Queridinho de celebridades, nutrólogo fala sobre a energia dos alimentos
João Curvo fala sobre a importância de conhecer o próprio organismo para ter qualidade de vida
Paula Takahashi
Publicação:02/06/2014 15:00Atualização: 03/06/2014 10:38
Qual é a importância de perceber os alimentos além de suas calorias?
Se comemos percebendo melhor os sabores, isso irá interferir na nossa dinâmica. Por exemplo, ao se comer um prato indiano, é possível sentir logo o calor que ele provoca. Quando a pessoa fica atenta a essas sutilezas, irá conhecer os alimentos que são capazes de acalmá-la, ativá-la e até de mexer com sua energia.
O senhor fala muito sobre a questão energética da comida. Do que se trata?
Não trabalho apenas a questão bioquímica como colesterol, peso e gordura. Também faço um paralelo entre a alimentação e o perfil energético de cada um. Esse enfoque energético vem da medicina chinesa, que diz que existe um perfil básico que vem da raiz do yin e do yang. Todos nós temos um lado yin e um lado yang, porém, nem sempre temos o equilíbrio entre essas polaridades. A pessoa que é mais yang, é do fogo, e a yin é da água. Para cada uma delas, é indicada uma alimentação específica voltada para o equilíbrio dessas energias.
Qual a orientação para quem se enquadra no yang?
Como são de fogo, essas pessoas, segundo a medicina energética, têm sintomas ligados ao calor. Por isso, geralmente têm as mãos e pés mais quentes, apresentam uma vermelhidão na face e têm tendência a serem mais explosivas nas emoções, que estão sempre à flor da pele. Não pensando apenas em calorias, indicamos refeições para essas pessoas que equilibrem esse lado yang. Buscamos a predominância de alimentos mais crus, saladas com sabor mais amargo, ricas em rúcula, acelga, agrião e radicci, por exemplo. Carnes mais brancas também são aconselhadas. Do lado dos doces, preparos com frutas como manga, morango, cenoura ralada e beterraba. O frescor é imediato e os reflexos tendem a ser sentidos, mesmo que de forma sutil. É importante ter isso em conta, porque no auge da agitação, não se pode dar temperos como curry, muito presente na culinária indiana, que pode potencializar ainda mais o sentimento.
E no caso daqueles que são yin?
O tratamento é o oposto. Essas pessoas têm mãos e pés mais frios, uma certa lentidão, até diminuição da libido e tendência a sofrer muito antes de reclamar. Os alimentos mais fortes podem ser grandes aliados, como alho, cebola, pimenta, curry, raiz forte, alho-poró e outros temperos mais quentes. Carne bovina, frutos do mar, peixes cozidos em temperos fortes estão entre as indicações de proteína animal. Entre as frutas, mamão, pêssego, figo, maçã e damasco são boas alternativas. Chás que ativam, como o verde, de gengibre e até de canela também são boas opções.
É muito clara essa relação da comida com o temperamento?
Sim. Os alimentos e até os temperos de alguma forma podem ajudar a modular os temperamentos. A pera, por exemplo, pode ser uma grande arma para quem busca se acalmar. Também é muito indicada para mulheres que sofrem de TPM ou estão na fase de climatério, já que tem a capacidade de amenizar os calores comuns nessa fase. Além de ser refrescante, tem magnésio, que auxilia no relaxamento muscular. Ainda é diurética, o que já ajuda no combate aos efeitos da TPM e da menopausa. O hortelã também nos acalma e traz frescor, assim como frutas como o abacaxi, melancia, melão e banana. Salada de frutas e hortelã ou suco de fruta batido com hortelã são nutritivos, refrescantes e ajudam a drenar o estresse de quando estamos afobados ou com a sensação "de coração na mão".
Como o senhor percebe quem pertence ao yin e ao yang dentro do consultório?
Quando a pessoa entra, já começo a fazer leituras corporais. Como ela conversa, responde às perguntas e até por meio da pulsação é possível fazer essa análise. A partir daí, vou me aprofundando em sua vida. Separo uma hora de consulta para detalhar seu comportamento, onde e com quem mora, o que tem na geladeira, hábitos, entre outras questões. Isso não é possível em uma consulta de 15 minutos.
O senhor também fala sobre a necessidade de autoconhecimento. Como isso deve ser feito?
As pessoas já não sabem o que faz mal ou bem para elas. Não percebem se é uma farofa ou uma linguiça a causa do mal-estar. Logo, ingerem um antiácido e resolvem o problema. Quem se propõe a seguir hábitos de vida saudáveis e se organiza para isso, começa a ter um conhecimento mais aprofundado do próprio corpo. Quando se aguça essa percepção, tem -se conhecimento do que o corpo está pedindo em momentos de desequilíbrio que não sejam apenas os açúcares e café, para onde as pessoas recorrem com mais frequência. Mas o que não se percebe é que se a situação é de agitação, esses itens podem piorar o quadro. Como as pessoas vivem um estado de desorganização, não conseguem escutar o corpo.
E qual a importância de se respeitar a alimentação e os reflexos que isso pode ter na rotina?
Quem come fazendo outras atividades, como ler e-mails ou assistir à televisão, não respeita esse momento. Um primeiro reflexo é que o estômago demora mais tempo para avisar o cérebro que está saciado. Dessa forma, as pessoas comem mais. Sem contar que aumenta a tendência de acúmulo de gases e a barriga acaba ficando estufada por conta da mastigação rápida. Essa falta de horário e de rotina facilita a obesidade. Muitas culturas encaram a refeição como um ritual e têm o momento da cesta. O ideal é comer a cada três horas. Quando o tempo entre as refeições é muito grande, há uma queda de açúcar no sangue. Sempre falo que antes de nos fazer desmaiar, essa queda nos dá uma fome doida e também é um caminho para o ganho de peso.
Saiba mais...
Queridinho de celebridades como as atrizes globais Cléo Pires e Cláudia Ohana, o médico clínico e nutrólogo João Curvo vem a Belo Horizonte esta semana para orientar as mineiras sobre a relação com os alimentos, sobre autoconhecimento e equilíbrio, além de indicar a dieta mais adequada para a perda de peso e a adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Autor de cinco livros relacionados à nutrição, entre eles A dieta do yin e do yang – para gordos, magros e instáveis, A arte de se cuidar e A alquimia dos sabores, Curvo também é pós-graduado em medicina chinesa e utiliza os conhecimentos orientais para seguir com sua linha de atuação. “O equilíbrio é algo milenar que está vindo à tona agora, mas é a base da medicina chinesa, que deu origem a um povo longevo e ativo”, afirma o especialista. Em entrevista, Curvo adianta que os alimentos devem ser vistos além da contagem das calorias e merecem ser mais respeitados com o estabelecimento de uma rotina clara de refeições.João Curvo - médico clínico e nutrólogo, autor de livros sobre nutrição
Se comemos percebendo melhor os sabores, isso irá interferir na nossa dinâmica. Por exemplo, ao se comer um prato indiano, é possível sentir logo o calor que ele provoca. Quando a pessoa fica atenta a essas sutilezas, irá conhecer os alimentos que são capazes de acalmá-la, ativá-la e até de mexer com sua energia.
O senhor fala muito sobre a questão energética da comida. Do que se trata?
Não trabalho apenas a questão bioquímica como colesterol, peso e gordura. Também faço um paralelo entre a alimentação e o perfil energético de cada um. Esse enfoque energético vem da medicina chinesa, que diz que existe um perfil básico que vem da raiz do yin e do yang. Todos nós temos um lado yin e um lado yang, porém, nem sempre temos o equilíbrio entre essas polaridades. A pessoa que é mais yang, é do fogo, e a yin é da água. Para cada uma delas, é indicada uma alimentação específica voltada para o equilíbrio dessas energias.
Qual a orientação para quem se enquadra no yang?
Como são de fogo, essas pessoas, segundo a medicina energética, têm sintomas ligados ao calor. Por isso, geralmente têm as mãos e pés mais quentes, apresentam uma vermelhidão na face e têm tendência a serem mais explosivas nas emoções, que estão sempre à flor da pele. Não pensando apenas em calorias, indicamos refeições para essas pessoas que equilibrem esse lado yang. Buscamos a predominância de alimentos mais crus, saladas com sabor mais amargo, ricas em rúcula, acelga, agrião e radicci, por exemplo. Carnes mais brancas também são aconselhadas. Do lado dos doces, preparos com frutas como manga, morango, cenoura ralada e beterraba. O frescor é imediato e os reflexos tendem a ser sentidos, mesmo que de forma sutil. É importante ter isso em conta, porque no auge da agitação, não se pode dar temperos como curry, muito presente na culinária indiana, que pode potencializar ainda mais o sentimento.
E no caso daqueles que são yin?
O tratamento é o oposto. Essas pessoas têm mãos e pés mais frios, uma certa lentidão, até diminuição da libido e tendência a sofrer muito antes de reclamar. Os alimentos mais fortes podem ser grandes aliados, como alho, cebola, pimenta, curry, raiz forte, alho-poró e outros temperos mais quentes. Carne bovina, frutos do mar, peixes cozidos em temperos fortes estão entre as indicações de proteína animal. Entre as frutas, mamão, pêssego, figo, maçã e damasco são boas alternativas. Chás que ativam, como o verde, de gengibre e até de canela também são boas opções.
É muito clara essa relação da comida com o temperamento?
Sim. Os alimentos e até os temperos de alguma forma podem ajudar a modular os temperamentos. A pera, por exemplo, pode ser uma grande arma para quem busca se acalmar. Também é muito indicada para mulheres que sofrem de TPM ou estão na fase de climatério, já que tem a capacidade de amenizar os calores comuns nessa fase. Além de ser refrescante, tem magnésio, que auxilia no relaxamento muscular. Ainda é diurética, o que já ajuda no combate aos efeitos da TPM e da menopausa. O hortelã também nos acalma e traz frescor, assim como frutas como o abacaxi, melancia, melão e banana. Salada de frutas e hortelã ou suco de fruta batido com hortelã são nutritivos, refrescantes e ajudam a drenar o estresse de quando estamos afobados ou com a sensação "de coração na mão".
Como o senhor percebe quem pertence ao yin e ao yang dentro do consultório?
Quando a pessoa entra, já começo a fazer leituras corporais. Como ela conversa, responde às perguntas e até por meio da pulsação é possível fazer essa análise. A partir daí, vou me aprofundando em sua vida. Separo uma hora de consulta para detalhar seu comportamento, onde e com quem mora, o que tem na geladeira, hábitos, entre outras questões. Isso não é possível em uma consulta de 15 minutos.
O senhor também fala sobre a necessidade de autoconhecimento. Como isso deve ser feito?
As pessoas já não sabem o que faz mal ou bem para elas. Não percebem se é uma farofa ou uma linguiça a causa do mal-estar. Logo, ingerem um antiácido e resolvem o problema. Quem se propõe a seguir hábitos de vida saudáveis e se organiza para isso, começa a ter um conhecimento mais aprofundado do próprio corpo. Quando se aguça essa percepção, tem -se conhecimento do que o corpo está pedindo em momentos de desequilíbrio que não sejam apenas os açúcares e café, para onde as pessoas recorrem com mais frequência. Mas o que não se percebe é que se a situação é de agitação, esses itens podem piorar o quadro. Como as pessoas vivem um estado de desorganização, não conseguem escutar o corpo.
E qual a importância de se respeitar a alimentação e os reflexos que isso pode ter na rotina?
Quem come fazendo outras atividades, como ler e-mails ou assistir à televisão, não respeita esse momento. Um primeiro reflexo é que o estômago demora mais tempo para avisar o cérebro que está saciado. Dessa forma, as pessoas comem mais. Sem contar que aumenta a tendência de acúmulo de gases e a barriga acaba ficando estufada por conta da mastigação rápida. Essa falta de horário e de rotina facilita a obesidade. Muitas culturas encaram a refeição como um ritual e têm o momento da cesta. O ideal é comer a cada três horas. Quando o tempo entre as refeições é muito grande, há uma queda de açúcar no sangue. Sempre falo que antes de nos fazer desmaiar, essa queda nos dá uma fome doida e também é um caminho para o ganho de peso.
Mais informações e agendamento para as próximas vindas de João Curvo a BH: Raquel - (31) 9155-5425