Estudo vincula estresse, ataque cardíaco e AVCs

Fadiga crônica leva à superprodução de glóbulos brancos, que defendem o organismo, o que acaba interferindo no fluxo sanguíneo e favorecendo a formação de coágulos

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Estado de Minas Publicação:29/06/2014 11:31Atualização:29/06/2014 13:52
Paris – Cientistas afirmam ter descoberto como o estresse crônico leva a ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs): provocando a superprodução de glóbulos brancos, células de defesa do organismo, que em excesso podem ser prejudiciais. O excedente de células se acumula nas paredes das artérias, reduzindo o fluxo sanguíneo e favorecendo a formação de coágulos que bloqueiam a circulação ou a interrompe, viajando para outra parte do corpo.

Os glóbulos brancos “são importantes para combater e curar infecções, mas se você os têm em excesso ou se estiverem no lugar errado, podem ser nocivos”, afirmou o coautor do estudo, Matthias Nahrendorf, da Escola de Medicina de Harvard, em Boston, nos Estados Unidos. Há muito tempo os médicos sabiam que o estresse crônico leva a doenças cardiovasculares, mas não entendiam o mecanismo. Para descobrir esse vínculo, Nahrendorf e uma equipe de pesquisadores estudaram 29 residentes médicos que trabalham em uma unidade de cuidados intensivos.

Seu ambiente de trabalho é considerado um modelo para a exposição ao estresse crônico, em vista do ritmo acelerado e da grande responsabilidade de tomar decisões de vida e morte. Ao comparar amostras sanguíneas retiradas durante as horas de trabalho e de folga, assim como os resultados de percepção de estresse de questionários, os cientistas encontraram um vínculo entre o estresse e o sistema imunológico.

Eles notaram, particularmente, que o estresse ativa células-tronco da medula espinhal, que por sua vez levam à superprodução de glóbulos brancos, também chamados de leucócitos. Os glóbulos brancos, cruciais na cicatrização de ferimentos e no combate a infecções, podem se voltar contra o próprio organismo, com consequências devastadoras para pessoas com doenças como aterosclerose, ou seja, o espessamento das paredes das artérias provocado pelo acúmulo de placas.

Em seguida, o estudo foi feito com cobaias em laboratório, que foram expostas ao equivalente do estresse para roedores, como a superlotação ou a movimentação da gaiola. A equipe selecionou os camundongos com propensão a aterosclerose. Eles descobriram que o excesso de glóbulos brancos produzidos em função do estresse se concentrou na parte interna das artérias e impulsionou o acúmulo de placas.

“Aqui, elas (as células) liberam enzimas que amolecem o tecido conectivo e levam ao rompimento da placa. Essa é a causa frequente do infarto do miocárdio e do derrame”, acrescentou Nahrendorf. O pesquisador disse ainda que os leucócitos são apenas parte do problema. Outros fatores, como colesterol e pressão elevados, tabagismo e propensão genética também contribuem para um risco maior de ataque cardíaco e AVC. “O estresse deve levar esses fatores à beira do abismo”, disse o cientista à Agência France Presse.

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