Remoção de tumores cerebrais com paciente acordado permite controlar risco de sequelas
Craniotomia é uma alternativa usada há cerca de 10 anos no Brasil
Gláucia Chaves - Revista do CB
Publicação:03/04/2014 11:30Atualização: 02/04/2014 13:21
Cetl explica ainda que o procedimento é mais usado no tratamento de tumores cerebrais, porém outras complicações também podem ser tratadas dessa forma, como a epilepsia. “Colocamos eletrodos nas extremidades do paciente (mãos e pés) e fazemos estímulos no cérebro, como se fossem pequenos choques”, detalha o especialista. “Assim, conseguimos ver se a região que estamos estimulando está representando a movimentação esperada.” Se a fala for o objetivo, o paciente, já acordado, é provocado a responder perguntas relacionadas ao seu dia a dia. “Nesse momento, estimulamos a área da fala e, se o paciente para de falar ou começa a errar, sabemos que estamos estimulando a área certa e que não podemos lesar aquele local.”
Marcos Vinicius Maldaun, neurocirurgião do Hospital Sírio-Libanês, diz que, em alguns hospitais do país, também é feito um exame de imagem durante o procedimento — a chamada ressonância magnética intraoperatória. “Assim, conseguimos visualizar se foi removido todo o tumor ou se ainda existe doença residual”, justifica. Quando o paciente é acordado, o médico garante que não há dor, uma vez que o “despertar” é feito com drogas com bloqueio anestésico. Maldaun frisa que o procedimento com o paciente acordado resulta em menos tempo de recuperação e de internação. Se, antes, era preciso de três a quatro dias de internação pós-cirúrgica, a craniotomia com o paciente acordado exige apenas um dia. “O retorno ao trabalho também é mais rápido: geralmente, o paciente pode voltar a trabalhar em sete dias, contra três a quatro semanas do método convencional.”
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Cirurgias para a retirada de tumores cerebrais são procedimentos complexos que, muitas vezes, expõem o paciente a sequelas. Para minimizar danos posteriores, a craniotomia com o paciente acordado (tradução do termo em inglês awake craniotomy) é uma alternativa usada há cerca de 10 anos no Brasil. De acordo com o neurocirurgião Luiz Daniel Cetl, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e professor do Departamento de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o paciente é acordado da anestesia no meio do processo para que os médicos possam mapear áreas eloquentes, como a motora, a sensitiva e as da fala. Assim, os especialistas conseguem avaliar em tempo real a segurança da operação.- Experiência de interface cérebro-máquina pode levar à cura da paralisia
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Cetl explica ainda que o procedimento é mais usado no tratamento de tumores cerebrais, porém outras complicações também podem ser tratadas dessa forma, como a epilepsia. “Colocamos eletrodos nas extremidades do paciente (mãos e pés) e fazemos estímulos no cérebro, como se fossem pequenos choques”, detalha o especialista. “Assim, conseguimos ver se a região que estamos estimulando está representando a movimentação esperada.” Se a fala for o objetivo, o paciente, já acordado, é provocado a responder perguntas relacionadas ao seu dia a dia. “Nesse momento, estimulamos a área da fala e, se o paciente para de falar ou começa a errar, sabemos que estamos estimulando a área certa e que não podemos lesar aquele local.”
Marcos Vinicius Maldaun, neurocirurgião do Hospital Sírio-Libanês, diz que, em alguns hospitais do país, também é feito um exame de imagem durante o procedimento — a chamada ressonância magnética intraoperatória. “Assim, conseguimos visualizar se foi removido todo o tumor ou se ainda existe doença residual”, justifica. Quando o paciente é acordado, o médico garante que não há dor, uma vez que o “despertar” é feito com drogas com bloqueio anestésico. Maldaun frisa que o procedimento com o paciente acordado resulta em menos tempo de recuperação e de internação. Se, antes, era preciso de três a quatro dias de internação pós-cirúrgica, a craniotomia com o paciente acordado exige apenas um dia. “O retorno ao trabalho também é mais rápido: geralmente, o paciente pode voltar a trabalhar em sete dias, contra três a quatro semanas do método convencional.”
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