Implante cerebral para restaurar memória é desenvolvido nos EUA
É fácil prever que a manipulação das lembranças de uma pessoa abrirá um campo de batalha ético
Correio Braziliense
Publicação:02/05/2014 09:10Atualização: 02/05/2014 09:21
O projeto faz parte de um investimento de US$ 100 milhões concedido pelo presidente Barack Obama, que visa a fomentar pesquisas de aprofundamento na compreensão do cérebro humano. A ciência nunca tentou tal façanha antes, e o tema levanta inúmeros questionamentos éticos, como se a mente humana pode ser manipulada com o intuito de controlar feridas de guerra ou o envelhecimento do cérebro. Assim como quem sofre de demência, as pesquisas poderão ajudar os cerca de 300 mil soldados norte-americanos que sofreram lesões cerebrais graves no Iraque e no Afeganistão.
“Se você ficou ferido no cumprimento de seu dever e não consegue se lembrar da sua família, queremos ser capazes de recuperar esse tipo de função”, defendeu o gerente do programa do Darpa, Justin Sánchez, durante conferência realizada em Washington e organizada pelo Centro de Saúde Cerebral da Universidade do Texas. “Pensamos que podemos desenvolver dispositivos que possam interagir diretamente com o hipocampo para restaurar a memória declarativa”, disse. Essa é uma forma de memória de longo prazo que armazena a identificação de pessoas, acontecimentos, feitos e números.
É fácil prever que a manipulação das lembranças de uma pessoa abrirá um campo de batalha ético. Foi o que disse Arthur Caplan, médico especializado em ética do centro médico da Universidade Langone, em Nova York. “Quando você mexe com o cérebro, mexe com sua própria identidade”, disse Caplan, que presta consultoria à Darpa em assuntos de biologia sintética. “O custo de alterar a mente é que se corre o risco de perder sua identidade, e esse é um tipo de risco que nunca enfrentamos antes.”
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Sonho de muitos mortais, apagar ou recuperar uma lembrança pode se tornar realidade graças a um grupo de pesquisadores militares que desenvolvem um implante cerebral capaz de restaurar recordações de soldados e pacientes com problemas neurológicos. A Agência de Investigação de Projetos Avançados de Defesa (Darpa) dos Estados Unidos trabalha em um projeto de quatro anos para construir um sofisticado estimulador de memória. Caso tenha sucesso, a pesquisa poderá beneficiar, por exemplo, milhões de pessoas acometidas com o mal de Alzheimer.- Videogame pode recuperar a memória em idosos
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O projeto faz parte de um investimento de US$ 100 milhões concedido pelo presidente Barack Obama, que visa a fomentar pesquisas de aprofundamento na compreensão do cérebro humano. A ciência nunca tentou tal façanha antes, e o tema levanta inúmeros questionamentos éticos, como se a mente humana pode ser manipulada com o intuito de controlar feridas de guerra ou o envelhecimento do cérebro. Assim como quem sofre de demência, as pesquisas poderão ajudar os cerca de 300 mil soldados norte-americanos que sofreram lesões cerebrais graves no Iraque e no Afeganistão.
“Se você ficou ferido no cumprimento de seu dever e não consegue se lembrar da sua família, queremos ser capazes de recuperar esse tipo de função”, defendeu o gerente do programa do Darpa, Justin Sánchez, durante conferência realizada em Washington e organizada pelo Centro de Saúde Cerebral da Universidade do Texas. “Pensamos que podemos desenvolver dispositivos que possam interagir diretamente com o hipocampo para restaurar a memória declarativa”, disse. Essa é uma forma de memória de longo prazo que armazena a identificação de pessoas, acontecimentos, feitos e números.
Pesquisa poderá beneficiar, por exemplo, milhões de pessoas acometidas com o mal de Alzheimer
"O custo de alterar a mente é que se corre o risco de perder sua identidade, e esse é um tipo de risco que nunca enfrentamos antes” - Arthur Caplan, médico da Universidade Langone, em Nova York