Videogames aparecem como um novo método para trabalhar com crianças autistas
Desenvolvimento da fala e maior contato com professores e colegas são apontados como resultado do uso da ferramenta
AFP - Agence France-Presse
Publicação:12/03/2014 15:18Atualização: 13/03/2014 08:32
Ao finalizar o jogo na tela, Sawyer e Michael, de 10 anos de idade, se cumprimentam. O toque físico entre esses dois meninos autistas não era frequente até pouco tempo: foi um aprendizado adquirido através de um console Xbox equipado com Kinect. A escola Steuart W. Weller d'Ashburn, de Virgínia, a cerca de 50 quilômetro a noroeste de Washington, tem um dos centros especializados nos Estados Unidos em testar os consoles de videogames com autistas jovens.
O Kinect, lançado pela Microsoft em 2010, permite jogar sem controles, utilizando seu próprio corpo graças a um detector de movimentos. O aparelho não foi projetado com fins terapêuticos, mas é, segundo especialistas, uma ferramenta interessante para ajudar jovens com transtornos do espectro autista, condição que segundo avaliações da Organização Mundial da Sáude (OMS) afeta 21 em cada 10.000 crianças.
Sawyer Whitely e Michael Mendoza, lado a lado, saltam, se agacham e se abraçam, enquanto na tela seus avatares reproduzem os movimentos a bordo de um bote virtual correndo por um rio revolto. Quando terminam, os dois heróis batem nas mãos um do outro, fazendo um "hi five", gesto de comemoração tipicamente americano.
Suas aplicações "os levam a falar, dar instruções para um colega, seguir as instruções de outro", diz Lynn Keenan, professor especializado. "Temos obtido resultados impressionantes, porque eles têm realmente vontade de jogar", acrescenta.
Ferramenta e não solução milagrosa
Esta motivação é destacada também por Dan Stachelski, diretor do Centro Lakeside para o Autismo em Issaquah (Estado de Washington, noroeste dos EUA). "As crianças estão tão motivadas pelo jogo que se envolvem mais facilmente, tomam a iniciativa, e isso é o que queremos que façam", afirma.
O jogo "Happy Action Theater", por exemplo, em que o jogador tem que atirar bolas e golpear pedras, as crianças, através de seu avatar, "se comunicam com seu entorno na tela". "Muitas crianças podem jogar no mesmo espaço ao mesmo tempo; esse é o primeiro passo do que gostaríamos que conseguissem as crianças para quem a interação social é um desafio e que têm dificuldades para dividir um espaço", acrescenta.
"Várias famílias estão comprovando o potencial" do Kinect, acrescenta Andy Shih, vice-presidente científico da associação de famílias Autism Speaks, que aponta também a vantagem do baixo custo (nos Estados Unidos) de 150 dólares. Os resultados "parecem animadores", mas "nos faltam dados científicos e estamos apenas no começo".
"A população (autista) é tão diversa", comenta. "Há crianças que falam, outras não falam, alguns têm problemas motores, outros não. Uma só ferramenta não pode ser a solução milagrosa que funcione para todo mundo", explica Shih. Não estamos falando de um tratamento, e sim de "uma ferramenta que facilita a aprendizagem", insiste Stachelski.
A ferramenta poderia ajudar até a estabelecer um diagnóstico. Pesquisadores da Universidade de Minnesota instalaram Kinects em uma creche para detectar, sob controle médico, possíveis sinais da patologia, como a hiperatividade.
Sawyer e Michael, de 10 anos, jogam em um dos centros especializados nos EUA em testar os consoles de videogames com autistas jovens
O Kinect, lançado pela Microsoft em 2010, permite jogar sem controles, utilizando seu próprio corpo graças a um detector de movimentos. O aparelho não foi projetado com fins terapêuticos, mas é, segundo especialistas, uma ferramenta interessante para ajudar jovens com transtornos do espectro autista, condição que segundo avaliações da Organização Mundial da Sáude (OMS) afeta 21 em cada 10.000 crianças.
Sawyer Whitely e Michael Mendoza, lado a lado, saltam, se agacham e se abraçam, enquanto na tela seus avatares reproduzem os movimentos a bordo de um bote virtual correndo por um rio revolto. Quando terminam, os dois heróis batem nas mãos um do outro, fazendo um "hi five", gesto de comemoração tipicamente americano.
Saiba mais...
"Fazer este gesto, se cumprimentarem mutuamente, não é algo que vemos muito", disse à AFP Anne-Marie Skeen, professora especializada. "Sawyer, agora, utiliza (o gesto) regularmente conosco. Diz que é uma forma de dizer 'bom trabalho'". Os educadores de Ashburn trabalahm há dois anos com o Kinect pesquisando sobre o déficit de comunicação que caracteriza o autismo.- Criança muito tímida pode sofrer de mutismo seletivo. Saiba o que os gatos têm a ver com isso
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Suas aplicações "os levam a falar, dar instruções para um colega, seguir as instruções de outro", diz Lynn Keenan, professor especializado. "Temos obtido resultados impressionantes, porque eles têm realmente vontade de jogar", acrescenta.
Ferramenta e não solução milagrosa
Esta motivação é destacada também por Dan Stachelski, diretor do Centro Lakeside para o Autismo em Issaquah (Estado de Washington, noroeste dos EUA). "As crianças estão tão motivadas pelo jogo que se envolvem mais facilmente, tomam a iniciativa, e isso é o que queremos que façam", afirma.
Educadores trabalham há dois anos com o Kinect, pesquisando sobre o déficit de comunicação que caracteriza o autismo
"Várias famílias estão comprovando o potencial" do Kinect, acrescenta Andy Shih, vice-presidente científico da associação de famílias Autism Speaks, que aponta também a vantagem do baixo custo (nos Estados Unidos) de 150 dólares. Os resultados "parecem animadores", mas "nos faltam dados científicos e estamos apenas no começo".
"A população (autista) é tão diversa", comenta. "Há crianças que falam, outras não falam, alguns têm problemas motores, outros não. Uma só ferramenta não pode ser a solução milagrosa que funcione para todo mundo", explica Shih. Não estamos falando de um tratamento, e sim de "uma ferramenta que facilita a aprendizagem", insiste Stachelski.
A ferramenta poderia ajudar até a estabelecer um diagnóstico. Pesquisadores da Universidade de Minnesota instalaram Kinects em uma creche para detectar, sob controle médico, possíveis sinais da patologia, como a hiperatividade.