vida que não compensam diante do estado geral de saúde do paciente.

No fórum, Aguinaldo Nardi também chamou atenção para o problema do câncer de pênis, que tem como principais causas a falta de higiene, a fimose e as doenças sexualmente transmissíveis, principalmente o HPV. "[O câncer de pênis] não existe nos Estados Unidos, nem na Europa. No Brasil, o câncer de pênis tem dados que superam os da Índia e do Egito. Nós temos, em média, mil amputações de pênis no Brasil. No Maranhão, surge um caso a cada 13 dias. Lá, esses casos superam os de câncer de próstata. Isso é regionalizado e acontece principalmente em áreas pobres, do sertão, áreas que não têm acesso médico e que o nível socioeconômico é muito baixo", disse.

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