Crianças com rejeição à proteína do leite podem voltar a tolerar o alimento
A alergia à proteína do leite de vaca (APLV) geralmente se manifesta nos primeiros meses de vida
Carolina Cotta - Estado de Minas
Publicação:20/01/2014 14:00Atualização: 19/01/2014 09:05
Fica proibido o leite, o queijo, o iogurte, a manteiga, o sorvete, o biscoito e outras delícias eternizadas na dieta do brasileiro. Às vezes, alguns desses alimentos nem sequer chegam a ser conhecidos: a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) geralmente se manifesta nos primeiros meses de vida. Essa reação adversa do sistema imunológico à proteína do leite é a mais comum entre as alergias alimentares em bebês e crianças, com prevalência de 2% a 3% nos menores de 3 anos. Quando a criança alérgica consome um alimento com essa proteína, seu sistema de defesa reage a ele como se fosse um antígeno, liberando na corrente sanguínea anticorpos e/ou células inflamatórias, levando a uma série de reações.
Os sintomas podem ser gastrointestinais – diarreia ou intestino preso, sangue nas fezes, refluxo gastroesofágico, inflamação do intestino, estômago ou esôfago; dermatológicos – urticária, dermatite atópica, edema de lábio; respiratórios – chiado, dificuldade para respirar; e sistêmicos – anafilaxia, baixo ganho de peso e crescimento. A detecção não é das mais fáceis e o subdiagnóstico pode acarretar reações indesejáveis e muitas vezes graves. Segundo o alergologista Cláudio Oliveira Ianni, presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia – Regional Minas Gerais, desconsiderar o problema pode levar a um edema de glote, com risco de morte. Já o superdiagnóstico pode causar prejuízos nutricionais, mas também psicológicos e sociais ao paciente e sua família.
A propagandista Regina Costa, de 39 anos, tenta enfrentar o problema da melhor forma possível, mas está sete quilos mais magra. Sua filha Manuella, com um 1 ano e 5 meses, teve a alergia detectada aos 45 dias de vida. Toda amamentação era seguida por uma forte diarreia, que todos em volta diziam ser normal, coisa de recém-nascido. Depois de algumas semanas nessa rotina, Regina identificou uma secreção e sangue nas fezes da filha. Correu para o hospital e um gastropediatra começou a investigação do caso. Manuella até pode fazer o teste de alergias, mas por ter menos de 2 anos seu médico prefere outros exames específicos de dosagem de anticorpo para as proteínas do leite de vaca. Mas, na época, como todos os sintomas sugeriam a APLV, Regina concordou em cortar a proteína do leite da sua dieta, já que amamentava, para testar. Melhorou, mas não resolveu, porque Manuella também é alérgica a ovo.
Segundo Cláudio Oliveira Ianni, o principal tratamento é a retirada do leite de vaca o mais rápido possível. Nem a criança alérgica nem a mãe que amamenta devem ter contato com a proteína do leite de vaca, que deve ser substituído pelo leite de proteína hidrolisada ou fórmula de aminoácidos. Quanto mais cedo a alergia for identificada, mais chances a criança tem de voltar a tolerar o alimento. “Mais de 90% das crianças com essa alergia voltam a tomar o leite no futuro. Alimentos como leite e ovo podem voltar a ser tolerados, ao contrário de castanhas e camarão, por exemplo, que são alergias para sempre”, explica o especialista. Depois de um ano a criança pode ser provocada com pequenas porções de leite, em um teste sob supervisão médica.
AJUDA Um auxílio para os alérgicos e familiares é o recém-lançado Guia do bebê e da criança com alergia ao leite de vaca (AC Farmacêutica). A nutricionista Renata Pinotti, mestre em nutrição humana aplicada, orienta familiares sobre as principais manifestações clínicas da alergia, para que a procura por assistência médica seja a mais precoce possível, minimizando os prejuízos que a doença poderia causar. “A maior dificuldade da alergia é que o tratamento requer uma mudança de estilo de vida da família toda. O mais difícil, depois do diagnóstico, é manter uma vida normal no dia a dia. As famílias enfrentam desafios diários para manter o convívio social, como frequentar festas e restaurantes, inserir o filho na escola, selecionar alimentos industrializados isentos de leite”, diz.
Tida como uma alergia típica dos primeiros anos de vida, o perfil da doença tem mudado. Segundo a especialista, alguns adultos que nunca manifestaram sintomas associados e tinham um consumo normal de leite e derivados começaram a aparecer no consultório com sintomas sugestivos de alergia ao leite (inchaço nos lábios, urticária, dificuldade para respirar), diferentes da intolerância à lactose, um problema mais comum em adultos. Enquanto a alergia é uma reação do sistema de defesa do organismo às proteínas do leite, a intolerância à lactose é decorrente de uma falta ou diminuição da lactase, enzima que faz a digestão da lactose. Para Regina, que chegou a perder um pouco do desejo a esses alimentos, em solidariedade à filha, falta mesmo mais informação aos pais.
Fica proibido o leite, o queijo, o iogurte, a manteiga, o sorvete, o biscoito e outras delícias eternizadas na dieta do brasileiro. Às vezes, alguns desses alimentos nem sequer chegam a ser conhecidos: a alergia à proteína do leite de vaca (APLV) geralmente se manifesta nos primeiros meses de vida. Essa reação adversa do sistema imunológico à proteína do leite é a mais comum entre as alergias alimentares em bebês e crianças, com prevalência de 2% a 3% nos menores de 3 anos. Quando a criança alérgica consome um alimento com essa proteína, seu sistema de defesa reage a ele como se fosse um antígeno, liberando na corrente sanguínea anticorpos e/ou células inflamatórias, levando a uma série de reações.
Os sintomas podem ser gastrointestinais – diarreia ou intestino preso, sangue nas fezes, refluxo gastroesofágico, inflamação do intestino, estômago ou esôfago; dermatológicos – urticária, dermatite atópica, edema de lábio; respiratórios – chiado, dificuldade para respirar; e sistêmicos – anafilaxia, baixo ganho de peso e crescimento. A detecção não é das mais fáceis e o subdiagnóstico pode acarretar reações indesejáveis e muitas vezes graves. Segundo o alergologista Cláudio Oliveira Ianni, presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia – Regional Minas Gerais, desconsiderar o problema pode levar a um edema de glote, com risco de morte. Já o superdiagnóstico pode causar prejuízos nutricionais, mas também psicológicos e sociais ao paciente e sua família.
A propagandista Regina Costa, de 39 anos, tenta enfrentar o problema da melhor forma possível, mas está sete quilos mais magra. Sua filha Manuella, com um 1 ano e 5 meses, teve a alergia detectada aos 45 dias de vida. Toda amamentação era seguida por uma forte diarreia, que todos em volta diziam ser normal, coisa de recém-nascido. Depois de algumas semanas nessa rotina, Regina identificou uma secreção e sangue nas fezes da filha. Correu para o hospital e um gastropediatra começou a investigação do caso. Manuella até pode fazer o teste de alergias, mas por ter menos de 2 anos seu médico prefere outros exames específicos de dosagem de anticorpo para as proteínas do leite de vaca. Mas, na época, como todos os sintomas sugeriam a APLV, Regina concordou em cortar a proteína do leite da sua dieta, já que amamentava, para testar. Melhorou, mas não resolveu, porque Manuella também é alérgica a ovo.
AJUDA Um auxílio para os alérgicos e familiares é o recém-lançado Guia do bebê e da criança com alergia ao leite de vaca (AC Farmacêutica). A nutricionista Renata Pinotti, mestre em nutrição humana aplicada, orienta familiares sobre as principais manifestações clínicas da alergia, para que a procura por assistência médica seja a mais precoce possível, minimizando os prejuízos que a doença poderia causar. “A maior dificuldade da alergia é que o tratamento requer uma mudança de estilo de vida da família toda. O mais difícil, depois do diagnóstico, é manter uma vida normal no dia a dia. As famílias enfrentam desafios diários para manter o convívio social, como frequentar festas e restaurantes, inserir o filho na escola, selecionar alimentos industrializados isentos de leite”, diz.
Tida como uma alergia típica dos primeiros anos de vida, o perfil da doença tem mudado. Segundo a especialista, alguns adultos que nunca manifestaram sintomas associados e tinham um consumo normal de leite e derivados começaram a aparecer no consultório com sintomas sugestivos de alergia ao leite (inchaço nos lábios, urticária, dificuldade para respirar), diferentes da intolerância à lactose, um problema mais comum em adultos. Enquanto a alergia é uma reação do sistema de defesa do organismo às proteínas do leite, a intolerância à lactose é decorrente de uma falta ou diminuição da lactase, enzima que faz a digestão da lactose. Para Regina, que chegou a perder um pouco do desejo a esses alimentos, em solidariedade à filha, falta mesmo mais informação aos pais.