Artroscopia nos pés e tornozelos é cada vez mais utilizada para evitar procedimentos invasivos
Congresso internacional apresentou as últimas novidades na área, algumas técnicas poderão ser utilizadas em Belo Horizonte
Augusto Pio - Estado de Minas
Publicação:10/04/2014 16:00Atualização: 11/04/2014 13:54
O maior congresso de ortopedia e traumatologia do mundo – American Academy of Orthopaedic Surgeons (AAOS) – foi realizado em março, em New Orleans, nos Estados Unidos. Segundo o ortopedista Wagner Vieira da Fonseca, chefe do Departamento de Cirurgia do Pé e Tornozelo do Hospital das Clinicas da UFMG, o congresso foi uma oportunidade de fazer um intercâmbio de conhecimentos, “uma vez que a ortopedia brasileira está alinhada com todos os grandes serviços mundiais”, diz o especialista.
Wagner Vieira destaca, entre outras novidades, a utilização, cada vez maior, da artroscopia nos pés e tornozelos. “É um procedimento no qual se utilizam microcâmeras para visualizar a articulação sem ter que abri-la. Essa técnica é largamente utilizada nos joelhos e nos ombros e agora está se transformando em rotina nos tornozelos e nos pés.” O especialista ressalta que as cirurgias realizadas hoje por artroscopia até há uns dois anos eram invasivas (com incisões). “Atualmente, a artroscopia é feita nos casos de reconstrução de ligamentos do tornozelo em pessoas que torcem frequentemente essa articulação; artrodese do tornozelo (fusão articular – cirurgia que precisava fazer grandes acessos, ocasionando muitos problemas de cicatrização); remoção de corpos livres (fragmentos soltos de osso ou cartilagem no tornozelo); artrodese subtalar (fusão articular de outras articulações no pé e não somente no tornozelo); sinovectomia (especialmente nos pacientes reumáticos – ressecção de membrana com inflamação crônica intra- articular, que leva à deterioração da superfície articular); halux rigidus e artrodese do hálux (desgaste articular do dedão do pé).
A redução de fraturas dos tornozelos e pés foi apontada pelo ortopedista como um dos maiores avanços abordados durante o congresso. “Muitas fraturas dos tornozelos e dos pés comprometem a superfície articular e, geralmente, mesmo abrindo, não se consegue ter uma visualização adequada da superfície articular, especialmente na região anatômica mais posterior. Com o uso das microcâmeras da artroscopia, introduzidas por cânulas de 2mm a 4,5mm de espessura, pode-se ter uma visão ampla de toda a superfície articular e não se deixar nenhum milímetro de desvio. Isso vai definir o futuro da superfície articular e se haverá ou não uma sequela numa fratura de tornozelo ou do tálus (osso que articula com a tíbia). Neste último ano tem-se utilizado cada vez mais essa técnica e o resultado, em termos de ganho de mobilidade articular, cicatrização e controle da precisão da redução tem sido muito maior.”
A substituição da superfície articular por uma articulação mecânica interna mantém a mobilidade articular e é indicada nas pessoas de mais idade (de preferência acima de 65 anos), em vez de se realizar a fusão articular. Sua indicação é precisa e dá bons resultados. Já a artrodese (especialmente a realizada por artroscopia) também retira a dor da articulação comprometida e é mais indicada para as pessoas mais jovens. O treinamento em laboratórios e o acompanhamento de grandes serviços norte-americanos já estão sendo realizados e, dentro em breve, começarão a ser feitos em Belo Horizonte”, diz o médico.
Procedimento utiliza microcâmeras para visualizar a articulação sem ter que abri-la. Essa técnica é largamente utilizada nos joelhos e nos ombros e agora está se transformando em rotina nos tornozelos e nos pés
Wagner Vieira da Fonseca diz que uso de tecnologia possibilita visão ampla da superfície articular
A redução de fraturas dos tornozelos e pés foi apontada pelo ortopedista como um dos maiores avanços abordados durante o congresso. “Muitas fraturas dos tornozelos e dos pés comprometem a superfície articular e, geralmente, mesmo abrindo, não se consegue ter uma visualização adequada da superfície articular, especialmente na região anatômica mais posterior. Com o uso das microcâmeras da artroscopia, introduzidas por cânulas de 2mm a 4,5mm de espessura, pode-se ter uma visão ampla de toda a superfície articular e não se deixar nenhum milímetro de desvio. Isso vai definir o futuro da superfície articular e se haverá ou não uma sequela numa fratura de tornozelo ou do tálus (osso que articula com a tíbia). Neste último ano tem-se utilizado cada vez mais essa técnica e o resultado, em termos de ganho de mobilidade articular, cicatrização e controle da precisão da redução tem sido muito maior.”
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Wagner Vieira esclarece que um grande serviço de Vancouver, no Canadá, mostrou um trabalho com ótimos resultados na utilização da artroscopia na redução das fraturas do tornozelo e fraturas, até então operadas todas com a técnica usual, com excesso de incisões. “Com o controle artroscópico, os cortes forem reduzidos com a introdução simplificada de placas.” O ortopedista mineiro acrescenta que a artroplastia total do tornozelo também evoluiu, inclusive no Brasil. “Trata-se da substituição cirúrgica da superfície articular nos casos de artrose (desgaste da cartilagem articular) do tornozelo. No Brasil, a Anvisa está liberando a utilização de próteses totais do tornozelo, mas, nos Estados Unidos, esse tipo de cirurgia é feito há vários anos.”A substituição da superfície articular por uma articulação mecânica interna mantém a mobilidade articular e é indicada nas pessoas de mais idade (de preferência acima de 65 anos), em vez de se realizar a fusão articular. Sua indicação é precisa e dá bons resultados. Já a artrodese (especialmente a realizada por artroscopia) também retira a dor da articulação comprometida e é mais indicada para as pessoas mais jovens. O treinamento em laboratórios e o acompanhamento de grandes serviços norte-americanos já estão sendo realizados e, dentro em breve, começarão a ser feitos em Belo Horizonte”, diz o médico.