Yoga sem roupa traz mais benefícios?
Prática ganha adeptos nos EUA. Profissionais brasileiros opinam sobre o tema e sua possível chegada ao Brasil
Valéria Mendes - Saúde Plena
Publicação:25/04/2014 09:00Atualização: 25/04/2014 09:39
O estúdio 'Bold & Naked', em Nova Iorque, seria o precursor dessa nova onda nos Estados Unidos. Liderado pelo casal Joschi Schwarz e Monika Wener, a aula individual de naked yoga, com duração de 75 minutos, custa $ 165 (cerca de R$ 366), como informado pelo site. O preço das aulas coletivas não está disponível, mas a dupla oferece horários diversos tantos nos dias de semana quanto aos sábados. Em uma pesquisa simples na internet é fácil encontrar outras escolas no país que oferecem a modalidade. O canal ‘Naked Yoga School’, no Vimeo, vende aulas para aqueles que querem adotar a modalidade em casa. Até as mulheres grávidas estão incluídas no projeto: uma instrutora – também gestante – oferece aulas específicas que prometem ajudar, inclusive, na amamentação.
Instrutor formado pelo The International Sivanada Yoga Vedanta Centres, estudioso do yoga há mais de 12 anos e produtor cultural, Jhonathan Nicoletti lembra que o yoga é uma linguagem codificada há mais de 5 mil anos. “Tudo o que se discute hoje e todas essas linhagens de yoga que existem atualmente foram nesta fonte, pegaram algumas partes e formataram em um método que, em alguns casos, passou a ser vendido como franquia”, explica. O interesse do Ocidente nessa prática milenar se pauta, fundamentalmente, em dois aspectos principais: de um lado, os benefícios estéticos inegáveis para o corpo; de outro, o interesse cada vez mais crescente pela meditação que tem sido validada pela ciência. Pesquisadores têm se debruçado sobre o tema na tentativa de comprovar os resultados sentidos e relatados pelos praticantes. O Saúde Plena já noticiou algumas dessas pesquisas que podem ser relidas abaixo:
Para Jhonathan Nicoletti, é coerente com a essência do yoga a prática sem roupa. “Na Índia, a prática de yoga é extremamente natural, faz parte não só da cultura, mas da vida. As pessoas cortam batata para fazer almoço sentadas na posição de yoga”, exemplifica. Dentro desse contexto, o instrutor diz que não existe pudor ou qualquer associação com aspectos sexuais. “Na maioria das posições de yoga, a ausência de roupas pode ajudar o praticante a conhecer os encaixes do próprio corpo. Eu não vejo nenhum tabu, nenhuma questão. O grande desafio do latino, e do Ocidente em geral, é aprender a se tocar e a tocar o outro sem conotação sexual. No yoga, o corpo é visto como uma forma de transcendência, independentemente de ser de homem ou de mulher. Aspectos muito maiores que o da carne e do sexo estão envolvidos. O pudor desaparece”, afirma.
Jhonathan não acha impossível que o naked yoga chegue ao Brasil, mas o instrutor vê com receio - além da mercantilização do yoga, que para ele, é da ordem do conhecimento público -, é a forma como a modalidade seria veiculada por aqui. “Vivemos num país extremamente machista, muito ligado às questões sexuais. Se as pessoas entenderem que o yoga é uma forma de se desconectar dessas questões, de cuidar do próprio corpo e da saúde, a prática poderia ser encarada com mais naturalidade”, observa.
Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Yoga, Alexandre dos Santos concorda que a nudez é encarada de forma bem diferente pelo ocidental e é algo que precisa ser trabalhado. Ele encara a temática de forma mais objetiva e, do ponto de vista dos benefícios físicos, não vê diferença entre a prática com ou sem roupa. “Não vai ter ganho maior de massa muscular, não vai facilitar o acesso aos chacras. Desde que a roupa seja confortável, o praticante pode usufruir de todos os aspectos positivos do yoga”, resume. Para ele, certas posturas de cruzamento de pernas podem ser mais bem executadas - no caso masculino por causa dos testículos - com a ajuda da contenção da cueca. Alexandre dos Santos encara o naked yoga como modismo. “Tudo que é novidade gera interesse, mas vão permanecer apenas os que se identificam”, aposta.
O presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Yoga aborda a questão da ereção em aula como uma das situações delicadas da prática sem roupa. Joschi Schwarz e Monika Werner, do Bold & Naked Studio, não fogem à temática. As regras são claras no site da escola e estão escritas em maiúsculas: "Se você está procurando um orgasmo, você está no lugar errado". Em entrevistas, já admitiram que ereções durante a aula podem acontecer, apesar de raras. "Não há nada para se envergonhar, vai passar rapidamente", afirmaram ao Daily Mail. Os instrutores explicam que, numa prática de yoga, não há como uma ereção ser sustentada em função da natureza do esforço físico. “Os membros são muitos focados em celebrar seus corpos através do yoga", dizem.
Ainda no site, os coordenadores salientam: "Enquanto muitos equiparam a nudez com o sexo, isso não poderia estar mais longe da verdade em uma aula de yoga sem roupa. É sobre ser confortável em sua própria pele e da confiança incrível que vem com isso”.
O autoconhecimento é um dos principais objetivos do yoga. "Todas as técnicas do yoga levam o praticante para a meditação. A finalidade do yoga é capacitar as pessoas para a meditação. O restante está no meio do caminho, são etapas. É a meditação que proporciona o desbloqueio de ordens sexuais, que ajuda o praticante a descobrir quem ele é, qual a sua missão, para onde quer ir. Sem meditação não tem yoga", resume Alexandre dos Santos.
No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Yoga observa que muitos adeptos do yoga no Brasil tendem a fugir da meditação. Superar esse obstáculo seria o grande desafio para que o yoga seja compreendido em sua totalidade. "É a chave para abrir todas as portas. Meditar é ausência de assunto, é deixar a mente parada. Como nossa mente é de natureza especulativa, a tendência é buscar informações no ambiente externo e manter essa movimentação constante. Desacostumar a mente a fazer isso é a grande tarefa”, orienta.
Se você nunca praticou yoga, veja abaixo o que acontece em uma prática:
O estúdio Bold & Naked, em Nova Iorque, seria o precursor dessa nova onda nos Estados Unidos. FOTO: Shannon Stapleton
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Famoso por fazer ensaios da nudez feminina, o fotógrafo norueguês Petter Hegre registrou imagens da esposa sem roupa durante uma prática de yoga. O ensaio foi publicado no início deste ano e evidencia os músculos definidos da bela Luba Shumeyko (clique e veja galeria de imagens). No mês passado, notícia do tabloide Daily Mail sobre aulas de naked yoga (ou yoga sem roupa, em tradução livre) em Nova Iorque repercutiu em diversos sites brasileiros. ‘Quais seriam os benefícios?’ é a pergunta que fica no ar. Os mais desconfiados apostam em mero modismo. -
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Fotógrafo faz ensaio da esposa em prática de yoga sem roupa -
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Aula Naked Yoga -
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O estúdio 'Bold & Naked', em Nova Iorque, seria o precursor dessa nova onda nos Estados Unidos. Liderado pelo casal Joschi Schwarz e Monika Wener, a aula individual de naked yoga, com duração de 75 minutos, custa $ 165 (cerca de R$ 366), como informado pelo site. O preço das aulas coletivas não está disponível, mas a dupla oferece horários diversos tantos nos dias de semana quanto aos sábados. Em uma pesquisa simples na internet é fácil encontrar outras escolas no país que oferecem a modalidade. O canal ‘Naked Yoga School’, no Vimeo, vende aulas para aqueles que querem adotar a modalidade em casa. Até as mulheres grávidas estão incluídas no projeto: uma instrutora – também gestante – oferece aulas específicas que prometem ajudar, inclusive, na amamentação.
Instrutor formado pelo The International Sivanada Yoga Vedanta Centres, estudioso do yoga há mais de 12 anos e produtor cultural, Jhonathan Nicoletti lembra que o yoga é uma linguagem codificada há mais de 5 mil anos. “Tudo o que se discute hoje e todas essas linhagens de yoga que existem atualmente foram nesta fonte, pegaram algumas partes e formataram em um método que, em alguns casos, passou a ser vendido como franquia”, explica. O interesse do Ocidente nessa prática milenar se pauta, fundamentalmente, em dois aspectos principais: de um lado, os benefícios estéticos inegáveis para o corpo; de outro, o interesse cada vez mais crescente pela meditação que tem sido validada pela ciência. Pesquisadores têm se debruçado sobre o tema na tentativa de comprovar os resultados sentidos e relatados pelos praticantes. O Saúde Plena já noticiou algumas dessas pesquisas que podem ser relidas abaixo:
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"O grande desafio do latino, e do Ocidente em geral, é aprender a se tocar e a tocar o outro sem conotação sexual. No yoga, o corpo é visto como uma forma de transcedência, independentemente de ser de homem ou de mulher" - Jhonathan Nicoletti, instrutor de yoga | FOTO: Daniel Bianchini
Jhonathan não acha impossível que o naked yoga chegue ao Brasil, mas o instrutor vê com receio - além da mercantilização do yoga, que para ele, é da ordem do conhecimento público -, é a forma como a modalidade seria veiculada por aqui. “Vivemos num país extremamente machista, muito ligado às questões sexuais. Se as pessoas entenderem que o yoga é uma forma de se desconectar dessas questões, de cuidar do próprio corpo e da saúde, a prática poderia ser encarada com mais naturalidade”, observa.
Presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Yoga, Alexandre dos Santos concorda que a nudez é encarada de forma bem diferente pelo ocidental e é algo que precisa ser trabalhado. Ele encara a temática de forma mais objetiva e, do ponto de vista dos benefícios físicos, não vê diferença entre a prática com ou sem roupa. “Não vai ter ganho maior de massa muscular, não vai facilitar o acesso aos chacras. Desde que a roupa seja confortável, o praticante pode usufruir de todos os aspectos positivos do yoga”, resume. Para ele, certas posturas de cruzamento de pernas podem ser mais bem executadas - no caso masculino por causa dos testículos - com a ajuda da contenção da cueca. Alexandre dos Santos encara o naked yoga como modismo. “Tudo que é novidade gera interesse, mas vão permanecer apenas os que se identificam”, aposta.
A instrutora de yoga Luba Shumeyko foi clicada pelo marido durante os asanas (que são as posições do yoga)
Ainda no site, os coordenadores salientam: "Enquanto muitos equiparam a nudez com o sexo, isso não poderia estar mais longe da verdade em uma aula de yoga sem roupa. É sobre ser confortável em sua própria pele e da confiança incrível que vem com isso”.
O autoconhecimento é um dos principais objetivos do yoga. "Todas as técnicas do yoga levam o praticante para a meditação. A finalidade do yoga é capacitar as pessoas para a meditação. O restante está no meio do caminho, são etapas. É a meditação que proporciona o desbloqueio de ordens sexuais, que ajuda o praticante a descobrir quem ele é, qual a sua missão, para onde quer ir. Sem meditação não tem yoga", resume Alexandre dos Santos.
No entanto, o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Yoga observa que muitos adeptos do yoga no Brasil tendem a fugir da meditação. Superar esse obstáculo seria o grande desafio para que o yoga seja compreendido em sua totalidade. "É a chave para abrir todas as portas. Meditar é ausência de assunto, é deixar a mente parada. Como nossa mente é de natureza especulativa, a tendência é buscar informações no ambiente externo e manter essa movimentação constante. Desacostumar a mente a fazer isso é a grande tarefa”, orienta.
Se você nunca praticou yoga, veja abaixo o que acontece em uma prática:
Compilados pelo Maharishi Patanjali Sage no Yoga Sutras, os oito passos são uma série progressiva de etapas ou disciplinas que purificam o corpo e a mente, levando o yogui (aquele que pratica yoga) para a iluminação. FONTE: www.sivananda.org.br
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- 25/04/2014
- Fotógrafo faz ensaio da esposa em prática de yoga sem roupa
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