Celular no bolso prejudica fertilidade masculina

Estudos anteriores já haviam sugerido que a frequência de radiação eletromagnética emitida pelos dispositivos poderia afetar a fertilidade masculina, mas nenhum deles tinha conseguido provar essa relação

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Correio Braziliense Publicação:10/06/2014 11:05Atualização:10/06/2014 11:21
Pesquisa partiu de um dado curioso - 14% dos homens do mundo com condições financeiras para ter um celular apresentam dificuldade para conceber uma criança ( Lucas Pacífico/CB/D.A Press)
Pesquisa partiu de um dado curioso - 14% dos homens do mundo com condições financeiras para ter um celular apresentam dificuldade para conceber uma criança
Uma equipe de cientistas liderada pela médica Fiona Matheus, chefe da cadeira de biociência da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriu que o homem que mantém o telefone celular no bolso da calça pode estar diminuindo a capacidade de ser pai. Estudos anteriores já haviam sugerido que a frequência de radiação eletromagnética emitida pelos dispositivos poderia afetar a fertilidade masculina, mas nenhum deles tinha conseguido provar essa relação.

Matheus partiu de um dado curioso: 14% dos homens do mundo com condições financeiras consideradas suficientes para ter um celular apresentam dificuldade para conceber uma criança. Esses números a estimularam a rever sistematicamente o resultado de 10 estudos sobre o assunto, incluindo 1.492 amostras de material genético. “O objetivo foi esclarecer o papel potencial da exposição ambiental”, esclarece a médica.

Os participantes desses estudos haviam sido atendidos em clínicas de fertilidade e em centros de pesquisa e qualidade do esperma, onde tiveram a qualidade do material genético mensurada de três maneiras: motilidade (a capacidade do esperma de se mover corretamente no sentido de um ovo), viabilidade (a proporção de espermatozoides vivos) e concentração (o número de espermatozoides por unidade de sêmen).

Nesse grupo, de 50% a 85% dos gametas masculinos analisados mostravam o movimento normalizado. A partir da exposição aos telefones móveis, a proporção caiu: de 50% a 58% dos espermatozoides permaneceram saudáveis. Houve comprometimento também na quantidade de células reprodutivas vivas. “Em relação à viabilidade, observamos que diminuiu, assim como a motilidade”, explica Mathews. Os efeitos sobre a concentração de espermatozoides por unidade de sêmen foram inconclusivos.

“Esse estudo sugere fortemente que a exposição à radiação eletromagnética de radiofrequência, consequência de levar os celulares nos bolsos, afeta diretamente a qualidade do esperma”, garante a pesquisadora. Segundo ela, os resultados podem ser particularmente importantes para os homens que estejam próximo de se tornarem inférteis.

“A exposição à radiação eletromagnética de radiofrequência, consequência de levar os celulares nos bolsos, afeta diretamente a qualidade do esperma”
Fiona Matheus, pesquisadora em biociência

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