Suplementos vitamínicos antioxidantes podem aumentar risco de câncer de pulmão
Durante muito tempo, cientistas acreditaram que antioxidantes poderiam ajudar a evitar tumores, mas vários estudos sugerem comportamento oposto no caso do câncer de pulmão
Publicação:30/01/2014 07:50Atualização: 25/08/2014 12:24
As pessoas que fumam ou que têm câncer de pulmão devem pensar duas vezes antes de tomar suplementos vitamínicos, segundo um estudo divulgado nesta quarta-feira que mostrou que certos antioxidantes podem impulsionar o crescimento de tumores malignos. Os suplementos de vitaminas antioxidantes aceleram o desenvolvimento de lesões pré-cancerosas e o câncer de pulmão em fase precoce, destacou o estudo sueco publicado na revista médica americana Science Translational Medicine, que pela primeira vez esclareceu esse mecanismo.
Os antioxidantes, como as vitaminas A, C e E, permitem neutralizar os radicais livres produzidos pelo organismo que são prejudiciais, porque seu alto poder oxidante pode causar danos às células, acelerar o envelhecimento e provocar câncer. Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que os antioxidantes poderiam ajudar a evitar tumores cancerígenos, mas vários estudos clínicos recentes sugerem que não têm efeito algum para evitar o câncer de pulmão em particular. Pior ainda, podem inclusive aumentar o risco em grupos vulneráveis, como os fumantes.
A razão desse paradoxo era desconhecida até agora, afirmou o professor Martin Bergö, da Universidade de Gotemburgo, Suécia, principal autor deste trabalho. Para a pesquisa, ratos geneticamente modificados para desenvolver pequenos tumores receberam suplementos de vitamina E e um remédio antioxidante.
"Constatamos que esses antioxidantes triplicaram o número de tumores e também aceleraram em grande medida a sua agressividade", afirmou Bergö durante coletiva por telefone. "E os antioxidantes causaram a morte desses ratos duas vezes mais rápido", acrescentou, ressaltando que os efeitos destas substâncias dependem da dose. Assim, quanto maiores as doses, maiores os efeitos. Estas descobertas foram replicadas em dois modelos de pesquisa diferentes, em ratos e em células cancerosas de pulmão in vitro, destacou o pesquisador.
Um efeito prejudicial
Os antioxidantes têm um efeito prejudicial na redução dos níveis de radicais livres nos tumores, o que diminui a quantidade de proteína p53 no sangue e abre a via para a multiplicação das células cancerosas, explicou. Este mecanismo sugere que as pessoas com lesões pequenas ou tumores não diagnosticados nos pulmões, o que é mais provável nos fumantes, devem evitar os suplementos de antioxidantes, disse o professor Bergö.
Falta determinar se este efeito adverso dos antioxidantes também ocorre em outros tipos de câncer, e se estas substâncias são benéficas em pessoas com baixo risco para evitar tumores cancerosos. "Ainda não está claro, se os antioxidantes podem reduzir o risco de câncer em pessoas saudáveis", disse.
Um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI, na sigla em inglês), publicado em 2011 e feito com 28 mil homens de 55 a 74 anos, já tinha mostrado uma relação entre o betacaroteno, um poderoso antioxidante encontrado em muitas plantas e também usado como suplemento alimentar, e uma forma agressiva de câncer de próstata. Os pesquisadores também lembraram que os tratamentos contra o câncer buscam oxidar as células cancerosas para destruí-las. Portanto, os antioxidantes podem debilitar sua ação terapêutica, esclareceram.
Segundo Anderson Silvestrini, oncologista clínico e diretor técnico do grupo Acreditar de Oncologia e Hematologia, de Brasília, ainda existem muitas controvérsias em relação ao papel das vitaminas em relação ao câncer. Originalmente, elas serviriam como um instrumento para retardar o envelhecimento celular e o surgimento de tumores. “Porém, essa teoria tem sido posta em xeque. Acredito que trabalhos como o dos suecos, mesmo se tratando de experimentos com ratos, já servem para discussões acerca disso, apesar de precisarem de uma continuidade para a confirmação (dos efeitos) no organismo humano”, destaca.
Mecanismo sugere que pessoas com lesões pequenas ou tumores não diagnosticados nos pulmões, o que é mais provável nos fumantes, devem evitar os suplementos de antioxidantes
Os antioxidantes, como as vitaminas A, C e E, permitem neutralizar os radicais livres produzidos pelo organismo que são prejudiciais, porque seu alto poder oxidante pode causar danos às células, acelerar o envelhecimento e provocar câncer. Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que os antioxidantes poderiam ajudar a evitar tumores cancerígenos, mas vários estudos clínicos recentes sugerem que não têm efeito algum para evitar o câncer de pulmão em particular. Pior ainda, podem inclusive aumentar o risco em grupos vulneráveis, como os fumantes.
A razão desse paradoxo era desconhecida até agora, afirmou o professor Martin Bergö, da Universidade de Gotemburgo, Suécia, principal autor deste trabalho. Para a pesquisa, ratos geneticamente modificados para desenvolver pequenos tumores receberam suplementos de vitamina E e um remédio antioxidante.
"Constatamos que esses antioxidantes triplicaram o número de tumores e também aceleraram em grande medida a sua agressividade", afirmou Bergö durante coletiva por telefone. "E os antioxidantes causaram a morte desses ratos duas vezes mais rápido", acrescentou, ressaltando que os efeitos destas substâncias dependem da dose. Assim, quanto maiores as doses, maiores os efeitos. Estas descobertas foram replicadas em dois modelos de pesquisa diferentes, em ratos e em células cancerosas de pulmão in vitro, destacou o pesquisador.
Um efeito prejudicial
Saiba mais...
Os antioxidantes impulsionam o avanço do câncer, ao diminuir a quantidade de uma proteína-chave denominada "p53", cuja função principal é destruir as células tumorais para que não causem danos ao DNA. "Quando eliminamos esta proteína em ratos e nas linhas celulares de câncer de pulmão humano, os antioxidantes não tiveram nenhum efeito", disse.- BH tem concentração média de gás que causa câncer de pulmão maior que outras metrópoles
- Antioxidantes podem acelerar propagação do câncer de pele
- Antioxidantes podem facilitar metástases do melanoma, um dos tipos de câncer de pele
- Uso de suplementos alimentares por adolescentes divide opiniões e deixa pais indecisos
- Câncer de pulmão fica 20 anos oculto antes do diagnóstico
- Pelo sopro do paciente, dispositivo detecta tumores no pulmão e o estágio da doença
- Cápsulas detox estão entre as novidades no mercado de suplementos; uso exige orientação
- Anvisa proíbe venda de lote de suplemento sabor morango e banana da marca Whey Protein
- Vitamina E e beta-caroteno são ineficazes contra câncer e doenças cardíacas, diz estudo
- No Dia Mundial do Câncer, campanha quer derrubar preconceitos sobre a doença
Os antioxidantes têm um efeito prejudicial na redução dos níveis de radicais livres nos tumores, o que diminui a quantidade de proteína p53 no sangue e abre a via para a multiplicação das células cancerosas, explicou. Este mecanismo sugere que as pessoas com lesões pequenas ou tumores não diagnosticados nos pulmões, o que é mais provável nos fumantes, devem evitar os suplementos de antioxidantes, disse o professor Bergö.
Falta determinar se este efeito adverso dos antioxidantes também ocorre em outros tipos de câncer, e se estas substâncias são benéficas em pessoas com baixo risco para evitar tumores cancerosos. "Ainda não está claro, se os antioxidantes podem reduzir o risco de câncer em pessoas saudáveis", disse.
Um estudo feito por cientistas do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI, na sigla em inglês), publicado em 2011 e feito com 28 mil homens de 55 a 74 anos, já tinha mostrado uma relação entre o betacaroteno, um poderoso antioxidante encontrado em muitas plantas e também usado como suplemento alimentar, e uma forma agressiva de câncer de próstata. Os pesquisadores também lembraram que os tratamentos contra o câncer buscam oxidar as células cancerosas para destruí-las. Portanto, os antioxidantes podem debilitar sua ação terapêutica, esclareceram.
Segundo Anderson Silvestrini, oncologista clínico e diretor técnico do grupo Acreditar de Oncologia e Hematologia, de Brasília, ainda existem muitas controvérsias em relação ao papel das vitaminas em relação ao câncer. Originalmente, elas serviriam como um instrumento para retardar o envelhecimento celular e o surgimento de tumores. “Porém, essa teoria tem sido posta em xeque. Acredito que trabalhos como o dos suecos, mesmo se tratando de experimentos com ratos, já servem para discussões acerca disso, apesar de precisarem de uma continuidade para a confirmação (dos efeitos) no organismo humano”, destaca.
Com informações da AFP e do Correio Braziliense